O ex empresário do U2, Paul McGuinness, bateu um papo em 2017 com o ex-empresário do Dire Straits, Ed Bicknell, sobre os meandros do negócio da música na International Live Music Conference (ILMC) em Londres.
Paul McGuinness falou sobre liderar a luta contra o YouTube e as empresas de tecnologia em nome dos detentores de direitos autorais, os erros da indústria da música, Brexit e a perda das isenções fiscais, a nova ordem mundial, integrantes do U2 em carreiras solo e Bono ativista:
"Às vezes era difícil para mim, porque o que eu realmente estava dizendo era que a Internet, como o novo meio de entrega de música, não está compartilhando sua renda com artistas, compositores, gravadoras e editoras. Por isso, foi fácil para algumas pessoas me colocarem em destaque e dizer: "Ele só quer mais dinheiro para o U2. Eles têm o suficiente". Mas, na verdade, meu argumento foi um só. Todos os artistas estavam sendo prejudicados. E é difícil conseguir artistas em parceria para fazer campanha por mais dinheiro para os artistas. É muito difícil conseguir uma banda para ir a uma reunião com os outros membros de banda.
O argumento já avançou. Não é mais download ilegal. É sobre transparência. Hoje, os artistas têm acordos com suas marcas, onde, de uma maneira ou de outra, espero que lhes seja prometida uma parte do novo tipo de receita do Spotify, Apple e outros serviços de streaming. Mas a maioria dos artistas, acho justo dizer, não acho que eles estejam recebendo uma parte justa do bolo.
Entramos no boom dos CDs dos anos 90 e foi maravilhoso. No entanto, acomodados por esse sucesso, a indústria da música entrou nesse período de completo declínio por preguiça. Então, quando o Napster chegou, eles estavam completamente despreparados e reagiram tentando perseguir as pessoas erradas.
Os direitos autorais não dependem da UE, e as indústrias de direitos autorais, como cinema, televisão e música, são enormes na Grã-Bretanha. Não acho que o Brexit seja o fim do sucesso da indústria musical britânica. Mas seria útil se, por exemplo, a Grã-Bretanha tratasse sua indústria da música com um pouco mais de respeito e amor. No cinema, televisão e pós-produção na Grã-Bretanha, existem extensos créditos tributários oferecidos pelo Estado. Por que esses créditos fiscais não são oferecidos ao negócio da música?
O que me surpreende até hoje é o quão completamente egoísta, ganancioso, negligente e opressivo é o ambiente do Google / YouTube / ... Essas grandes empresas que foram construídas com base em conteúdo gratuito ainda estão relutantes ou eles se recusam a assumir as responsabilidades apropriadas. Agora está muito claro que o download é bastante irrelevante. Streaming é o futuro. O Spotify será o maior distribuidor.
Ninguém realmente se importa com a propriedade. É tudo sobre acesso e o acesso será onipresente para cinema, televisão e música. O YouTube historicamente tem sido extraordinariamente ganancioso. Espero que haja mudanças. Eles contrataram Lyor Cohen para construir pontes com a indústria da música e eu realmente gostaria de ver algumas mudanças lá, porque elas realmente precisam ser enfrentadas. O único investimento em música vem das gravadoras.
O ciclo a que estávamos acostumados a partir do álbum e da turnê não é mais relevante. Os artistas devem participar de uma forma muito mais contínua. É por isso que a indústria ao vivo está prosperando. Se eu estivesse no negócio agora, estaria muito interessado no que está acontecendo, porque ele pode ser lançado mundialmente simultaneamente de uma maneira muito mais significativa no Spotify e na Apple agora do que era possível anos atrás.
O paradigma geral é que o YouTube está distribuindo músicas e pagando empresas e editores legalmente, mas eles estão pagando a eles uma quantia tão pequena e minúscula com ofertas que estão desatualizadas há muito tempo. O YouTube está segurando o dinheiro e você pode invocar a legislação de porto seguro que protege os distribuidores da Internet dos direitos autorais. É o caso da América e da Europa. Mas na Europa há uma mudança e, pela primeira vez, a Comissão Europeia começa a combater os direitos autorais.
Bono é um indivíduo extraordinariamente carismático. Ele também é um cristão muito comprometido. Faz com o coração. E eu diria que se a luz brilhar sobre você, você poderá transformá-la em outros assuntos. Estou ciente de que você irrita as pessoas ao usar seu status de celebridade para promover as causas da desigualdade e da injustiça. Eu acho que o que incomoda as pessoas é que ele faz isso ao mesmo tempo - e ele mesmo diz isso - como uma estrela do rock podre, suja, mimada e rica. Isso incomoda as pessoas e continua porque ele não pára. Mas suas realizações políticas e suas realizações como ativista são muito consideráveis.
Eu não sei se eles (U2) poderiam (fazer discos solos). Eu acho que é mais difícil para eles fazer um álbum do U2 do que fazer mais discos sem os outros três músicos - eles se conhecem detalhadamente - a ideia não seria atraente para eles. Eles podem fazer quase tudo o que quiserem dentro do U2".
"Digamos que, lá da parte de trás, estou à espreita, mas não tenho responsabilidades", disse McGuinness sobre o seus ex-clientes.
0 Comentários
