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sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Bono na Popmart: EUA não têm humor para a chamada 'produção de palco'


Bono em entrevistas sobre a Popmart Tour em 1997:

Seattle

"Fico muito feliz por tocar em Seattle. Aqui há uma atmosfera especial. Essa cidade tem uma cena musical muito parecida com a da minha, Dublin. É o lugar perfeito para acabar uma turnê, ou pelo menos uma etapa dela, porque aqui é o berço de bandas como Nirvana, Pearl Jam... Mas eu sinto que tudo aquilo que aconteceu, com o 'grunge'... Eles mesmos criaram uma espécie de reação com a ideologia que eles próprios inventaram, eu acho. A cidade parece que não usa mais bermuda, camisa de flanela... Acho isso triste. É triste que Kurt Cobain não esteja aqui para nos ver".

América

"Tivemos dificuldades em tocar nos EUA no começo da turnê. Entre outras coisas porque essa turnê Popmart, da qual eu tenho muito orgulho, caminha completamente em um ritmo diferente do que se faz hoje em dia na América em termos de shows. Não que o nosso som tenha incompatibilidade com a black music ou com o hip hop... Mas se formos comparados aos nossos contemporâneos... Se você pegar o que está acontecendo de novo no rock americano... Eles estão muito confusos. Nos shows, eles não têm humor para a chamada 'produção de palco'. Na Europa, no Japão, ou talvez até na América do Sul, um palco de proporções do nosso não causa estranheza. Não é 'analisado' como uma fuga para acobertar a música, que não convence. Lidamos na América, hoje em dia, com um tempo muito conservador. E eu tenho orgulho de que meu grupo se apresente ao vivo em cores vivas, enquanto na verdade o que eles queriam enxergar era um show em preto-e-branco".

Imprensa Inglesa

"Nós somos uns covardes. Nós fugimos. Ficamos em Dublin, e por lá as pessoas estão deliciosamente de saco cheio da gente. É assim que funciona. Às vezes brincamos de celebridade, mas estamos apenas brincando. Algumas pessoas vivem disso. Se elas não estão nos jornais, têm a sensação de que não existem. Uma vez me disseram: 'Você vai continuar sendo uma estrela do rock enquanto não se transformar numa celebridade'. Eu não quero ser uma celebridade".

Fim das tribos

"O que estamos querendo fazer com a Popmart é uma espécie de versão ficção científica para um show gospel... Tem momentos de trash total, tem momentos de hardcore, tem disco, tem slam. Isso é o que a música deveria representar hoje em dia: o fim das tribos. Nos anos 80, a cena era tribalizada. 'Eu gosto de hard rock' ou 'eu gosto de dance' ou 'eu gosto disso', 'eu gosto daquilo'. O que estamos querendo fazer com o U2 é pegar esse liquidificador, pegar as diferentes cores que estão por aí, as diferentes sensações, os diferentes sons, misturar tudo para ver o que é que sai..."

Pregação

"A Popmart não tem cartas escondidas na manga. Estamos tentando fazer com que as músicas dêem o recado, porque eu tenho a língua solta, posso desembestar e encher o saco dos outros facilmente. Há muita dignidade, uma forte sensação de igualdade no modo como funcionamos como banda. De não termos nos comprometido para atingir o sucesso, para não ferir o nosso espírito de independência. Nós somos de Dublin, nós somos da Irlanda, um país pequeno. Ainda moramos lá e nos orgulhamos disso. O fato de sermos quatro camaradas que estão juntos desde os 16 anos... Acho que essa é a nossa mensagem. Não queremos chegar ao seu país e dizer como viver a sua vida. Acho que isso é respeito. A política do coração: isso é o U2 hoje".

Gavin Friday

"Gavin Friday é um dos meus melhores amigos, crescemos na mesma rua. Gavin foi sempre a vanguarda. Costumava andar pela rua com discos que ninguém havia ouvido. Me ligou em várias coisas e consequentemente ligou o U2 em várias coisas. Ele tinha uma banda, Virgin Prunes. Provocava distúrbios quando abria para o Clash. É uma mente extraordinariamente iluminada. Foi como uma parteira para o 'POP'. Quando você está no estúdio, as coisas ficam bagunçadas... Em 'The Joshua Tree', por exemplo, íamos jogar "With Or Without You" fora. Ele chegou e disse: 'Mas o que é isso?'. Ele adora música pop, e eu não quero dizer com isso música lixo. Está sempre nos nossos discos. É como uma brisa, um vento maluco que passa pelo estúdio e nos dá vida..."
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