O U2 está de volta ao estúdio fazendo novas músicas, após um intervalo de oito anos.
A banda estava em uma pausa prolongada, enquanto o baterista Larry Mullen Jr se recuperava de uma cirurgia.
"Foi difícil ficar longe por causa de uma lesão", disse Larry Mullen para a BBC, "então estou emocionado por estar de volta a um ambiente criativo, mesmo que eu não esteja 100% e tenha algumas coisas ainda. É simplesmente a coisa mais extraordinária. Quando eu estava longe da banda, sentia falta dela, mas não percebi o quanto sentia falta".
Bono falou sobre as recentes sessões de composição do U2.
"Éramos só nós quatro numa sala, experimentando uma música nova e pensando: 'Que sensação é essa? Ah, sim, é química'. Tínhamos isso em nossos 17 anos de idade. Tivemos isso ao longo dos anos, mas às vezes você perde isso, a maneira como a música é montada hoje em dia não é favorável a essa química. Mas não é estranho que tenhamos chegado ao ponto em que apenas baixo, bateria, guitarra e um cantor barulhento soam como uma ideia original? É onde estaremos em 2025".
A banda está em modo nostálgico há quase uma década.
Em 2017, eles fizeram uma turnê em estádios para celebrar o álbum 'The Joshua Tree', que definiu sua carreira. Bono passou a pandemia escrevendo seu livro de memórias, 'Surrender', o que levou a banda a revisitar e regravar alguns de seus maiores sucessos no álbum acústico 'Songs Of Surrender'.
Os shows do ano passado em Las Vegas recriaram a reinvenção de Berlim dos anos 1990 de 'Achtung Baby' e eles coroaram isso com um álbum de arquivo de material inédito de 'How To Dismantle An Atomic Bomb', de 2004.
"Passamos um momento pensando no passado — mas fazemos isso porque precisamos entender de onde veio esse desejo de ser ouvido", disse Bono.
Comparecer ao Ivor Novello deu à banda outra oportunidade de recontar sua história, para um público que incluiu Bruce Springsteen, Charli XCX, Ed Sheeran, Brian Eno e Lola Young.
"Quando nos reunimos na cozinha de Larry Mullen em 1976, isso era inimaginável", disse Adam Clayton.
"Nunca pensamos que a banda pudesse chegar à velhice!"
Larry Mullen relembrou o executivo da gravadora que aconselhou o resto do grupo à dispensar seus serviços, enquanto The Edge cantou uma versão modificada de "My Way", para ilustrar como ele sempre tem a última palavra.
Bono não ficou impressionado.
"Gostaria de lembrar a todos que The Edge foi o primeiro a acabar com a banda", ele disse.
"Todos nós passamos por isso desde então, mas em 1982, aos 21 anos, aquele homem decidiu que já estava farto da indústria musical, com seus egos inflamados e personalidade inflada.
"Perguntei a ele: 'Você vai abrir uma exceção para mim?'"
Nos bastidores, eles falaram sobre seus primórdios na cena punk de Dublin e como isso deu a quatro músicos inexperientes permissão para perseguir seus sonhos.
"Não viemos de uma tradição de grandes compositores", disse Mullen Jr. "Não tínhamos nenhum talento para o blues, então começamos do zero, todos nós".
"Muitas das nossas primeiras influências foram bandas como The Ramones, que faziam músicas pop de três minutos, e Patti Smith, que era um pouco mais poética e tinha um pouco mais de consciência social", disse Adam Clayton.
"Sabíamos que o nível era alto, mas estávamos apenas começando a chegar ao nível mais baixo".
"O punk rock foi como o ano zero para nós", continuou Bono.
"Não queríamos realmente ter conhecimento, ou ficar presos ao passado. Então, começamos do zero, na verdade, o que foi ótimo, porque não podíamos tocar músicas de outras pessoas. Simplesmente começamos a compor as nossas".
Ao longo dos anos, eles aprimoraram essas habilidades. Inspirados por Bob Marley, seu companheiro de gravadora na Island Records, eles perceberam que o rock poderia ser mais do que sexo e atitude.
"Bob podia cantar sobre qualquer coisa que quisesse", disse Bono.
"Ele cantava para Deus, cantava para suas amantes, cantava para as pessoas na rua. Não havia regras para Bob Marley — então essa era exatamente a influência certa para nós, porque era para lá que queríamos ir".
"Qualquer compositor sabe que precisa escrever sobre coisas que lhe interessam", concordou The Edge.
"É aí que se conecta e significa alguma coisa. Caso contrário, é artificial".
Durante toda a cerimônia do Ivor Novello, a amizade de décadas do U2 ficou evidente — ainda que por meio de provocações implacáveis e bem-humoradas.
Eles tentaram fazer com que The Edge dançasse para a equipe de TV da BBC. Larry lembrou seus companheiros de banda sobre a propensão que eles tinham para se travestir nos anos 1990. Bono revisitou a crítica mordaz de Paul Weller à banda.
Quando perguntaram a ele: "Por que você não gosta do U2?", ele respondeu: "Porque eles usam botas de cowboy".
"'Eu mantenho meu argumento'."
Felizmente, a era das botas de cowboy é história antiga (Bono usou saltos cubanos na cerimônia) e deixando de lado o opróbrio de Weller, o U2 se tornou uma das maiores bandas de rock, vendendo mais de 175 milhões de álbuns no mundo todo.
Houve erros ao longo do caminho. Adam Clayton sumiu em uma bebedeira durante a parte da Nova Zelândia da colossal turnê Zoo TV de dois anos (ele agora está sóbrio e aparecendo no 'Gardener's World'), enquanto a banda se desculpou repetidamente pela decisão equivocada de pré-carregar seu álbum de 2014, 'Songs Of Innocence', nos iPhones das pessoas.
Em sua autobiografia, Bono disse que assumiu "total responsabilidade" pela façanha.
Mas ao entrarem em sua quinta década, a banda está pronta para "se candidatar novamente ao cargo de melhor banda do mundo", como eles memoravelmente disseram em 2001.
Um ano atrás, Bono expressou seu desejo de lançar "um álbum de guitarra barulhento, intransigente e irracional", citando o AC/DC como influência.
No Ivor Novello, acidentalmente foi citado isso incorretamente para ele como "um disco de guitarra inatacável".
"Estou realmente satisfeito com esse adjetivo: inatacável", disse Bono.
"Acho que ele disse 'invendável'", respondeu Larry Mullen.
"Mas ouça", disse Bono. "Temos um gênio da guitarra na nossa banda, e a única pessoa que não sabe disso é ele. Dizemos isso a ele todos os dias, mas ele insiste em tocar piano... e às vezes colheres".
"É chantagem", insistiu The Edge. "Os caras estão todos falando sobre esse álbum de guitarra que estamos fazendo, e eu estou em casa, pensando: 'Ok, é melhor eu continuar com isso'".
