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sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Desvendando a narrativa do show eXPERIENCE + iNNOCENCE do U2 - 5° Parte


O site U2Start compartilha uma leitura longa da narrativa completa do show eXPERIENCE + iNNOCENCE do U2, resultado de seis meses de trabalho.
O show tinha uma história para contar e foi feito com uma história em mente. A banda queria dizer algo. Mas qual é essa história, o que é essa narrativa que os fãs têm falado o ano todo? Neste artigo, o U2Start desvenda a narrativa, as músicas e as histórias.

Cegueira política - "Staring At The Sun"

A história permanece em relativa calma com "Staring At The Sun", tocada durante a perna norte-americana da turnê. Enquanto a filmagem de Charlottesville é exibida na tela grande, Bono repete seguidamente o refrão "feliz em ficar cego".
"MacPhisto se foi, o seu trabalho de segunda vinda está feito, a besta está solta. Tudo pode acontecer. Mas esse nunca será o fim da história. O U2 sempre manteve uma crença inabalável na ideia da América". (Hot Press)
"Essa música se encaixa nessa nuvem um tanto negra que está no mundo todo. Mais uma vez, nesse contexto, é uma canção pop menos esperançosa e mais um comentário sobre onde estamos. (Quando você mostra a marcha da KKK , realmente reflete sobre este momento no tempo) Sim. Eu meio que acho que é um pouco de 'Senhor Dos Anéis' na Terra Média. As forças das trevas estão se reunindo em torno disso. Olhando para o sol e não querer se envolver e não querer tomar uma posição não parece ser uma boa opção". (Adam, Rolling Stone)

Nuvens negras - "Summer Of Love"

A música mudou para a perna européia da turnê, mas o tema geral permaneceu intacto para este ponto no setlist. Ambas as músicas se encaixam nesse contexto que Adam se referiu como a nuvem negra que se encontra sobre o mundo. Bono referiu-se anteriormente a "Summer Of Love" como uma "canção de amor com pungentes nuvens negras pairando sobre ela".
Considerando que "Staring At The Sun" fala sobre questões americanas dentro deste período, "Summer Of Love" fala sobre os europeus. A canção aborda a crise de refugiados na Europa e "fala sobre pessoas correndo por suas vidas no mesmo Mediterrâneo onde estamos correndo através das sombras".
É interessante observar como ambas as músicas mostram uma forte crença nas ideias da América e da Europa, contando histórias sobre os problemas atuais do mundo sob esta grande nuvem negra terminando com Bono nos dizendo que esses problemas não são quem somos. Não é como a América ou como a Europa foi fundada, podemos fazer melhor do que isso e deveríamos.
Não surpreendentemente, esta seção induziu a maioria das críticas de muitos fãs que não necessariamente concordam que ou a Europa (Brexiteers) ou os EUA precisam ter fronteiras flexíveis e fazer parte de uma sociedade globalista. A Barricade gigante com seu LED glorioso e a mensagem óbvia dessas músicas criaram algumas reticências de parte da base de fãs do U2. Especialmente em lugares como Oklahoma, Nebraska e Georgia.

Uma Ode à América e à Europa - "Pride" para "City Of Blinding Lights"

Quando as imagens da manifestação da supremacia branca de Charlottesville terminam em "Staring At The Sun" na América do Norte, vemos nas telas uma América dividida, lutando entre si no caos e tumulto enquanto ouvimos as primeiras notas de "Pride (In The Name Of Love)" e o arco 'Ode à América' começa. Esta seção da narrativa que termina com "City Of Blinding Lights" e nos oferece um lado diferente da América, um país que está lutando agora contra o tribalismo, a xenofobia e o racismo. Quando ouvimos Bono cantando sobre Martin Luther King, um líder icônico pela igualdade, direitos civis e integração há 50 anos, também vemos alguns dos movimentos civis que estão tomando forma na América atualmente: marchas pelos direitos das mulheres, imigração e justiça. Esta é a música onde Bono lembra a todos para manter vivo o Sonho Americano, com os olhos bem abertos, e convida pessoas de todos os lados políticos a esquecer as pequenas diferenças e reconstruir a América.
Na Europa, podemos ver vídeos de refugiados em barcos escapando de lugares que se tornaram inabitáveis e destruídos pela guerra, imagens de xenofobia e racismo. A narrativa é semelhante à da América do Norte, onde vemos um lado diferente da Europa, que parece desunida e agindo em contraste com as crenças em que foi fundada. "Pride" é uma música em que Bono nos lembra que isso (referindo-se aos vídeos na tela) não é quem somos. Que esta não é a Europa que compartilhamos. Que devemos ficar juntos e nos unir.
Como um follow-up, "Get Out Of Your Own Way" segue de onde "Pride" terminou. Da paisagem desolada retratada durante "Staring At The Sun" e "Summer Of Love", estamos agora vislumbrando alguma esperança, uma mensagem para ignorar o que nos separa e lutar pelo que antes tínhamos e assumimos como certo. Em tempos difíceis, um beijo pode ter o mesmo poder revolucionário de um punho.
As "be-attitudes" no final de "Get Out Of Your Own Way" servem como um prelúdio para "American Soul" durante a etapa norte-americana da turnê, funcionando como um comentário sarcástico dos valores que a sociedade coloca acima de tudo, como a ganância, a fama ou dinheiro: "Bem-aventurados os podres de ricos: porque você só pode possuir de verdade o que você oferece, como a sua dor".

"American Soul" é uma música para lembrar a América das coisas sobre si que o mundo agradece e um lembrete urgente para manter essas coisas como prioridade em seu futuro - Steve Stockman

E agora o clímax desse arco com "American Soul". A celebração da ideia de uma convergência de culturas e credenciais para formar o país que é a América está em plena forma. Uma grande e transparente bandeira americana se ergue como se todo o país estivesse se levantando de um pesadelo. Nós tivemos nossa primeira exposição à "grande ideia" que é a América durante "Pride", mas isso toma forma claramente durante essa música. É como se a banda estivesse celebrando um ideal que se recusa a deitar e morrer. "Não é um lugar", canta Bono, "este país é para mim um pensamento que oferece graça" (Hot Press)


"O que estamos fazendo neste show é que estamos tentando terminar em "City Of Blinding Lights" e fazer disso um final porque isso parece um sentimento saudável neste contexto. É uma canção de inocência, até certo ponto, que começou como uma canção de inocência, mas tem alguma seriedade" - Bono

A peça final deste arco é "City Of Blinding Lights". Este não é apenas o final da seção 'Ode to America / Europe', mas o grand finale antes do encore. Citando a famosa linha "cidade brilhante em uma colina" de Reagan, a música oferece uma colagem de cores vibrantes, luzes, visuais opulentos e o adorável Sian para nos lembrar que mesmo em tempos sombrios, precisamos preservar nossa inocência.

As mensagens importantes - "One" e "Love Is Bigger"

A parte final do show tem músicas que são importantes. Importante para a banda, para o público. Músicas com uma mensagem e um significado, as músicas finais são mensagens do U2 para aqueles que ouvem. Algo que você pode levar para casa.
É claro que essa é uma música, não apenas a mais famosa música do U2, mas também uma canção de esperança, uma música que une as pessoas. A música tem um efeito único. Baseada unicamente na narrativa do show, a música assume um significado muito poderoso e único em um nível visceral. Não é tecnicamente a melhor versão ao vivo da música (Bono não toca guitarra mais e a platéia canta apenas o primeiro terço, por exemplo), mas por causa da exaustiva jornada que temos tomado com a banda, cantando "nós conseguimos carregar uns aos outros, carregar uns aos outros" vem mais como catarse para 18.000 almas do que um simples sing-a-long.
"Love Is Bigger Than Anything In Its Way" é uma música em que o U2 nos conta o que eles querem que suas famílias saibam no final da vida - as coisas que importam, as coisas pelas quais sermos gratos. Uma música tocada com os filhos dos integrantes da banda aparecendo na tela, ou no caso de Edge, até mesmo em sua camiseta.

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