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segunda-feira, 24 de junho de 2019

A Entrevista: Howie B conta sobre as gravações de 'POP'


O site U2BR realizou uma entrevista com o DJ e produtor Howie B, que trabalhou com o U2 em 'Original Soundtracks 1' e 'POP'.

Como foi seu primeiro contato com o U2? Como surgiu o primeiro convite?

O primeiro encontro foi em um estúdio. Eu estava trabalhando com uma banda de hip hop irlandesa em Londres nos estúdios de gravação da Island Records. O U2 veio dar um 'oi' para a banda e para mim.

Qual foi o seu papel durante a produção do 'Passengers: Original Soundtracks 1'?

Meu papel foi como colaborador ao lado de Brian Eno, assim como co-escritor e produtor. Passei duas semanas e meia em Dublin trabalhando em um estúdio sozinho enquanto Brian estava trabalhando com a banda nas docas. Eu estava pegando as fitas e mixando. Também ao mesmo tempo fazendo música fragmentada e chamando a banda e Brian para vir e tocar sobre o que eu estava construindo. Foi assim que "Elvis Ate America" surgiu.

Alguns anos depois tivemos o 'POP'. O que eles buscavam ao te chamar para produzir o álbum? Houve desafios por causa da lesão nas costas de Larry, isso interferiu muito?

Sim, a chamada foi para produzir! Larry estava se recuperando de uma lesão nas costas, então eu era de certa forma uma máquina de ritmo substituta. Eu estava tocando com Edge, Adam e Bono com discos, criando ritmos e então eles tocavam sobre eles. A ideia foi muito simples. A alegria para mim foi quando Larry se juntou a nós no estúdio e ele pegou o que eu tinha feito como plataforma para surgir com alguns dos melhores ritmos que eu já tinha ouvido um baterista de rock tocar! Nós instantaneamente nos demos bem. Todas as baterias do álbum, eu estou muito feliz em dizer, são tocadas pelo Larry! Isso foi o auge para mim.

Quais artistas você tocou para a banda para tomarem como inspiração?

Eu toquei para eles de tudo, desde James Brown até Esquivel.

"Discothèque" surgiu de um jam entre você e Edge. Como foi isso? A introdução da música foi mudada de última momento, horas antes do álbum ser masterizado em Nova York. Quais suas lembranças disso?

Sim, eu tinha pego alguns novos pedais e estava tocando com o Edge enquanto ele estava usando um desses pedais. Aqueles acordes que ele inventou com eles é o grande tema da música.
Sim, a introdução da música assim como o álbum, já que foi a primeira faixa dele, foi criada em Nova York no estúdio quando estávamos masterizando o álbum com Howie W. Bono disse para mim e para Flood que a abertura poderia ser mais dramática. Tanto Flood quanto eu dissemos "como diabos podemos fazer isso agora? Estamos reunindo o material" Bono disse "eu trouxe as fitas comigo e elas estão alinhadas agora no estúdio esperando por você Howie". Eu disse "vai se foder, você não fez isso". Ele disse "sim, eu fiz". Pronto, eu estava no estúdio uma hora depois, refazendo a introdução do álbum. Levou seis horas eu acho. Eu estraguei os monitores principais no estúdio, eu lembro disso (risos). De qualquer forma, é assim que a introdução aconteceu.

O álbum foi adiado duas vezes enquanto a banda corria contra o tempo para entregá-lo antes do início da PopMart Tour. Havia muito pânico nas semanas que antecediam o último prazo?

Não diria pânico, mas exaustão. Tanto Flood quanto eu estivemos trabalhando no álbum há mais de um ano, havíamos gravado mais de 100 horas de música. Era hora de terminar. Prazos são feitos para serem rompidos. Estar no avião para Nova York para masterizar o álbum foi um dos momentos musicais mais alegres da minha carreira. A banda estava em terreno novo, eles sabiam disso. Flood também. Isso foi o que foi emocionante. O conceito de suficiente.

Em uma entrevista, Larry disse sentir que "o álbum não foi finalizado. Se tivéssemos dois ou três meses para trabalhar, teríamos um registro muito diferente. Gostaria que um dia essas músicas fossem retrabalhadas e que lhes fossem dada a atenção e o tempo que elas merecem". Você considera o álbum inacabado? Você acha que a banda poderia ter trabalhado mais nele?

A única faixa no álbum com a qual eu não estava feliz foi "Please", já que mudou na masterização quando Flood e Bono me mandaram sair para fazer a introdução novamente. Foi até o álbum ser enviado para mim um mês depois que eu percebi que fizeram uma edição de duas versões diferentes. Não soou certo para mim. Eu chamei os dois, gritei. Embora tenha sido feito. Então, um ano depois, regravamos na Holanda. E essa versão é a melhor e a que foi lançada como o terceiro ou quarto single desse álbum.

Há um sentimento entre os fãs de que a banda "abandonou" o álbum em execuções ao vivo. Como você se sente sobre isso?

Claro que eu amo o álbum. A banda como qualquer banda faz em turnês, toca seus grandes sucessos. Não há grandes sucessos nesse álbum.

Como surgiu o convite para remixar a canção "Summer Of Love", de 'Songs Of Experience'?

Bono tocou para mim a música cerca de três anos antes do lançamento em um violão no meu pequeno estúdio em Londres, enquanto eles gravavam com o Flood para outro disco. Eu disse a ele que era uma música com uma alma muito profunda e que poderia ver meu nome escrito por toda parte. Eu vivi a música. De qualquer forma, três/quatro anos depois ele me ligou e disse "aqui está a nossa versão" e ele queria que eu fizesse uma versão que pudesse ser tocada na praia. Bem leve. Então foi o que eu fiz!

Nos últimos anos, Bono tem pautado seu discurso em se manterem relevantes. A banda se tornou uma das maiores bandas de todos os tempos, e para isso ocorrer tiveram mudanças de comportamento e de sonoridade, ou seja, o quão diferente é o U2 para você dos anos 80 e 90 para hoje, até mesmo levando em conta esta instantaneidade do novo século, somado ao volume de bandas e cantores que vão surgindo a cada dia? A ausência de indicação do novo álbum para o Grammy, por exemplo, já é uma resposta do novo século ao U2?

Todas as bandas, todos os artistas passam por colinas, vales, viagens por estrada, passeios. Este é o caminho deles, a jornada deles, só podemos ouvir. Eles vivem, se alimentam e vivem da música. Nós estamos ouvindo. Nós temos a escolha de ouvir ou não. Eu escolho ouvir.

Se o U2 te chamasse de volta para produzir o próximo álbum, você aceitaria?

Porra, claro!
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