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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016
Dossiê "One" - Parte 2
"One" é uma música sobre relacionamentos. A implicação de culpa, sentida por alguém que acabou de sair de um amor a longo prazo, está lá quando Bono pergunta, “Have you come here for forgiveness/Have you come to raise the dead/Have you come here to play Jesus/To the lepers in your head?”. Mas a música é também a meditação sobre o quanto que sua permanência em Berlim estava testando o próprio sentido de unidade da banda. “Que é uma coisa extraordinária sobre as composições”, Bono relata. O que uma coisa é em essência, você não pode jogar. Na verdade, se você jogar contra, muitas vezes você obterá muito mais.
“ "One", claro, é sobre a banda”, ele acrescenta. “Você viu a gravação do show Live In Sydney? Foi depois que Adam pirou em Sydney, e nós tivemos que fazer um show sem ele.
Nós tínhamos apenas duas noites pra filmar, e a primeira foi perdida porque ele não estava lá. Por isso nós tivemos uma noite para fazê-lo e nós sabíamos que ele estava num mau momento. Mas ele parece incrível no filme e há uma verdadeira ousadia ao tocar, contra todas as probabilidades. Eu não sei como ele conseguiu se juntar.
“Pensávamos que ia ser o fim, para ser honesto com você. Nós não sabíamos se queríamos continuar, se alguém estava infeliz e não se divertindo. E o desempenho de "One" de repente torna-se o que é sobre aquela noite. Ela tem essa qualidade como uma canção. Viajando ao redor da Europa, quando o material estava indo para a Bósnia, às vezes a 200 milhas de onde estávamos tocando, você tinha um tipo semelhante de sentimento.
Três vídeos foram feitos para "One", cada um com uma interpretação diferente para a música. Um, dirigido por Mark Pellington e construído em torno de imagens de búfalos sendo lançados sobre a encosta de um penhasco, foi baseado no trabalho do artista David Wojnarowicz, que tinha morrido de AIDS em 1992. Isso levou a uma especulação de que "One" seria uma canção sobre AIDS e que a letra representava a conversa entre um pai e seu filho gay soro positivo. Essa sempre pareceu uma interpretação um tanto liberal.
“Era parte de uma das camadas da história”, Bono argumenta. “Se uma canção fala com qualquer tipo de exploração sexual ou erótica, então o espectro da AIDS tem que estar presente. Mas não é a única ameaça às relações. Tudo lá fora, é contra a ideia de casais. O conceito de fidelidade é constantemente posto em cheque em cada anúncio, cada programa de TV, cada filme, cada novela que você lê. Sexo é usado para vender mercadorias. Tornou-se uma mercadoria em si.
“Se sexo está ao menos próximo do centro de nossas vidas, como nós poderíamos ter colocado de lado o assunto que é propriedade das mentes mais entediadas, seria para pornografia ou algo do tipo? Acho que ainda é território virgem, porque você estava propenso a juvenília, as 23 posições num tipo de ostentação de uma noite só. Há muito mais além disso”.
Com as sessões de Berlim na mala, o tape de "One" foi levado para Dublin. O que eles tinham era uma boa base, mas ainda precisava do que The Edge costuma chamar de “primeiro plano”. Eles colocaram muitos overdubs, mas ainda não tinham conseguido uma combinação com a qual ficassem felizes. Que foi quando Eno chegou e, com seu instinto afiado, fez um mix baseado em seus preconceitos pessoais, implacavelmente jogando fora o que ele não gostou. Foi a descoberta de que precisavam. Eles tinham uma imagem de um acordo que fosse funcionar.
Flood não se convenceu. ”Eu era o cético ranzinza”, ele relembra. “Eu sempre senti que era um pouco direta, até que nós fizemos a mixagem final. Era todas as mãos no convés. Bono não gostou do vocal num verso e nós basicamente gastamos um dia inteiro refazendo isso. A partir daí, nós fomos para o mix mode e fomos eu, Eno, Lanois e Bono sentados na parte de trás, todos fazendo diferentes movimentos, deixando o mix bastante emocional.
Há um ponto no processo quando a tecnologia se perde e você pode realmente usar a mesa como um instrumento. Começou a acontecer naquela mixagem. Temos logo após ‘Love is a temple’ e no final The Edge disse: ‘Eu tive uma grande ideia pra um riff de guitarra’. Assim foi a mixagem, havia três de nós na mesa, o resto da banda vibrando ao redor e The Edge na parte de trás do estúdio, tocando a parte da guitarra ao vivo.
“Pessoalmente, sinto que a música tem um conteúdo de tão forte carga emocional - e nós conseguimos honrá-la completamente e melhorar isso, do jeito como a mixamos”.
AGRADECIMENTO: ROSA - U2 MOFO
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