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domingo, 19 de julho de 2020

Guitarrista Rafael Bittencourt do Angra diz que U2 é uma das bandas que ele gosta


Uma versão de "Make Believe" gravada pelo Angra foi apresentada como homenagem a André Matos, ex-vocalista do grupo, que morreu há um ano.
"Fizemos uma releitura acústica de "Make Believe", com a formação que as pessoas consideram a clássica da banda", contou o guitarrista Rafael Bittencourt. "É a versão de uma música que gravamos em 1994, que depois revimos em 1996. Então são quase 25 anos".
O vídeo se encontra no canal oficial da banda no YouTube. Por conta do distanciamento social, cada integrante da banda gravou sua participação em um local diferente. "Foi remota. Cada um na sua casa, à sua maneira. Alguns têm equipamento profissional, outros gravaram pelo celular; alguns com celular que tem câmera que filma em 4k, outros com um celular 'ultrapassado' mesmo. Até havia intenção de trocar o celular, mas, com a pandemia, as lojas estavam fechadas. É como se o mundo tivesse sido congelado. Completamos mais de 100 dias, no Brasil. Parece que o mundo parou", diz Rafael.
Bittencourt avalia o papel dos músicos na atual crise decorrente da pandemia. "O artista, agora, passa a ter um novo papel na sociedade. Assim como, na linha de frente, os médicos acolheram quem estava doente, os músicos acolheram quem estava em casa, entediado, confuso, aflito, sem direção. Foram os artistas que lhes deram um sentido, por meio de livros, séries, músicas, filmes. Foi a arte que acolheu as pessoas, neste momento".
Rafael também conta o que pensa sobre as lives. "Os artistas conseguiram se despir da superprodução e mostrar uma coisa mais verdadeira, mostrar aquilo que são no dia a dia. Foi o que fizemos: cada um com seus recursos, nos sincronizamos e fizemos esses vídeos com a maior sinceridade e amor. Tenho acompanhado artistas que eu gosto, tipo Peter Gabriel, U2, Elton John, Paul McCartney, e vejo que as produções que eles têm feito, neste momento, são muito verdadeiras, muito reais", continua.
E vai adiante: "Vejo a live como uma coisa positiva. O artista abre seu celular e grava algo que o aproxima do público. Só por aí já é algo superpositivo. E agora passou a ser um hábito. Virou uma nova forma de entretenimento. Coloca o artista de volta a um patamar de encantamento, de abertura de novas perspectivas, já que o artista é a pessoa que consegue dar voz ao que as pessoas sentem. Então as lives levam o artista de volta ao protagonismo social".
Também dá sua visão sobre o futuro do formato. "A sociedade já está reabilitada ao sistema de delivery e as lives devem se estender. O velho mundo que a gente conhecia não volta de repente. Então os shows devem ser adaptados para que aconteçam ao ar livre, seja em parques ou mesmo em festivais. As casas fechadas devem ser as últimas a abrir, ou abrirão com inúmeras restrições", diz.
"Acho que um formato possível será o cara assistir as duas ou três primeiras músicas de uma live e, se quiser ver o resto da apresentação, pagar por isso", conclui.
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