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terça-feira, 9 de julho de 2024

Parte 2: Não posso mudar o mundo, mas posso mudar o mundo em mim


Artista e apresentadora da U2XRadio Cáit O'Riordan, sobre "Rejoice" do U2.
"Uma das minhas categorias do U2 são as músicas cheias de adrenalina e "Rejoice" é realmente uma delas. Não é uma música de humor. Não é uma música incompleta e impressionista. Não se trata da atmosfera, é uma descarga de adrenalina a todo vapor.

Está caindo, está caindo
E lá fora um prédio desaba
E dentro uma criança no chão
Diz que fará isso de novo

Novamente, outra coisa realmente lírica que Bono faz, que estava lá também em 'Boy' – coisas estão caindo, paredes estão caindo, há uma criança no chão… e ele diz: 'Eu faria isso de novo!' Rindo. Mas então ele está fazendo perguntas:

E o que devo fazer?
O que diabos devo dizer?
Não há mais nada a fazer
Ele diz que um dia mudará o mundo
Eu me alegro

Você sabe? Meninas têm filhos, não como esse… O cara está profetizando de novo. Então, eu me alegro. Mas a seguir, ele cai da cama. São adolescentes - caindo, tudo uma loucura, o que devo fazer, o que devo dizer? E então aquela grande frase: não posso mudar o mundo, mas posso mudar o mundo em mim. Que frase incrível para um adolescente dizer. Não sei se ele acreditou, porque eu não acreditei. Eu senti. Na época, o objetivo de ser adolescente é pensar que podemos mudar o mundo. Então, ouvir Bono dizendo: 'Não posso mudar o mundo, mas posso mudar o mundo em mim', foi muito profundo. É uma lição que só aprendi anos depois: só podemos mudar a nós mesmos e nos controlar. Essa é uma frase enorme para um jovem dizer.
É importante notar aqui, cronologicamente, que na época, quando os jornais estavam escrevendo sobre essa nova e cool banda da Irlanda, eles eram uma banda 'cristã'. Todos nós meio que aceitamos isso. O fato de a primeira faixa ter sido "Gloria" - in te domine - não foi um choque, nem um abalo, nem nada. Para mim, pessoalmente, sempre que surgia algo religioso, eu meio que sentia isso, mas um pouco distante, um pouco fora da perspectiva externa. Mas então ele diz: 'Posso mudar o mundo em mim, se me alegrar'. É o 'se'. É uma condicional que o torna super real. É como se eu pudesse fazer isso ou mudar aquilo, então isso aconteceria. Faz parte do crescimento, mas depois você cresce e percebe que faz parte da existência. Você ainda vai pensar isso quando tiver 60 anos: 'se eu pudesse fazer isso...'
É uma música tão emocionante porque tem aquele anseio. Essa é a condicional: o anseio do U2. Se eu pudesse, se pudéssemos, teríamos que fazê-lo, se pudéssemos. Quando penso nessas músicas penso em alcançar, alcançar alguma coisa. Isso é um otimismo, um otimismo pessimista, se ao menos conseguíssemos fazer isto – não sei se conseguiríamos – mas sei se todos nos uníssemos e tentássemos. É uma música realmente incrível".
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