'Sing 2' chegou aos cinemas brasileiros. A animação marca o retorno do time de dubladores brasileiros do primeiro filme, e as novas adesões, como Paulo Ricardo – que, em entrevista ao Filmelier, revelou o paralelo do rock'n'roll com o seu personagem na trama, Clay, além de afirmar que vê similaridades entre a sua própria trajetória e a de Bono, que faz a voz original de Clay.
Ao conversar com o Filmelier, Paulo Ricardo contou como foi abrasileirar o personagem.
"O Bono me apresentou o Clay, mas ele não ficou ali conversando com a gente. O meu papo foi o próprio Clay e a maneira de trazê-lo para o Brasil, para a língua portuguesa. E descobrir a minha própria voz do personagem, assim como a forma de dar emoção e a liberdade que eu tive de mexer na tradução para poder adequar as falas da melhor maneira. Foi um processo de muita expectativa, que foi mais fácil e rápido do que imaginei".
O músico vê muitas similaridades entre ele e o personagem que dubla, que tem um peso importante na história. O primeiro 'Sing' fala sobre a música pop e sua relevância. Agora, temos o rock ganhar seu merecido espaço.
"O Clay representa o rock, como um gênero, uma manifestação cultural, como um tipo de música que foi extremamente importante não só pelo aspecto intrínseco, mas como cultura, toda a influência na literatura, cinema, artes plásticas e na moda, que ainda perdura", começou ele.
"O Clay como o rock andava recluso há 15 anos e, ao mesmo tempo, existe uma procura dos jovens no elenco de 'Sing' que ainda tem uma admiração pelo Clay, existe uma base de fãs muito grande que pede, que exige que ele volte".
"De certa forma isso é uma metáfora sobre o mundo da música, que está pedindo um pouco de rock, um pouco dessa energia, dessa força, desse posicionamento que o rock tem diferente de outros gêneros musicais. Essa identificação são só minha, mas também do Bono, que tem uma trajetória parecida: começamos mais ou menos na mesma época e o U2 também anda um pouco ausente nos últimos anos", completou.
"Toda essa projeção e incorporação do rock que o Clay representa é muito bem-vinda no 'Sing', que começou de uma maneira muito pop em sua primeira edição e que já mantém esse compromisso de manter o Clay no 'Sing 3', então é uma mensagem de força, gratidão, reconhecimento e de uma projeção para um futuro onde vai ter cada vez mais rock na música", finalizou Paulo Ricardo – já entregando que, de alguma forma, o seu personagem voltará no próximo filme da franquia, que ainda não foi oficialmente anunciado.
Paulo Ricardo ficou sabendo que participaria no filme pouco antes do lançamento, e teve que manter isso em segredo – até mesmo dos filhos. A família só descobriu quando foi assistir a 'Sing 2' na pré-estreia, que aconteceu em dezembro passado.
"Eu tenho três filhos pequenos e guardar segredo deles foi muito difícil. A gente ali assistindo aos trailers e ainda não era minha voz, mas eu não podia falar nada", disse ele. Paulo Ricardo contou qual foi a reação deles quando ouviram a voz do pai no cinema: "Eles aplaudiram, choraram, só falam daquilo. Eles ficaram muito felizes".
O músico, compositor e ator é formado em jornalismo e chegou a trabalhar em redações, mas, após uma temporada na Europa no começo dos anos 1980, voltou para o Brasil e montou a banda RPM juntamente com o tecladista Luiz Schiavon, o guitarrista Fernando Deluqui e o baterista Moreno Junior, substituído em seguida por Paulo P. A. Pagni.
O resto, como se diz, é história: o RPM explodiu em meados da década, se tornando parte de um fenômeno cultural brasileiro ao lado de bandas como Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Titãs e tantas outras.