Como conseqüência de 'Rattle And Rum', 'The Joshua Tree' e das aparições na revista Time, o U2 foi acusado de que o status de megastar subiu-lhes à cabeça.
A banda comprou mansões - e a imprensa noticiou que Bono alugou até um helicóptero para procurar a casa que ele queria e chegou a oferecer um cheque em branco para o proprietário. Como este não aceitou, Bono acabou comprando a mansão vizinha.
Adam Clayton comprou uma mansão vitoriana nas montanhas de Dublin, ao lado de sua antiga escola St. Columbia. Adam sempre foi considerado o roqueiro mais tradicional da banda e amparou sua imagem de bad boy com um caso conhecido de envolvimento com entorpecentes em 1989 e uma série de barbaridades no volante.
As férias e as experiências culturais/criativas no começo dos anos de 1990 revitalizaram as ambições do U2.
The Edge persistiu na sua escavação musical. Visitava freqüentemente as prateleiras da Claddagh Records, uma pequena loja especializada de discos em Dublin, onde tinha de tudo: de música tradicional irlandesa ao blues, cajun, zydeco, gospel, jazz e até som dos violões do Kenya. A América não foi exorcizada. "Nós todos vivemos na América, no sentido de que você liga a TV e é só América", disse Bono, "grande parte da música que ouvimos... A América é maior que os setecentos milhões de habitantes que moram lá. Como disse Wim Wenders, ´a América colonizou nosso inconciente´ - está em todos os lugares. Então como posso escapar disso?"
"Se as pessoas não gostaram de 'Rattle And Rum', elas também não vão gostar do que vem por aí. Eu não digo isso apenas em termos musicais. Quero dizer que vamos continuar a lançar nossos discos assim. Agora começamos a fazer discos para nós mesmos e para o nosso próprio público, que ouve atentamente todos os nossos trabalhos e repara em todas as sutilezas. Nós somos o Grateful Dead dos anos 90".
"Em vez de liderarmos o público, sentimos que eles nos acompanham passo a passo no caminho. Pensávamos que, se nós mudássemos completamente o som do U2 e entrássemos de cabeça na música gospel, country ou soul, nós perderíamos pelo menos 50% dos nossos fãs. Mas isso não aconteceu".
O U2 sempre havia caminhado no ritmo da batida marcial de Larry Mullen Jr. E o peso sombrio de tudo que eles fizeram, das reflexões de sua juventude e adolescência no álbum de estréia 'Boy', até a épica turnê cultural 'Rattle And Rum', tinha sido analisado e reutilizado, muitas vezes com significados não intencionais. Alguém até escreveu uma tese de pós-graduação sobre suas polêmicas.
Para uma banda superstar do nível do U2 a reinvenção era uma necessidade numa era em que a tendência do pop cair em desuso era medida em BPMs. Apesar de que a reinvenção não era um objetivo de uma banda como o U2. 'Achtung Baby' foi um longo percurso que começou em 'Boy'. Em vez de renascimento, eles buscaram a reencarnação.