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domingo, 7 de fevereiro de 2016

10 Anos de Vertigo Tour no Brasil: O U2 No Expresso 2222


23 de Fevereiro de 2006

Bono fez a festa dos foliões no coração do carnaval baiano, em Salvador. Ele e Ivete Sangalo cantaram juntos a música "Vertigo", que dá nome à turnê do grupo que passou pelo Brasil. Depois, Bono ainda cantou outras músicas como um trecho de "Céu Da Boca" da cantora baiana, e se disse "muito brasileiro", para uma multidão extasiada.
Os integrantes do U2 e o produtor musical Quincy Jones estavam no Expresso 2222, o camarote do ministro Gilberto Gil no circuito Barra-Ondina, na orla de Salvador. A simples presença de Bono na sacada do camarote foi suficiente para "parar" o Carnaval por alguns minutos na capital baiana. Com seu tradicional chapéu de caubói e óculos escuros, o cantor concentrou as atenções do público junto ao Farol da Barra, ponto de partida dos trios elétricos que se apresentam no circuito Barra-Ondina.
Já na sua chegada, ele foi recebido aos gritos de "U2" pelo público e agradeceu a manifestação com beijos e aplausos.
Bono acenou para o público, mandou beijos, e foi ovacionado por cerca de 1,5 mil pessoas, que aguardavam pela sua presença. Com uma camisa da Seleção Brasileira nas mãos - provavelmente a mesma que ganhou de presente do presidente no domingo -, ele provocou gritos histéricos por parte dos fãs.
O trio elétrico Cerveja & Cia, de Ivete, passou bem em frente ao camarote por volta de 21h30m. A musa do axé viu o líder do U2 e cantou para ele. Animado, Bono pegou um microfone e, da sacada, acompanhou Ivete. Gil não se conteve, pegou outro microfone e também soltou a voz. The Edge fotografava toda a performance rock-carnavalesca de Bono. Larry Mullen estava presente também, e se divertiu!

Depois, Bono improvisou uma versão própria de "No Woman No Cry", de Bob Marley: "I remember carnival / In the beautiful city of Salvador" (Eu me lembro do carnaval / na bela cidade de Salvador), e arrematou, mais adiante: "A new Brazil is coming" (Um novo Brasil está chegando).
Bono cantou também, num ritmo mais carnavalesco "Everybody is a little irish / And I am a lot brazilian" (Todo mundo é um pouco irlandês / E eu sou muito brasileiro).
O U2 chegou ao Expresso 2222 cercado por forte esquema de segurança, e a saída também contou com um forte esquema. Gil antecipou a abertura oficial do camarote para receber Bono e seus amigos.
Apesar de terem ficado encantados com o Carnaval de Salvador, a banda decidiu não subiu em cima do trio elétrico Expresso 2222 na noite do dia 24. Com receio de perder o controle da situação devido a enorme histeria dos fãs e curiosos, a gravadora Universal Music impediu que os integrantes dessem uma canja no trio elétrico do ministro e cantor Gilberto Gil.
Houve uma enorme confusão na chegada e na saída dos integrantes do U2 do camarote instalado no edifício Oceania. As duas vans que trouxeram os integrantes do grupo e seus assessores foram cercadas pelo público e, depois, espremeram os curiosos para poder passar.



24 De Fevereiro de 2006

Bono comparou o Carnaval de Salvador a um tsunami de música, pessoas, dança e mulheres bonitas em entrevista na parte da tarde, pouco tempo depois de acordar, na casa onde está hospedado, em um condomínio fechado na praia de Busca-Vida.

"Eu nunca vi nada como isso em toda a minha vida. Acho que nunca vi tanta gente em um espaço tão pequeno e eu me senti muito seguro", disse o cantor, enquanto autografava camisas e bonés para os fãs.
Depois de cantar com Ivete Sangalo e Gilberto Gil na noite de quinta-feira, Bono e os integrantes da banda passaram toda a manhã descansando em uma casa, localizada em um condomínio fechado, na praia de Busca-Vida.
Diferentemente de quinta-feira, quando dezenas de fãs ficaram em frente à casa, o controle do acesso ao local onde estava hospedada a banda irlandesa foi reforçado: apenas moradores identificados conseguiam entrar no condomínio. Mesmo assim, alguns fãs do cantor burlaram a segurança e tiveram acesso às proximidades da casa.
"Disse que tínhamos um tio morando aqui e que queríamos ir para à praia. Mesmo assim, tivemos que obter um visto especial da administração do condomínio", disse a administradora Tâmara Teles, 28, que estava com os tíquetes do ingresso do último show da banda para serem autografado pelo cantor.
Segundo a segurança da casa, o cantor acordou às 14h, fez um almoço leve com saladas e frutos do mar e não saiu. O cantor Gilberto Gil chegou cerca de 30 minutos depois e conversou um pouco com os integrantes da banda na varanda.
A produção da banda disse que os integrantes só falariam com os fãs que se aglomeravam na praia caso eles se retirassem do local depois e "dessem um pouco de privacidade". Em seguida, Bono e Larry Mullen foram até a cerca que separava a casa da praia e falaram com os fãs e com a imprensa sobre o que acharam do Carnaval baiano.
"Eu tenho vontade de voltar todos os anos ao Brasil. Eu vou dizer para pessoas na Irlanda, Inglaterra e Nova Iorque para virem pra cá", disse o cantor.

Leia entrevista que ele deu para a Folha:

Folha - Você é conhecido por fazer a defesa de pessoas e países pobres. Como avalia a situação atual do Brasil?

Bono - [ O Brasil] é um país rico, fértil e magnífico. Nós vemos o céu ensolarado, e as nuvens negras sempre parecem seguir os pobres por todo o lado. Eu acho que os políticos deveriam fazer um melhor trabalho com o clima [risos].

Folha - Em sua opinião, seria positivo para o país a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva?

Bono - Quando eu era mais jovem, tinha um forte ponto de vista político. Mas, agora, eu trabalho para os pobres, guardo minhas posições políticas só para mim. Então, eu não apóio publicamente nenhum partido político, de direita ou esquerda. Mas eu digo o seguinte: será necessária uma combinação entre direita e esquerda para resolver os problemas no Brasil. Precisamos de mais habilidades nos negócios, mais empreendedorismo e sensibilidade para as necessidades das pessoas.

Folha - Você está estressado com tamanho assédio dos fãs e da imprensa no Brasil?

Bono - Às vezes pode ser estressante. Mas, ontem [quinta-feira], dissemos para todos que estavam aqui que, se fossem embora, nós falaríamos com eles hoje [sexta-feira]. E eles literalmente mantiveram a palavra. Eu subi e pensei: 'Não seja ridículo, eles vão voltar'. Mas eles foram ótimos. Isso foi muito impressionante. São pessoas honestas, cumpriram nosso trato.

Folha - Como foi cantar com Ivete Sangalo para milhares de pessoas ontem [quinta-feira]?

Bono - Ivete é uma das minhas cantoras preferidas agora, e eu só a descobri nesta semana. Eu penso que ela é uma grande estrela e deveria ser uma grande estrela no mundo todo. Ela tem uma combinação interessante entre carisma e QI. Essa é uma grande combinação: corpo, mente e alma. Quando temos esses três juntos, com ritmo, essa é Ivete.

Folha - Quais são os próximos planos de vocês no Brasil?

Bono - Esse é só o começo de algumas explorações [no país]. Essa é apenas uma visita pequena. Eu acho que temos que voltar, quando ninguém souber que estamos aqui, para passear.

25 de Fevereiro de 2006

Os insistentes fãs, que enfrentaram o calor de 33ºC e o sol forte, sem direito a nenhuma sombra, para conseguir uma foto ou um autógrafo de Bono, foram recompensados nesta sexta-feira.
O cantor foi conversar com os fãs na cerca da casa de praia onde está hospedado, na praia de Busca Vida. Além de assinar o nome, Bono distribuiu simpatia e desenhou flores e peixes para alguns dos admiradores. Bem-humorado, ele também desenhou bigodes e cigarro em cima de fotos de integrantes, em pôsteres da banda.
O estudante Arthur Bastos Poli, 10, levou binóculo para ver o cantor, um DVD do U2 e uma caneta especial para escrever em camiseta. Apesar de não ter chegado ao local com grandes esperanças, saiu com dois autógrafos.
A administradora Tâmara Telles, 28, que foi ao show do U2 na segunda-feira, em São Paulo, levou o ingresso para Bono assinar e uma máquina fotográfica. Primeira a chegar ao portão, às 10h, ela até ficou amiga dos seguranças e policiais da tropa de choque que trabalhavam na casa. E também conseguiu a assinatura do ídolo.
Já o felizardo Lucas Castro, 9, havia encontrado por acaso um dos integrantes do U2 na quinta-feira (23). “Eu vi o guitarrista The Edge na praia. Ia só fazer uma foto de longe, mas ele me chamou e pediu para um amigo tirar uma fotografia nossa. Aí, ele me contou que dariam autógrafos hoje [sexta-feira]”, afirmou.
O baterista da banda, Larry, disse à Folha que a perseguição dos fãs nos dias de folga do grupo poderia aparentemente ser um “pé no saco”, mas que não se aborrecia com o fato. “As pessoas no Brasil, México e Argentina são muito apaixonadas, são muito generosas. Então, tudo bem, eu não me importo tanto [com o grande assédio].”
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