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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016
1979: A Grande História Da Inocência - Parte 02
Em março de 1978, eles ganharam o Harp Lager Talent Contest, patrocinado pelo St Patrick’s Day em Limerick, saindo com £ 500 e uma chance de gravar para a CBS Irlanda. Dois meses depois, conseguiram um manager via recomendação mútua de Bill Graham. Paul McGuinness, educado em uma escola jesuíta e no Trinity College, era 10 anos mais velho que os integrantes do U2, com uma carreira construída em dirigir comerciais e gerenciando pequenos grupos de folk-rock. Os membros do The Lypton Village, que adoravam uma palhaçada, logo o batizaram de "The Goose (O Ganso)".
Com McGuinness a bordo, o U2 fez tantos inimigos como amigos em torno da Grafton Street. Bill Graham relata que muitos acreditavam que a banda agora tinha um cara sério por trás deles, com poder financeiro, e visto por alguns como "mimado, falso, de classe média". O manager processou e fechou um fanzine local, Heat, que o havia difamado.
Enquanto isso, nos shows da banda crescem as perturbações pelas gangues católicas organizadas, que viam o U2 como pregadores protestantes falastrões. Na verdade, eles cresceram com ambas as tradições religiosas e todos, exceto Adam, faziam parte do Shalom, grupo de oração e estudos bíblicos, que causaria conflitos internos na banda nos anos seguintes.
O católico praticante Bill Graham mais tarde especulou que Bono, Edge e Larry usaram sua fé mais como "um escudo precoce contra as corrupções potenciais da estrada, servindo para intensificar a sua vontade em seus anos de campanha fora da Irlanda".
O U2 inicialmente rejeitou o acordo com a CBS Irlanda, vendo-o como um desvio do verdadeiro prêmio: um contrato adequado com um selo de Londres. Mas McGuinness manteve ligações com os chefes da CBS irlandesa, David Duke e Jackie Hayden, eventualmente levando sua oferta de um tempo no estúdio para gravar uma fita demo.
Entra Chas De Whalley da CBS, o primeiro caçador de talentos de Londres a ter um sério interesse no U2. Estimulado pela conexão com a CBS Irlanda e as demos enviadas a ele por Paul McGuinness, De Whalley convenceu seu chefe, diretor assistente de A & R Graham Nicky, que a banda valia uma viagem especulativa para Dublin, na primavera de 1979.
"Ele mandou eu e outro cara do departamento de A & R, Howard Thompson, para ver um show", recorda De Whalley. "Chegamos no início de maio para uma coisa chamada Strawberry Time, ou então foi McGuinness que nos disse, que todas as empresas pouco chiques tem uma pequena festa em uma tarde de sexta-feira ou algo assim."
McGuinness levou seus convidados para ver o U2 no McGonagles, um pequeno pub local com um palco proscênio ornamentado. Agora a banda tinha um nome mais quente sobre o circuito de Dublin, mas De Whalley não estava totalmente impressionado.
"Eles eram uma banda de post-punk muito mediana. Eles não eram particularmente bons – um monte de som e fúria, não significando uma grande quantidade. Exceto que o vocalista era absolutamente hipnotizante, mesmo assim. Ele também foi extremamente energético e estava correndo ao redor do palco, e que mais tarde iria desenvolver em escalada para os amplificadores e balançando nas estruturas. Que é uma das razões pelas quais que eles realmente ficaram marcados nos EUA, porque ele usou o palco possivelmente mais do que qualquer outro artista que eles tinham visto desde Iggy, e nunca confiaram plenamente em Iggy em tudo até recentemente."
De Whalley não sabia na época, mas tanto Bono quanto Gavin Friday, tinham tido lições informais na técnica teatral com atores experientes de Dublin, Mannix Flynn e Kearney Conal. A sinceridade e espontaneidade que se tornou marca registrada no início da carreira do cantor foram fundamentados no estudo da dramaturgia.
"Eu lembro de pensar na época que ele me lembrou Ian McKellen, que eu tinha visto na Universidade, em uma produção da tragédia Jacobina, 'Tis Pity She’s A Whore'", diz De Whalley. "McKellen tinha este vocabulário inteiro de movimentos de palco, e Bono tinha todos eles! Ele tinha uma presença de palco ágil e hipnotizante, e lembro de dizer para minha colega que eu pensei que estava indo ver o Sensational Alex Harvey, ou ele seria tipo um David Bowie."
Nessa fase embrionária, porém, o U2 tinha uma simples e clara relação com uma sólida base de fãs de Dublin. "Eles não permitiam menores de 18 anos nos clubs" recorda De Whalley, "Então não enchiam de pessoas quanto McGuinness queria. A multidão se envolvia e a banda era alta e impetuosa, mas não eram tão bons."
Mesmo assim, De Whalley ainda sentia que U2 tinha potencial para assinar com a CBS.
"Depois do show eu estava suficientemente impressionado, e quando voltei para Londres, eu fui para ver Muff Winwood, que era chefe de A & R na CBS. Eu disse: 'o vocalista é ótimo, a banda não é realmente especial, mas eles significam muito lá fora. Sempre estamos realizando diversas sessões demos em nossos estúdios em Londres, antes de tomarmos qualquer decisão sobre se estamos interessados ou não, então por que não fazer uma demo com eles na Irlanda mesmo, onde Paul McGuinness diz que ele consegue algumas horas em um estúdio muito bom, e assinamos com eles para a Irlanda?' E Muff disse que sim, com a ressalva de que se for um desastre completo, podemos lançá-los na Irlanda e conseguir nosso dinheiro de volta."
Revista Uncut - Dezembro de 1999
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