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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Capítulo do livro 'O Psicopata Americano', se passa em show do U2 - Parte I

No livro 'Psicopata Americano', Bret Easton Ellis explora a maldade e a insanidade da violência.
Patrick Bateman vive entre os jovens descolados da Manhattan dos anos 80. Jovem, bonito, e bem educado. Um serial killer que de dia faz fortuna em Wall Street.
Três capítulos inteiros são dedicados à música [Huey Lewis and The News, Whitney Houston e Genesis] e vários outros parágrafos à Mike and The Mechanics, Talking Heads, Les Miserables e U2; onde Bateman tem um delírio no show da banda irlandesa e acredita que Bono pode ver dentro dele.


O Psicopata Americano [American Psycho]
Bret Easton Ellis
Editora: Rocco
ISBN: 8532501214
Ano: 1992
Edição: 1
Número de páginas: 485


Leia o capítulo do livro onde o U2 é citado. Ele será dividido em duas partes:

PARTE I:

SHOW DE MÚSICA

Todos estão muito tensos no show de música para o qual Carruthers nos arrasta hoje à noite em Nova Jersey, um conjunto irlandês chamado U2 que foi capa da revista Time semana passada. Originalmente as entradas destinavam-se a um grupo de clientes japoneses que no último minuto cancelou a viagem a Nova York, fazendo com que fosse quase impossível Carruthers conseguir (pelo menos é o que ele diz) vender esses ingressos para cadeiras de primeira fila. Então são Carruthers e Courtney, Paul Owen e Ashley Cromwell, Evelyn e eu. Mais cedo, quando soube que Paul Owen também viria, tentei chamar Cecília Wagner, a namorada de Marcus Halberstam, já que Paul Owen parece achar quase com certeza que sou Marcus, e embora ela tenha ficado lisonjeada com o convite (sempre desconfiei que tinha uma queda por mim), tinha de ir a uma festa black-tie de estréia do novo musical inglês Maggie! Mas não deixou de falar algo como almoçarmos juntos semana que vem e respondi que telefonaria na quintafeira. Era para eu ir jantar com Evelyn hoje à noite, mas a idéia de ficar sentado ali sozinho com ela comendo durante duas horas me invade de inominável pavor, por isso lhe telefono, com alguma relutância lhe explico a mudança de programa e ela pergunta se Tim Price também vai e quando lhe digo que não, noto uma brevíssima hesitação antes dela aceitar, depois cancelo as reservas que Jean fez para nós no H20, o novo restaurante que Clive Powell abriu em Chelsea, e saio mais cedo do escritório para uma rápida aula de aeróbica antes do show.
Nenhuma das garotas está especialmente animada para ver o conjunto, todas já me confidenciaram, em separado, que não queriam vir, e na Iimusine rumando para os lados de um lugar chamado Meadowlands, Carruthers fica tentando animar todo mundo dizendo que Donald Trump é grande fã do U2 e depois, mais desesperado, que John Gutfreund também compra os discos do grupo. Abre-se uma garrafa de champanhe Cristal, depois outra. O aparelho de TV está ligado numa entrevista coletiva que Reagan está concedendo, mas há estática demais e ninguém lhe presta atenção, a não ser eu. O Patty Winters Show de hoje de manha foi sobre Vítimas de Ataques de Tubarão. Paul Owen me chamou de Marcus quatro vezes e à Evelyn, para certo alívio meu, de Cecília duas vezes, mas Evelyn não repara pois cravou uns olhos ferozes em Courtney o tempo inteiro que estivemos na Iimusine. De qualquer modo, ninguém corrigiu Owen e é pouco provável que alguém o faça. Cheguei mesmo a chamá-la de Cecília umas duas vezes eu mesmo, quando estava certo de que não me ouvia, enquanto estava encarando Courtney com hostilidade. Carruthers me diz que estou com ótima aparência e tece elogios a meu terno. Evelyn e eu somos de longe o casal mais bem-vestido. Estou usando sobretudo de lã pura, paletó de lã e calças de fla-nela de lã, camisa de algodão, suéter de cashmere com gola em V e gravata de seda, tudo da Armani. Evelyn veste blusa de algodão da Dolce & Gabbana, sapatos de camurça da Yves Saint Laurent, saia de couro com desenhos da Adrienne Lan-dau e cinto de camurça da Jill Stuart, malha da Calvin Klein, brincos de vidro veneziano da Francês Patiky Stein, e traz apertada na mão uma rosa branca solitária que comprei para ela numa delicatessen coreana antes de a Iimusine de Carruthers me apanhar. Carruthers está vestindo paletó esporte de lã pura, suéter cardigã de cashmere/vicunha, calças de sarja dupla, camisa de algodão e gravata de seda, tudo da Hermes. ("Coisa mais deselegante", Evelyn me sussurra; concordo em silêncio.) Courtney veste um top de organdi em três camadas e saia comprida de veludo com debrum rabo-de-peixe, brincos esmaltados e fita de veludo da José e Maria Barrera, luvas da Porto-lano e sapatos Gucci. Paul e Ashley estão, acho, um tanto vestidos demais, ela está de óculos escuros embora os vidros da Iimusine sejam escurecidos e já esteja anoitecendo. Traz nas mãos um pequeno buquê de flores, margaridas, que Carruthers lhe ofereceu, o que não causou ciúmes em Courtney uma vez que esta se mostra decidida a meter as unhas no rosto de Evelyn até rasgar, e neste momento, apesar de ser dela o rosto mais bonito, isso não me parece má idéia, até que nem me incomodaria de assistir a Courtney levar a cabo sua intenção. Courtney tem um corpo ligeiramente melhor, Evelyn os peitos mais bonitos.


FIM DA PARTE I

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