Bono nas redes sociais do U2, lembrou dos 40 dias da morte de Mahsa Amini, e escreveu a letra de "40", com a frase: "40 dias desde que o mundo perdeu a voz de Mahsa".
Ontem marcou o quadragésimo dia após a morte da jovem Mahsa Amini, que morreu sob custódia da polícia da moralidade iraniana, em um hospital em Teerã. Uma data altamente simbólica que tradicionalmente marca o fim do luto neste país e que pode dar um novo impulso à mobilização popular, que sofre severa repressão das autoridades. De acordo com ativistas, a família de Mahsa estaria sendo ameaçada pelo governo para não organizar nenhuma cerimônia em memória à jovem.
As tensões permanecem extremamente altas em todo o Irã, 40 dias após a morte da jovem curda iraniana Mahsa Amini, que morreu em 16 de setembro após sua prisão pela polícia moral em Teerã por usar um véu considerado impróprio.
Mais uma vez, estudantes se manifestaram em várias universidades do país para denunciar a repressão exercida pelas forças de segurança, acusadas de terem agredido alunas no dia anterior. "Vamos lutar, vamos morrer, vamos recuperar o Irã!" gritavam manifestantes na Universidade de Tecnologia Sharif, em Teerã.
escolas, faculdades e universidades permaneceram fechadas ontem na província do Curdistão, região natal de Mahsa Amini, e na cidade de Ardebil, que sofreu manifestações violentas na semana passada. O motivo oficial alegado pelas autoridades foi a propagação da gripe nessas duas regiões.
De acordo com vários ativistas, as forças de segurança também alertaram os pais de Mahsa Amini para que não organizem nenhuma cerimônia de comemoração, como normalmente é a tradição de um luto de 40º dia, nem reunião em torno de seu túmulo.
Um comunicado de imprensa publicado na noite de terça-feira pela agência de imprensa oficial Irna confirma a informação.
O irmão de Mahsa também estaria sendo ameaçado para evitar que a família desafie a proibição do governo. Por vários dias, nenhum de seus parentes falou com a mídia. Apesar de tudo, alguns fiéis desafiaram as medidas de segurança reforçadas e se reuniram, nesta quarta-feira, no cemitério de Saghez, cidade de origem de Mahsa.
Dois membros da Guarda Revolucionária, o exército ideológico do Irã, foram mortos a tiros por homens armados não identificados na terça-feira em Zahedan, no sudeste. Esta região foi afetada por vários dias por uma onda de violência desencadeada em 30 de setembro, durante manifestações contra o estupro de uma jovem - atribuído a um policial -, que deixou pelo menos 93 mortos, segundo a ONG Iran Human Rights (IHR).
Pelo menos 234 pessoas morreram desde o início das mobilizações no Irã, segundo o IHR. Centenas de pessoas foram presas e seus familiares denunciam torturas e estupros cometidos na prisão.