Originalmente intitulada "Tough", a canção "Sometimes You Can't Make It on Your Own" é sobre o relacionamento do vocalista Bono com seu pai, Bob Hewson.
O vídeo para a canção, lançada em 2004, começa com uma nota de Bono sobre seu pai:
" O meu pai, Bob, trabalhou nos correios de dia e cantou ópera a noite...
...nós vivíamos na zona Norte de Dublin, em um local chamado Cedarwood Road..
Ele tinha muita atitude, e me deu alguma; além da voz.
Eu queria tê-lo conhecido melhor "
Edge: A saúde do pai do Bono tinha se tornando um grande problema, bem no momento em que nós começamos a fase européia da turnê Elevation, em julho de 2001. Estava claro que o Bob estava indo embora muito rapidamente. Não era uma questão de se ele estaria por perto até o final da turnê, mas quanto tempo ainda ele tinha. O Bono enfrentou decisões muito difíceis de cancelar ou não os shows. Estamos falando da oportunidade de permanecer mais tempo junto a uma pessoa que não irá mais estar por perto. Para mim era o que se passava na minha cabeça. Eu estava aberto à idéia do Bono dizendo ´Eu preciso desses meses com o meu pai`.
Larry: Foi a primeira vez em vários anos que nós estávamos enfrentando uma situação onde alguém da nossa família estava morrendo. Era difícil saber o que fazer. Todos nós nos reunimos. O Bono abaixou a cabeça e foi. Para nós que conhecemos ele, nós podíamos ver a tensão, o estresse e a tristeza no seu rosto, mas para quem não o conhece parecia que ele estava suportando tudo normalmente. E foi essencialmente isso que ele fez, ele mergulhou de cabeça no trabalho para não afundar.
Bono: Eu podia lamentar e chorar, como os irlandeses chamam, em uma base noturna. A maioria dos problemas com esse tipo de sofrimento é porque as pessoas reprimem os seus sentimentos. Mas eu podia usar essas músicas para me manter são. Eu estava tendo conversas com essas músicas que talvez eu não pudesse ter com pessoas.
Edge: Ele decidiu que ia continuar com a turnê e passar o maior tempo que pudesse com o seu pai. Então, houve vários vôos de volta para casa em Dublin após os shows pela Europa, para ficar ao lado da cama com o seu pai. Ele passava alguns dias no hospital e depois voltava para estrada. Isso foi muito difícil para o Bono. Eu realmente senti muito por ele. Eu acho que os shows se tornaram a oportunidade para ele liberar suas emoções. De alguma forma, foi onde nós vivemos por muitos anos e é quase um processo natural para gente lidar com esses sentimentos através da música e das apresentações. Nós estávamos prontos para fazer o que ele quisesse. O legal foi que ele conseguiu ficar um bom tempo com o seu pai, só eles. E eu acho que isso, o tanto quanto foi possível devido o caráter do seu pai, houve uma sensação de aproximação e paz, e as coisas se tornaram mais compreensíveis entre eles. Eles tinham um amor muito grande entre eles, mas ao mesmo tempo, as formas de cada um de se comunicar estavam em mundos completamente diferentes. Não levando em conta as diferenças de gerações.
Bono: Mais para o final me senti muito próximo dele embora não estivéssemos conversando. Ele tinha Mal de Parkinson e só conseguia sussurrar, tinha uma desculpa. Dava para perceber que ficava contente com isso. Ele era muito astucioso e conseguia se esquivar de uma conversa melhor do que ninguém. Eu saía dos shows e ia me encontrar com ele. Costumava desenhá-lo, ali deitado com todos aqueles fios e tubos. Outras vezes, costumava ler. Ele adorava Shakespeare. Se eu lesse a Bíblia, ele ficava com olhar carrancudo. Durante a noite dormia em uma cama junto com dele. Era ótimo dormir junto do meu pai, e acho que ele estava orgulhoso de mim.
Ganhei um respeito enorme pelo meu irmão, pois ele era bom em todas as coisas que eu não era. É uma sensação estranha, acabamos nos sentido familiarizados com todo o ambiente em torno da morte depois de termos trabalhado na África, o cheiro pestilento, a devastação, todos os pormenores. Mas no caso da minha família, estava me fazendo recuar, estava fechando o círculo, a me reportar para a morte de minha mãe, e muitas coisas dispararam ao mesmo tempo. Pensei que já tinha ultrapassado tudo, mas estava enganado. O meu irmão é que arregaçava as mangas e fazia o trabalho sujo, da melhor forma que sabia. Eu me limitava a estar presente, e tentar ajudar de outras formas.
Estive presente quando ele disse as últimas palavras. Foi um último suspiro. No meio da noite eu estava deitado ao lado dele, quando ouvi um grito, fui chamar a enfermeira. Ele estava sussurrando alguma coisa e nós aproximamos os ouvidos perto da boca dele. E a enfermeira disse: “Bob, você está bem? O que está tentando dizer? Precisa de alguma coisa?” E ele disse: “Me deixem em paz, me tirem daqui. Esse lugar parece uma prisão. Quero ir para casa”. Não muito romântico, mas revelador. Fiquei com a sensação de que ele queria sair não só daquele quarto, mas também daquele corpo. Algum tempo depois, faleceu. Abandonou o palco.
Adam: Íamos atuar quatro noites no Earl’s Court, em Londres. Bob faleceu na madrugada do dia 21 de agosto. Nessa noite demos o terceiro show. Se o Bono tivesse cancelado o show, não teríamos nos oposto. Mas conhecendo o Bono como eu conheço, parti do principio que ele ia querer fazer o show. Ele acredita no incluir as pessoas em tudo o que acontece. Creio que achou que o lugar dele era no palco, expressando a sua dor através da música e tendo o público como testemunha. Não acredito que ele conheça outra forma de agir. Acho que passar uma noite em branco, em silêncio, não teria sido melhor para o Bono.
Edge: Foi um show muito intenso. É óbvio que minha principal preocupação era o Bono e saber se ele estava em condições de se apresentar. Mas ele se saiu muito bem. E acho que isso até o ajudou. Ele próprio tinha consciência disso, e talvez por esse motivo, quis seguir em frente com o show.
Larry: Estávamos todos preocupados com ele, mas tinha tudo sob controle. Nós apenas nos limitamos a ampará-lo ao máximo. O Bono é um individuo muito complexo e muitas pessoas não teriam sido capazes de fazer o que ele fez. E o fato de ter conseguido seguir em frente só prova a sua força e a sua personalidade. E eu sei que era isso que o Bob queria que tivesse acontecido. E o Bono sabia disso.
Bono: Eram as músicas que me mantinham à tona. Eu me agarrava com muita força a essas músicas.
Adam: Em uma situação daquelas o mais importante não são as palavras, mas sim dar o máximo de apoio possível ao nosso amigo. Era uma situação de estar feliz por ser útil. Acredito que foi um alívio para todos nós, poder fazer os shows em vez de ficarmos sentados no quarto do hotel pensando no que tinha acontecido.
Bono: Fomos nós que o enterramos. Fui eu e meu irmão que fechamos o caixão. Não deixamos que fossem os coveiros. Foi um funeral muito bonito. Todos cantaram ‘The Black Hills of Dakota’. "Take me back to the back hills, the back hills of Dakota".
Foi agradável. Eu cantei uma música nova na qual estava trabalhando. ‘Sometimes You Can’t Make It On Your Own’.
Paul: Foi muito comovente. Os membros da banda também tinham ido ao funeral dos meus pais. Levam-se anos para esquecer uma coisa daquelas, ou talvez nunca se esqueça. A relação do Bono com o pai era complicada e nunca foi tranqüila. Eles eram muito parecidos. Embora ele nunca o dissesse, tenho certeza de que tinha muito orgulho do Bono. Não entendo porque razão nunca tivesse falado isso.
Larry: Eu gostava muito do Bob. Ele tinha senso de humor muito apurado e gostava de uma boa gargalhada. Quando surgia oportunidade, eu sentava ao lado dele e ficávamos bebendo e conversando. Era, notoriamente, um homem de Dublin, um homem forte, um verdadeiro irlandês da classe trabalhadora. Adorava teatro e ópera. Nos seus últimos cinco anos de vida, se tornou bastante elegante. Começou usar gravatas, com um visível sentido de orgulho em si próprio. Depois de ouvir todas aquelas histórias que aconteciam na casa da família Hewson, até era engraçado ver os dois juntos. Viu sempre o Bono como seu filho pequeno, não via o rock star. Era do gênero: “Ele é meu filho, merece um puxão de orelhas”. Era assim que ele se comportava com o Bono por perto. E embora não tenha falado ao Bono, eu sei que se orgulhava do trabalho da banda. Mas ele também gostava de meter a boca, só porque lhe apetecia, com um riso dissimulado. Gostava muito disso nele e sinto falta do humor dele.
Bono já tinha a letra da canção em 2001, sabendo o que infelizmente aconteceria ao seu pai. Mas Bob foi sobrevivendo, e Bono deixando a mensagem para o seu pai guardada.
Após o falecimento de Bob, Bono mostrou a canção pela primeira vez no funeral.
O U2 acrescentou novas partes na letra, finalizaram em estúdio e lançaram em 2004 no álbum 'How To Dismantle An Atomic Bomb'.
Na primeira noite de apresentações da Vertigo Tour no Brasil em 2006, Bono disse em português: "Essa é para o meu pai". Então, Bono e banda fizeram uma performance comovente da canção, que levou o vocalista às lágrimas.