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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Dallas Schoo conta sobre a sua história, o seu trabalho, a relação com o Brasil e os próximos passos do U2


O site U2BR realizou uma entrevista com Dallas Schoo, o técnico de guitarra de Edge que está com o U2 há mais de 30 anos.
Ele conta sobre a sua história, o seu trabalho, a relação com o Brasil e os próximos passos do U2!

Como surgiu seu interesse por guitarras? Como foi o início de carreira como técnico de guitarras?

Eu fiquei interessado em bandas "ao vivo" tocando em minha cidade Louisville, Kentucky. Eu andava de bicicleta por aí quando eu tinha 12 ou 13 anos quando ouvia uma banda local tocando em uma garagem e ficava ouvindo por horas. Então, mais velho, eu vi o filme 'Woodstock' e fiquei totalmente impressionado com a maneira pela qual o evento foi construído a partir do chão e toda a estrutura acima. Fiquei cativado pelos hippies como carpinteiros construindo aquele palco e então como uma banda/artista teria uma equipe para montar o equipamento de uma atração para a próxima.
Eu tive uma oportunidade de aprender sobre guitarras quando me mudei para Boulder, Colorado, em 1971 com os grupos Stephen Stills & Manassas e também Firefall. Eu então continuei com bandas maiores depois disso e....o resto é história!

Como surgiu o convite para trabalhar com o U2? Foi uma decisão fácil?

Edge veio em um show do Prince em Dublin quando eu estava cuidando das guitarras do Prince. Nós nos conhecemos e começamos a conversar.
Não foi uma decisão fácil e imediata de me juntar ao U2 porque eu estava trabalhando firmemente com algumas grandes bandas de Los Angeles naquela época. Uma vez que o U2 me levou para Dublin em 1985/86 e eu então conheci toda a banda pessoalmente e Paul McGuinness e toda a equipe, eu soube que isso era para mim. 31 anos depois e eu ainda amo trabalhar com o U2!

Qual foi sua primeira impressão da banda, especialmente de Edge?

Eu nunca tinha ouvido um guitarrista com aquele tipo de estilo....usando ecos como ele faz. Meus outros guitarristas famosos com os quais trabalhei eram mais do tipo de estilo rock/blues… estilo country rock também.
Edge me surpreendeu com seu estilo de assinatura e abordagem à guitarra e seu som! Ele tinha o seu próprio som!

Quais são os desafios de cuidar de mais de 40 guitarras na turnê? Conte-nos sobre o seu trabalho.

Os desafios são que quando nossa enorme carga de equipamentos do U2 entra nesses grandes estádios e arenas, há muitos caminhões...em torno de 35 a até 120 caminhões de equipamentos que precisam ser descarregados e montados. Isto termina normalmente entre 4-5 horas antes da banda chegar e fazer o ensaio. Leva para mim por volta de 20 minutos para cada guitarra para deixá-la pronta se The Edge pede para usá-la no ensaio e elas todas devem estar preparadas. É um desafio diário em cada show retirar todas as cordas e limpar essas tantas guitarras e é frustrante quando o tempo não permite. Eu tenho que comer também e preciso de tempo para isso! Eu também tenho o auxílio do meu amigo de equipe Duncan Stewart que me ajuda quando eu fico realmente atrasado e é quem está lá fora para passar as guitarras de Edge quando o U2 toca no meio da arena… então, isso me ajuda muito nos dias de show.
Durante o show, como as minhas entrevistas, especialmente a minha favorita com a Premier Guitar, mostram, eu estou ocupado sobre o palco fazendo todas as muitas trocas de guitarras com The Edge, além de ajudar embaixo do palco com a entrega de seus sons com seu grande sistema de pedais de efeito.

Há algum incidente que você se recorda até hoje?

Muitos sim...nessa última turnê em alguma cidade onde o sistema de efeitos teve um desafio enorme e eu tinha apenas um som de "Pride (In The Name Of Love)" para então fazer as próximas 17 canções! Edge veio embaixo do palco para ver o quão ruim a situação que nós dois estávamos. Eu fiz uma oração ao Senhor, realmente fiz...e pedi por ajuda para descobrir rápido o que estava acontecendo de errado....e eu encontrei a falha e nós terminamos o show bem, mas isso foi definitivamente um "momento"!

E seu trabalho durante a produção de um álbum, como funciona? Há alguma música que tenha a sua marca ou contribuição marcante?

Eu amo fazer os álbuns do U2, Edge e eu passamos muitas horas juntos antes de entrarmos no estúdio para experimentar suas infinitas ideias sonoras com a guitarra e o piano. Eu cuido de Edge, Bono e Adam no estúdio, Sam cuida de Larry.
A canção "The Miracle (Of Joey Ramone)" foi um exemplo de Edge permitindo-me trazer ideias assim como para aquele som pesado de guitarra ao longo da faixa. Outras seriam as várias camadas de guitarras e notas em "Love Is Bigger"...aquelas sessões foram divertidas. Todas são!

Quais são os pontos positivos e negativos de estar na estrada há tanto tempo?

Positivo é o desafio que cada local do U2 oferece enquanto a turnê rola. Eu adoro os muitos colegas de trabalho em cada arena e estádio que eu só vejo quando eu chego nesses lugares com o enorme equipamento de Edge e o sistema de som sob o palco. Essas pessoas são boas pessoas e ajudantes profissionais e muitas vezes adoram que o U2 esteja tocando de novo em seus locais, há muito amor lá.
Também um grande ponto positivo...ouvir como a banda e especialmente Edge mudam seu desempenho de uma noite para a outra...ele é incrível! Realmente...cantando, correndo por todo o palco, tocando uma guitarra diferente em quase todas as canções! Claro, também ouvir Bono abordar os muitos desafios dos direitos humanos em cada show relativos ao lugar político e social da cidade no mundo... ele é um mestre nisso!
Negativos da estrada seria manter uma alimentação consistente e saudável. Também um ponto negativo é que eu não consigo fazer constantemente meus exercícios de natação, é tão difícil encontrar um centro aquático adequado nestas várias cidades pelo mundo aonde as turnês do U2 vão. Eu sou um nadador competitivo e tento manter minha velocidade nos tempos e isso é feito com muitas horas de prática e com os grupos com os quais eu nado.
Outro desafio em estar em turnê seria as saudades da minha família e perder todos os aniversários e casamentos e funerais, e como passa a vida da minha família e dos meus amigos.. e do meu cachorro Jackson, ele significa o mundo para mim.

Quais lembranças você tem do Brasil? O que você acha dos fãs brasileiros?

Fãs brasileiros do U2... os mais empolgados! Eles se prendem a cada palavra que Bono fala e canta e eu os vejo tanto no palco durante as minhas trocas de guitarra com Edge quanto embaixo do palco. Os fãs brasileiros amam cantar as músicas do U2! Isso faz com que a banda tenha um desempenho ainda maior no show.
A comida no Brasil... gente! Quando eu estou andando por aí, é fantástico! Vocês têm um orgulho tão excepcional em seu país, por seu futebol brasileiro e bons valores. O Brasil deveria ser um exemplo para o mundo eu diria. O U2 ama tocar no Brasil!

O que podemos esperar do U2 no futuro? Talvez uma turnê em celebração aos 30 anos do 'Achtung Baby'? Um novo álbum? Há alguns rumores dizendo que a banda irá em turnê para a Austrália, Nova Zelândia e Ásia este ano. Você pode nos contar algo que não sabemos?

Edge e eu fizemos algumas coisas em Londres e Los Angeles..então...o caldeirão do U2 está fervendo! Ele está escrevendo e passando este 2019 com sua família irlandesa e americana. Sua esposa Morleigh, seus filhos e netos são pessoas muito amáveis.
A banda está realmente descansando este ano, mas... eles nunca descansaram muito tempo nos meus últimos 31 anos com eles... então fiquem ligados!
Sim, alguns fortes rumores de talvez o U2 tocar em alguns desses países que você citou... ma... novamente, apenas rumores até agora. Eu gostaria de receber mais shows do U2 se eles decidirem fazer alguma coisa. Eu estaria disponível com certeza!
Queria agradecer a oportunidade de falar para os meus vários fãs brasileiros. Espero encontrar todos vocês em algum momento... é muito bom ser amado!

Algumas curiosidades sobre Dallas em texto escrito pelo U2BR:

Dallas Schoo Dalton tem dedicado sua vida na estrada há aproximadamente 45 anos. Nascido nos EUA, em Louisville, capital do Kentucky, ele se dividia desde cedo entre duas paixões: música e tênis, trabalhando nas quadras de saibro de sua cidade natal. No entanto, enquanto ele estava estudando, seus pais lhe presentearam com um violão. Embora Dallas não tivesse grandes ambições de estar em uma banda ou se apresentar em um palco, ele se dedicou a ouvir e aprender músicas dos Beatles, Rolling Stones, Yabirds e Kinks.
Dallas deixou sua cidade natal para começar a faculdade em Ohio, mas acabou mudando seu destino para o Colorado. Foi lá que seu interesse e paixão pela música acabou por aflorar principalmente quando ele se juntou ao comitê de estudantes responsável por disseminar a cultura no local. Junto com seu colega de quarto que tinha um pai como CEO da Warner Bros, Dallas reunia artistas e grupos que tinham interesse em participar dos eventos do campus universitário. A partir daí, sua carreira musical começou.
Credenciado como um dos músicos do álbum 'Elan' (1978) da banda Firefall (grupo de rock formado em Boulder, Colorado, em 1974), Schoo é dono de um disco de platina com mais de 1 milhão de cópias vendidas.
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