Um tribunal de Dublin decidiu no ano de 2005 que a ex-estilista do U2 deveria devolver roupas e objetos usados por Bono durante a turnê de 'The Joshua Tree' em 1987.
A banda recuperou alguns objetos que, segundo o grupo, estavam calculados em pouco mais de cinco mil euros, como, por exemplo, duas calças pretas e um chapéu Stetson que Bono qualificou de "icônico", por ter aparecido na capa do disco 'Rattle And Hum'.
Lola Cashman trabalhou para o U2 como assessora de imagem e estilista entre 1987 e 1988 e tentou, sem sucesso, vender os itens em 2002 em um leilão em Londres. Além do chapéu Stetson, Cashman levou a leilão duas calças pretas, brincos e uma toalha pequena verde.
Cashman publicou depois, em abril de 2004, uma biografia não autorizada da banda chamada 'Inside The Zoo With U2', em que retratava um Bono complexado com seu peso e sua altura.
Na decisão, o juiz ordenou que a estilista devolvesse todos os objetos ao grupo.
O magistrado disse ter chegado a um veredicto após aceitar a versão de Bono, que declarou que nunca deu permissão a Cashman para pegar essas peças.
Deery rejeitou o relato da estilista sobre os acontecimentos da última noite da turnê de 1987, quando, segundo ela, Bono lhe presenteou com o Stetson enquanto andava com roupas íntimas pelos camarins. "Acho improvável que a versão de Cashman, a entrega do chapéu, tenha ocorrido assim", disse.
Segundo Deery, os documentos apresentados pelo U2 durante o julgamento demonstraram que a banda é "extremamente bem-sucedida" e que "seria estranho o grupo mover uma ação judicial desta natureza se o assunto não fosse de grande importância para eles".
Suas palavras reforçaram o testemunho de Bono no sentido de que o grupo considerava esses objetos parte de seu vestuário de trabalho e que queriam guardá-los por motivos sentimentais ou para doá-los a algum museu.
"É como se The Edge desse uma de suas guitarras, não é algo que possa acontecer", disse Bono, em referência ao status de "ícone" que adquiriu seu chapéu Stetson após a turnê The Joshua Tree.
Bono assegurou que a ideia de usar o chapéu foi sua e que surgiu antes da chegada da estilista, contratada em 1987 através de uma agência para cobrir a licença-maternidade da assessora de imagem da banda.
"A estética do chapéu queria representar a iconografia americana. A ideia era que me apresentar para o mundo de uma maneira irônica", declarou o vocalista em referência a essa imagem, uma das mais famosas da história do rock.
A Justiça irlandesa também ordenou a devolução de cerca de 200 fotografias feitas por Cashman durante aquela turnê com "rolos de filme comprados pela banda", quando a estilista tinha "acesso ilimitado a cenas íntimas".
No leilão com os itens polêmicos de Lola, estavam um rosário de Bono, enfeites de natal, uma polaroid do vocalista assinada pelo fotógrafo e um setlist que o U2 usou para um show de 1987.
Um dos itens que foi a leilão chamado 'U2 1987 Madrid Candid Photograph' mostra Lola com a banda. Esta fotografia colorida captura o U2 em um momento privado, pouco antes de uma sessão de fotos em Madri, 1987. A banda senta em bancos de madeira em volta de uma mesa de madeira, com The Edge servindo as bebidas, enquanto a estilista prepara Bono para a sessão.
Os itens foram postos à venda, sem sucesso, pela assessora de imagem em um leilão da casa Christie's de Londres em 2002.
Bono lembrou que naquela época, o U2 começava a conseguir reconhecimento internacional e que o "forte" da banda não era exatamente "o bom gosto estético".
"Não me lembro exatamente de quando (Cashman) começou a trabalhar. Tinha muito bom olho e muito mais experiência do que qualquer um de nós", acrescentou Bono, que agradeceu à estilista por sua contribuição à turnê 'The Joshua Tree'.
"No entanto - continuou o artista - ficou claro quase desde o princípio que não lidava bem as com as relações pessoais e chegou a incomodar muita gente".
Lola Cashman, descontente, criticou o grupo por seu comportamento insensível, dizendo que os itens foram dados como presentes de alguns dos membros da banda.
Eles pretendiam ser lembranças de seu tempo com a banda, mas Lola tentou vender os presentes através da Christie's para tentar liquidar seus compromissos financeiros.
Mas ela recebeu uma carta severa dos advogados do U2 avisando-a para não prosseguir e a Christie's foi forçada a tirar os pertences de Lola de suas listas de vendas.
Um agente de música que teve relações com Lola e o U2 afirmou: "Lola está indignada e extremamente chateada com o tratamento que recebeu dos monstros do rock que considerou como amigos uma vez. Uma das peças que Lola recebeu do U2 está escrito: 'Lola, com amor'. Ela ganhou os itens - um chapéu, uma Bíblia, sapatos e algumas outras peças de vestuário como um gesto de boa vontade da banda. Portanto, suas ações são um duro golpe para ela. Eles pertencem a ela, então ela deve ter direito a fazer o que ela quiser com eles. A ação parece particularmente cruel, porque as memorabilias de Lola no U2 só teriam aumentado seu saldo bancário em algumas libras".
Entre itens que ela teve que devolver, estava um par de Converse All Star preto, usados Larry Mullen Jnr, e uma bíblia assinada "Para Lola, com verdadeiro amor, Larry".
Em um capítulo de seu livro, Cashman afirma que Bono teve sapatos especiais feitos para aumentar sua altura.
Ela também alegou que Bono teve o cuidado de não posar para fotos com celebridades que eram muito mais altas que ele. Alegou também que ele sempre usava sapatos de sola alta para aumentar sua altura para aparições públicas, e não subia ao palco sem os sapatos certos.
Lola disse em entrevista: "Ele pode ser uma grande estrela, mas tudo o mais sobre ele é pequeno. Bono não foi ao tribunal para recuperar seu chapéu de 'Rattle And Hum', ele foi porque estava com raiva por eu ter escrito o livro. Acho que ele é terrivelmente inseguro. O próprio Bono admitiu no tribunal que nunca esteve tão próximo de nenhum de seus funcionários e é verdade que conheço muitas informações pessoais sobre ele que ninguém mais saberia. Fui estilista deles por 18 meses, período em que nos conhecemos muito bem e tínhamos uma boa amizade e um relacionamento de trabalho".
Em outro capítulo contundente, Cashman revelou como a banda se divertia e bebia a noite toda em sua turnê, chegando ao palco com ressacas violentas.
É dito que ela costumava sair pelas cidades festejando com eles quando estavam em turnê e os via bebendo em toda a sua glória, terminando ao amanhecer. A banda passava o dia todo na cama, depois levantava e subia no palco, mesmo com ressaca.
Havia uma regra de que o que aconteceu na turnê permaneceu em turnê, mas isso foi há muito tempo.
Ela também entrou em detalhes sobre como eles passaram muito tempo olhando cuidadosamente as fotos publicitárias antes de permitir que elas fossem impressas. Se um deles não gostasse da aparência de uma determinada foto, não permitiria que ela fosse publicada.
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