The Edge: ‘Until The End of the World’ foi construída em volta de um riff da guitarra do Bono de ‘Fat Boy’, uma idéia surgida durante uma de nossas sessões criativas no STS Studios. Parecia que não ia dar em nada, mas eu adorei o riff. Conhecemos o diretor alemão Win Wenders, quando ele filmou um vídeo da nossa versão de ‘Night and Day’ de Coler Porter, gravada para o álbum beneficente Red Hot and Blue. O Win estava trabalhando em um filme intitulado Até o fim do Mundo (Until the End of the World) e estava à procura de música. Quando voltamos à Dublin, voltei a trabalhar usando o riff de ‘Fat Boy’ e gravei uma linha da faixa com o Adam e o Larry. O Bono começou a trabalhar suas idéias e foi tão excitante que eu disse:
-Sabe o que mais? Temos que pôr isso no nosso disco.
Assim, falamos ao Wim:
-Pode ficar com ela, mas nós também a queremos.
Para ele estava tudo bem. Depois acrescentou:
-Já agora, vamos copiar seu título!
Quando o trailer do filme foi lançado, a nova canção do U2 ficou sendo conhecida.
Duas mixagens diferentes da música foram lançadas oficialmente: a primeira (mais crua) foi para o álbum da trilha sonora do filme, que foi lançada meses antes do novo álbum do U2.
Depois uma nova mixagem da canção foi incluída no álbum Achtung Baby.
Para o filme, uma antiga mixagem (Rough Mix) foi utilizada e esta terceira versão só pode ser ouvida no longa. Ela tem algumas mudanças em relação às outras versões, é uma demo, com um outro vocal de Bono no final da canção.
Abaixo, o áudio desta versão:
Bono: A letra foi escrita muito às pressas em Wexford na casa do meu sogro. Um dia acordei e tinha ela na minha cabeça, uma conversa entre Jesus e Judas. ‘Vai ser um sucesso!’, disse a Ali. Não é comum no pop.
Eu estava à procura de uma nota para minha voz. Como estávamos acostumados a trabalhar sobre improvisos das guitarras, há certas notas que surgem constantemente: o ré, o mi, e o lá, porque são notas que os guitarristas recorrem. Mas não são as notas ideais para minha voz. Canto bem melhor em si bemol, motivo pelo qual canto algumas músicas um pouco agudas, ou um pouco graves demais. Estava tentando encontrar uma combinação entre agudos e graves para essa música, mas nunca consegui. A única melodia com que me sentia à vontade estava muito ligada à conversação, o que me permitiu escrever uma boa letra.
Quando eu canto com a voz muito grave, naquele tom de quem conversa, a minha lírica pode se assemelhar à maneira como se escreve prosa.
A música foi escrita ao mesmo tempo em que um dos maiores poetas irlandeses, Brendan Kennelly, escrevia o seu grande ‘Book of Judas’, uma série de poemas sobre a traição de Cristo. Foi uma coincidência épica, porque me pediram para rever os poemas após termos terminado o álbum. Todo aquele arsenal que apareceu na televisão ficou em grande parte devendo a um dos belíssimos versos de Brendan Kennelly: ‘the best way to serve the age is to betray it. ( O melhor caminho de servir a idade é traí-la. N da T.)
‘Until the End of the World’ foi uma espécie de visão, foi estático em um sentido religioso, uma canção sobre a tentação. A tentação não é obvia. A tentação é algo que te impedirá de seguir o seu destino. Mas, atenção, no fim, o que conta é o riff....
Adam: Trabalhamos muito para conseguir deixá-la como está. O Flood nos mostrou um varrimento fantástico na guitarra que parecia surgir entre os alto-falantes. Ficou uma melodia rock muito atraente. O Larry acrescentou alguns loops de percussão muito agradáveis. É uma das minhas músicas preferidas, envolvente e dramática.