Paulo Marchetti travalhou na MTV Brasil por sete anos, onde começou com direção artística e criação de programas. Teleguiado, Fúria, Free Jazz, Ultrasom, Monsters Of Rock, Supernova, Central foram alguns dos programas dos quais trabalhou durante seus anos na emissora.
Ele conta
"O tão sonhado show do U2 no Brasil finalmente iria acontecer, e para a alegria do departamento de produção da MTV Brasil, iríamos trabalhar ao vivo no Morumbi entrando com flashes ao vivo durante a programação o dia inteiro até o início do show. Além, é claro, de transmiti-lo.
Era sempre uma turma muito grande que trabalhava nessas transmissões e mesmo concentrados em nossas funções, nos divertíamos pacas. Esses trabalhos sempre nos consumiam 12, 15 e até 24 horas! Mas era puro prazer. Infelizmente não recordo quem mais estava envolvido nessa transmissão, mas fato é que eu e a Soninha ficamos na pista, em um lugar cercado e protegido. No meio da pista e em frente ao palco. Chorei.
Como sempre fazia, levei o que pude de material sobre a banda, pois seriam muitas entradas, do início da tarde até mais ou menos 21h30. Numa transmissão assim você não deve achar que terá assunto para todas as entradas. Então VTs e textos são preparados para qualquer emergência.
Lembro que não houve qualquer erro técnico ou humano durante os flashes, tanto Soninha, quanto outros VJs mandaram bem. Deu tudo certo e foi tudo conforme o previsto.
O show aconteceu em 31 de janeiro de 1998, exatamente 11 anos depois do primeiro show do Ramones aqui no Brasil (no Palace). Um dia de muuuuito sol, céu aberto e sem nuvens. O portão para o público entrar deve ter sido aberto lá pelas 14h e quem não levou chapéu ou boné se deu muito mal. A equipe que estava comigo e Soninha, tinha um operador de câmera, um assistente, um operador de áudio, uma produtora e seguranças. Tínhamos um toldo para nós, um isopor com água e refrigerante, e lanche tipo sanduíche frio. Era um oásis no meio do deserto.
Os flashes que fazíamos eram notícias do show, serviços, curiosidades biográficas da banda, algumas pequenas entrevistas. De vez em quando chamávamos alguma matéria de arquivo, clipe, mas era basicamente flashes normais que costumamos ver nesse tipo de transmissão.
Gosto muito de Gabriel O Pensador, mas foi péssima a idéia de colocá-lo para abrir o U2. O show não foi bom, e o público também não gostou. Mesmo nos hits não houve empolgação. Além do som estar meia bomba (é sempre assim), o sol de rachar o coco não aliviava pra ninguém, e não ajudou nem um pouco na hora do show – até a banda estava com sol na cabeça. Na minha humilde opinião, shows muito esperados pelo público não deveriam ter artistas de abertura.
Alivio geral quando o sol saiu fora.
Apesar de ter sido cansativo, foi um privilégio que tivemos estar na pista, perto do palco, em frente a ele e em uma área livre e cercada. Era uma mini área vip para umas 10 pessoas. O show foi impecável. O palco uma monstruosidade, ainda mais visto de tão perto. O mais legal era que, apesar de ser tudo épico, eram apenas quatro caras tocando um roque do bão.
Lembro que pra ir embora a van levou quase uma hora para andar poucos metros, para sair de perto do Morumbi".