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segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Adam Clayton: "Gravar o 'The Joshua Tree' foi muito divertido. Depois tudo explodiu. Aquela turnê foi uma merda. 'Rattle And Hum' foi uma merda. Fazer o 'Achtung Baby' foi uma merda. Foi somente na Zoo TV que as coisas se acertaram de novo"


'U2 At The End Of The World', por Bill Flanagan:

Apesar de toda confusão sobre o que eles estavam tentando extrair com o 'Achtung Baby', em retrospecto, o álbum provavelmente salvou a carreira do U2. Embora ninguém tenha previsto isso naquela época, todos os contemporâneos do U2 da década de 80 que recentemente lançaram álbuns mantendo seus estilos usuais – Springsteen, Dire Straits, INXS, Gabriel, Petty – sofreram grandes quedas nas vendas.
Verificou-se que estava havendo uma mudança cultural na música pop que poderia ter afundado um Joshua Tree 2, do mesmo modo como atingiu esses outros artistas. Toda uma safra nova de bandas que iam de Pearl Jam à Smashing Pumpkins tinha dominado as rádios, a MTV e as vendas de discos. Ao adiantar apenas um minuto à frente dessa nova cultura, o U2 se estabeleceu como o primeiro desses
novos grupos, e não como o último dos antigos.
"Tivemos a sorte de ter sido uma banda jovem", Adam me lembra. "Eu sou o mais velho e tenho trinta e dois anos. Muitos de nossos contemporâneos ainda estavam lutando nessa idade. Quando chegam a seus quarenta anos talvez seja um pouco tarde demais para que eles possam voltar a estaca zero". Os erros que cometemos no começo – não entender o que era ser legal, não entender a atitude, roupas e cortes de cabelos – eram porque tínhamos dezessete e dezoito anos e os nossos ídolos, como o The Clash, The Jam e The Police, que tinham toda essa merda, estavam gravando os seus primeiros álbuns aos vinte e sete ou vinte e oito anos. Estávamos gravando o nosso primeiro disco quando tínhamos vinte anos! Então, sim, eles tinham sua imagem de grupo. Levamos quinze anos para conseguir montar
a nossa imagem de grupo, ou de fato, para perceber que a imagem é importante". Adam sorri. "E não importante".
Adam diz que se lembra do "buraco negro" em que o U2 entrou depois do The Joshua Tree. "Gravar o The Joshua Tree foi descontraído, muito divertido", diz Adam. "Depois tudo explodiu. Aquela turnê foi uma merda. Rattle And Hum foi uma merda. Fazer o Achtung Baby foi uma merda". Adam, obviamente, está falando sobre a atmosfera do trabalho e não sobre o trabalho propriamente dito.
Flood se solidariza: "Eu me lembro de uma reunião feita para agendar uma reunião para decidir sobre tomar uma decisão".
"Foi somente na Zoo TV que as coisas se acertaram de novo", Adam diz com tristeza. "E agora aqui estamos, de volta ao estúdio, fazendo tudo novamente por nós mesmos".
"Mas vocês cumpriram o que propuseram fazer", diz Flood. "Quando uma banda está se reinventando, como o U2 está, deve haver muita teorização. Daqui para frente vocês terão que carregar esse fardo extra".
Não é difícil entender a frustração de Adam com o método socrático para a gravação de um álbum.
Quando há um desentendimento sobre qual caminho seguir com uma música, o argumento que mais tem probabilidade de ganhar é o feito por aquele que marca mais pontos no debate sobre qual música soa melhor. É lógico que se todos concordam que uma determinada música soa melhor, não haverá debate.
Adam diz que fazer os três primeiros álbuns do U2 foi divertido. Eles foram feitos em semanas. "October foi nosso suor e sangue, esperando pelas letras. Para o War nós tínhamos todas as músicas e foi fácil. Unforgettable Fire foi difícil. Os mesmos buracos negros, esperando pelas letras. Nós tínhamos seis músicas, então Brian surgiu com "Elvis Presley and America" e "4th of July" e nos deu algo para amarrar o álbum". Ele senta tristonho, melancólico, refletindo sobre o peso da bagagem que foi atrelada a uma
banda que costumava apenas entrar em uma sala e tocar.

Tradução feita pela equipe do U2 Ultraviolet Fan Club Brazil
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