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quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

A Anistia Internacional em decisão inédita retira de Aung San Suu Kyi o prêmio de 'Embaixadora De Consciência'


Em uma entrevista à BBC por Ko Moe Aye em 2002, a líder da oposição birmanesa Aung San Suu Kyi, foi perguntada sobre o U2, que dedicou sua música "Walk On" a ela. "Eu respeito e agradeço muito", disse ela sobre artistas e ativistas como o U2.
"Eu sou muito grata ao U2 pela consideração que eles demonstraram em relação ao povo birmanês. Eu também os admiro porque aprendi que eles também estão participando de muitas outras atividades humanitárias. Artistas como eles não são apenas um crédito para as artes, mas para a humanidade também. Eu respeito e agradeço muito a eles".
Aung San Suu Kyi disse que estava sendo capaz de se mover livremente desde a sua libertação e havia visitado vários projetos da ONU e apoiava a ajuda humanitária. Suu Kyi acrescentou que viu "projetos que beneficiam muito as pessoas". Ela expressou insatisfação com a lenta liberação de presos políticos.
Foi Bono o escolhido na época para entregar à ela um prêmio oferecido pela Anistia Internacional por sua luta pelos direitos humanos. A entrega aconteceu em Dublin, no Bord Gais Energy Theater por uma multidão entusiasmada, que a aplaudiu longamente.
A opositora birmanesa se disse "surpresa" e "profundamente emocionada" com o apoio que recebeu do público em sua viagem à Tailândia -sua primeira ao exterior depois de 24 anos.
"Eu não tinha consciência do número de pessoas que se interessavam por nós e pela nossa causa antes de começar esta viagem", declarou a Prêmio Nobel da Paz, que chegava à tarde vinda de Oslo com Bono, a bordo do jato particular do vocalista do U2.
A Anistia Internacional em decisão inédita, retirou esta semana de Aung San Suu Kyi o prêmio de 'Embaixadora De Consciência', considerando que a também premiada com o Nobel da Paz "traiu os valores que uma vez defendeu".
"Como embaixadora de consciência da Anistia Internacional, esperávamos que você fosse usar a sua autoridade moral para denunciar a injustiça onde quer que a visse, inclusive em Mianmar", escreveu Kumi Naidoo, secretário-geral da ONG em uma carta dirigida Aung San Suu Kyi.
"Estamos consternados de que você já não represente um símbolo de esperança, coragem e defesa inquebrantável dos direitos humanos", acrescentou. "Retiramos este prêmio com uma profunda tristeza", encerrou a organização.
A Anistia Internacional denunciou as "múltiplas violações dos direitos humanos" observadas desde a chegada de Suu Kyi à liderança do governo birmanês, em 2016.
No final de 2017, mais de 700 mil rohingyas fugiram pela violência dos militares birmaneses e das milícias budistas e se refugiaram em Bangladesh, país vizinho, onde vivem desde então em imensos campos improvisados. A ONU se refere a um caso de "genocídio".
Em meados de setembro, uma missão da ONU sobre Mianmar apresentou ao Conselho de Direitos Humanos do organismo um relatório, elaborado sem a autorização para viajar a este país, que denunciava o "genocídio" e a "brutalidade" mostrada pelo Exército birmanês contra a minoria muçulmana dos rohingyas.
Ex-ícone da democracia, prêmio Nobel da Paz em 1991, Aung San Suu Kyi foi muito criticada por sua frieza, falta de compaixão e de ação diante do destino dos muçulmanos rohingyas em seu país, e por jamais ter condenado as ações violentas contra esta minoria.
A ONG também lamentou os "ataques à liberdade de expressão". "Defensores dos direitos humanos, ativistas pacíficos e jornalistas têm sido presos, enquanto outros são ameaçados e intimidados pelo seu trabalho".
Em setembro, dois repórteres da agência de notícias Reuters acusados de "violação de segredo de Estado" por investigarem um massacre de muçulmanos rohingyas pelo Exército foram condenados a sete anos de prisão, que logo apelaram.
Três jornalistas do grupo Eleven Media foram presos por um curto período em outubro, após terem criticado uma pessoa próxima à dirigente. Foram libertados depois que as autoridades retiraram o processo.
Aung San Suu Kyi havia sido nomeada embaixadora de consciência da Anistia Internacional em "reconhecimento a sua luta pacífica e não violenta pela democracia e pelos direitos humanos". Quando recebeu esta distinção vivia em prisão domiciliar, supervisionada por uma junta militar.
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