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segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Barry Egan sobre Bono: "Às vezes ele vai longe demais com sua mão pesada, mas ele é apenas humano"


Barry Egan no site Independent da Irlanda:

"Eu estava na noite de abertura da eXPERIENCE + iNNOCENCE Tour 2018, agendada no BOK Center em Tulsa, Oklahoma, em maio. Em algumas partes, era uma multidão hostil, ergueram-se em favor de seu messias - Trump, não Bono.
Durante "Pride (In The Name Of Love)", com imagens do grande Martin Luther King Jr em telas gigantes ao lado de imagens dos não tão grandes tolos gritando ódio em comícios em Charlottesville, alguns da multidão claramente não estavam felizes com o que eles estavam vendo. Tulsa ainda era um espetáculo incrível, mas havia algo muito inquietante em ver alguns dos Neandertais de direita alternativa racistas que estavam no show.
Eu não sei como descrever isso, realmente. Bono e o resto do U2 pareciam quase desafiadores em face de tocar para um público vagamente apoiadores de Trump. Foi um concerto estranho.
O retorno do U2 para casa na 3Arena em novembro foi algo completamente diferente. Foi bom, de uma maneira boa e muito poderosa e emocional; não de maneira pregadora.
Canções como "Lights Of Home", "Love Is Bigger Than Anything In Its Way" (Tão jovem para ser as palavras de sua própria canção / Eu sei que a raiva em você é forte / Escreva sobre um mundo onde possamos pertencer um ao outro / E cantar isso como nenhuma outra) e "Get Out Of Your Own Way" (Nada pode te impedir, exceto o que está dentro de você / Eu posso te ajudar, mas a luta é sua), e pra não citar nada de "New Year's Day", e é claro, "One", talvez nos mostrou como podemos carregar uns aos outros neste mundo.
Bono, quando ele se apresenta, é um dos maiores cantores e intérpretes da história da música popular. Ele tem o carisma de Muhammad Ali e Elvis combinados quando o humor o leva. Às vezes ele vai longe demais com sua mão pesada. Mas então ele é apenas humano, apesar de sua crença ao contrário, talvez.
O U2 sempre foi intenso, mas seus shows nem sempre foram espirituais como eles gostariam que fossem. A última noite dos shows da 3Arena em Dublin teve espiritualidade em espadas. Bono fez soar tão pessoal também, enquanto nos guiava com sua percepção da condição humana através das músicas como "Lights Of Home" e "Love Is Bigger Than Anything In Your Way". Estes são salmos pessoais para o poder do amor, do Evangelho Segundo Bono. E eu quero dizer isso de uma maneira positiva.
Eu já disse isso antes, mas vale a pena repetir: a obsessão de derrotar Bono é tão irlandesa quanto um sanduíche Tayto.
"Eu vou entrar em um pub e um cara mais velho vai dizer: 'Larry, seu vocalista Bono, ele é um idiota'", Larry Mullen Jr disse à Q Magazine em 2004. Mas a verdade é outra: Bono não é um eejit (um idiota).
Ele nunca canta palavras como "eu não acredito em um deus intervencionista"; ele encontra outros caminhos. Geralmente são formas interessantes também. Ele atrai você para algo maior, às vezes da mesma forma que a música de Dylan, Cohen, Bowie, Sinead O'Connor ou Nina Simone.
Ver um show do U2 em uma ótima noite faz você se perder em algo poderoso dentro de seu corpo por algumas horas e cabe a você decidir o que quer fazer com ele depois disso.
Em 2008, Rowan Williams, o arcebispo de Canterbury na época, fez uma palestra convincente sobre o lugar da fé na sociedade secular, a qual ele fez uma referência à Bono, quando este disse que "não era de religião. Eu sou completamente anti-religioso. É um termo para uma coleção, uma denominação. Estou interessado na experiência pessoal de Deus".
Williams disse que essa observação "elegantemente resume uma visão que se tornou cada vez mais difundida na Grã-Bretanha e em grande parte do norte da Europa contemporânea: um número substancial de pessoas se identifica em questionários e pesquisas como "espirituais, mas não religiosas".
"Enquanto o espiritual pode ser um recurso para a saúde, mesmo para 'capital' (como no título de um livro de Danah Zohar e Ian Marshall de 2004, 'Spiritual Capital: Wealth We Can Live By'), o 'religioso' é visto como ambivalente na melhor das hipóteses, perigoso na pior das hipóteses".
Bono e U2 transmitiram um soco espiritual massivo na 3Arena naquela noite de sábado em novembro, sem nos pedir para irmos à missa na manhã seguinte. O poder está na música, claro, cortesia de The Edge, Larry Mullen Jr e Adam Clayton.
O U2 ainda é a maior banda do mundo como buscadores daquele raro vislumbre da verdade existencial.
Há uma sensação de que estamos sendo levados em uma jornada musical com o U2 agora. Quem sabe onde vai acabar? Ou até mesmo se acabou?"
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