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sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Como uma mensagem de esperança neste momento, "Walk On" do U2 voltará a ser tocada novamente após 8 anos


A tradição anual do busking na Grafton Street em Dublin na véspera de Natal não acontecerá este ano devido às restrições do Covid. 
No passado, cantores e músicos irlandeses - incluindo Bono e The Edge - se dirigiam a uma das vias mais famosas de Dublin para performances em prol dos sem-teto.
Com o busking não sendo realizado este ano por motivos óbvios, no The Late Late Show, a sessão vai acontecer, com performances gravadas, que "terá algumas das maiores estrelas da música rock levando sua lendária festa de véspera de Natal da Grafton Street para a Simon Community dentro do estúdio".
Bono e The Edge apresentarão uma versão acústica de "Walk On" do U2 e conversarão com o apresentador Ryan sobre o poder da música em transportar as pessoas. 
A canção agora se encaixa no momento, por ser uma mensagem de esperança.
"Walk On" é de 'All That You Can't Leave Behind' que completou seu 20° aniversário recentemente, e foi lançada como single em 19 de novembro de 2001. 
A música foi escrita na época sobre a acadêmica birmanesa Aung San Suu Kyi, que era a presidente da Liga Nacional para a Democracia e foi colocada em prisão domiciliar de 1989 a 2010 por suas atividades pró-democracia, o que levou a canção a ser banida na Birmânia.
O correspondente do Democratic Voice Of Burma, Myint Maung Maung, disse à revista musical britânica NME: "O álbum foi banido porque incluía a música "Walk On", que era uma dedicatória a Aung San Suu Kyi e ao movimento pela democracia na Birmânia".
Qualquer pessoa que tentasse importar o álbum para a Birmânia poderia enfrentar uma pena de prisão com duração entre três e vinte anos. Quando o álbum foi lançado, o U2.COM tinha uma página abordando a situação política na Birmânia, onde dizia que 8 milhões de pessoas foram condenadas ao trabalho forçado e meio milhão de pessoas eram alvo de campanhas de limpeza étnica.
Em 2002, a canção ganhou o Prêmio Grammy de Gravação do Ano na 44ª cerimônia do Grammy Awards, marcando a primeira vez que um artista ganhou o prêmio por canções do mesmo álbum em anos consecutivos.
Em março de 2000, o U2 foi premiado com o Freedom Of The City Of Dublin em uma cerimônia em que Aung San Suu Kyi foi homenageada, mas estava ausente. A banda nunca tinha ouvido falar de Suu Kyi antes disso, mas soube que seu ativismo e luta pela liberdade na Birmânia a levaram à prisão domiciliar desde 1989 (uma sentença que foi encerrada posteriormente em 2010). Sua história inspirou Bono para a letra de "Walk On".
No início, Bono tentou escrever da perspectiva do marido e filho de Suu Kyi, imaginando-os vivendo com a dor de não saber como ela estava. Sentindo que parecia presunçoso, Bono mudou a letra para ser mais abstrata e ser "uma canção de amor sobre alguém ter que deixar um relacionamento por todas as razões certas".
Ele disse que a música era sobre "nobreza e sacrifício pessoal, sobre fazer o que é certo, mesmo que seu coração diga o contrário". Ao explicar a letra, ele se lembrou de uma passagem bíblica em Coríntios que usava a imagem de um incêndio em uma casa para transmitir a lição de que apenas coisas eternas podem sobreviver. 
Para Bono, essas coisas eram família e amizades, ao invés de qualquer coisa concreta. Assim, "Walk On" termina com letras que descrevem "ambições e conquistas" que são dispensáveis, com versos como "você tem que deixar isso para trás / Tudo o que você faz / Tudo o que você molda / Tudo o que você constrói / Tudo o que você quebra". 
Bono descreveu essa seção como: "um mantra, na verdade, uma fogueira de vaidades, e você pode jogar o que quiser no fogo. O que quer que você queira mais do que amor, tem que acabar". O título do álbum foi derivado da letra da música "a única bagagem que você pode trazer é tudo o que você não pode deixar para trás".
A natureza edificante da música a levou a ser usada com frequência para encerrar shows durante a Elevation Tour de 2001. A canção encontrou ressonância adicional como um hino de apoio após os ataques de 11 de setembro daquele ano nos Estados Unidos. 
A banda se apresentou durante o show beneficente para a televisão 'America: A Tribute to Heroes' em 21 de setembro de 2001, uma performance que rendeu à banda uma indicação ao Grammy. 
A primeira apresentação da música para um público ao vivo após os ataques de 11 de setembro foi na Universidade de Notre Dame em 10 de outubro de 2001, onde a banda trouxe ao palco membros da Polícia e Corpo de Bombeiros de Nova York.
Em shows, a música fez parte do setlist da turnê 360° pela última vez. Antes da turnê, a banda pediu aos fãs que trouxessem máscaras de Suu Kyi aos shows e as usassem durante as apresentações de "Walk On" em apoio a ela. 
Em algumas cidades como Hannover, Barcelona, Coimbra e Istambul, voluntários da Anistia Internacional e da ONE subiram ao palco, carregando máscaras Suu Kyi ou lanternas da Anistia Internacional.
Em junho de 2012, Bono cantou a música ao vivo para Suu Kyi durante o show Electric Burma em Dublin em sua homenagem. 
Em dezembro de 2017, a música ganhou um novo significado após o silêncio de Suu Kyi sobre o genocídio dos muçulmanos Rohingya. Bono afirmou que ficou "nauseado" com a postura de Suu Kyi sobre o assunto e o U2 retirou as dedicatórias à ela nas reedições do disco.
A versão do videoclipe de "Walk On" em que Suu Kyi aparecia com uma mensagem foi relançado e editado, substituida por mensagem de apoio aos muçulmanos Rohingya em Mianmar.
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