O Muse foi a banda convidada pelo U2 para abrir os shows da 360° na América Do Sul.
No Estádio Do Morumbi, em São Paulo, embaixo da enorme garra que compõe o atual palco do U2, o Muse transpôs ao vivo a característica grandiosa e épica de seu álbum temático "The Resistance", lançado em 2009 e recebido como pretensioso pela crítica, especialmente pelas muitas referências e cópias impudentes, que vão de Queen à música clássica.
Ao vivo, Matt Bellamy mostra que está marcando presença nas aulas de megalomania do U2.
Pontualmente às 20h no primeiro dia das apresentações, e debaixo de chuva, a comercial "Uprising", do recente disco, veio em primeiro lugar, provando que as novas composições do Muse, sinfônicas e progressivas, são construídas para serem ouvidas em estádios, apesar do som mais baixo e menos potente regulado para o trio.
Parte do sucesso do Muse está na montagem de seus repertórios. A sequência do setlist é tão redonda que faixas mais antigas, como "Supermassive Black Hole" ou "Stockholm Syndrome", encaixam certeiras. Nos 45 minutos que estiveram no palco em cada uma das três noites no Brasil, a banda mostrou um show com 8 canções meio heavy metal, meio ópera com todo excesso do rock and roll, refletindo as incursões no caos do universo e do apocalipse onde mergulha o líder do Muse.
Sem chuva de fogos e efeitos de laser que acompanham seus shows, o Muse se deu por satisfeito com o convite de abertura para os irlandeses, que vê no trio londrino "um grande power trio" da atualidade, que Bono compara à nomes como Cream e Jimi Hendrix.
A pontualidade dos britânicos do Muse não foi mantida no segundo show. Eles começaram o show de abertura por volta das 19h35, cinco minutos toleráveis de atraso, e esquentaram o Estádio do Morumbi para o U2, que subiram ao palco por volta das 21h10.
Diferente do set list da primeira apresentação, o grupo começou sua segunda apresentação com Plug in Baby, do segundo CD Origin of Symmetry (2001).
Na sequência, emendou Resistance, Time is Running Out e Feeling Good. A música com que Muse abriu o primeiro show em São Paulo, veio no meio do show: Uprising, seguida de Starlight e Stockholm Syndrome.
Das poucas palavras proferidas pelo vocalista Matthew Bellamy, frases em português como "nós te amamos, São Paulo", antes de um cover instrumental de Endless, Nameless do Nirvana, e "obrigado" (com um sotaque carregado) conquistaram os fãs. A apresentação terminou às 20h20 com uma introdução de Man with a Harmonica e fechou com Knights of Cydonia, totalizando os 45 minutos programados.
Na terceira e última apresentação, o Muse abriu a apresentação poucos minutos depois das 20h.
Com alguns fãs presentes entre a massa de seguidores do U2, o Muse conseguiu empolgar boa parte do público e arrancou palmas e gritos. Usando bastante o potencial do palco em 360 graus, Matt Bellamy passeou por todo seu redor com seus riffs criativos e pesados. "Queríamos agradecer ao Brasil, São Paulo e a equipe do U2 que tem sido muito boa para nós", afirmou.
Na despedida, o grupo guardou um de seus trunfos, a canção 'Knights of Cydonia', que poderia ser uma boa trilha sonora de um faroeste futurista, e ainda ganhou uma introdução, conduzida por uma gaita do baixista Christopher Wolstenholme.