“Nós não escrevemos muitas canções diretamente sobre amor”, diz Bono. E é verdade, no sentido convencional do termo. Mas o U2 escreve sobre amor o tempo todo. Na verdade o amor em suas múltiplas facetas e aparências é o que mais freqüentemente ocupa o terreno de suas músicas. ‘Heartland’ é uma canção de amor.
Ela foi escrita durante 1986 para o 'The Joshua Tree'. Gravada na casa de Adam Clayton em Rathfarnham, era uma das cinco ou seis faixas que permaneceram interminadas naquela maratona de sessões. Quando ela foi cortada, a banda passou a preferência para ‘Trip Through Your Wires’; era uma questão de fluxo e equilíbrio. ”Era muito descontraída”, Bono reflete. “Nós queríamos algo que pudéssemos tocar ao vivo. No 'The Unforgettable Fire' nós tínhamos feito esse tipo de rota ambiente, então em 'The Joshua Tree' nós queríamos endurecer um pouco”. ‘Heartland’ era algo que poderia voltar mais tarde com lucro.
Combina com o tema de 'Rattle And Hum' perfeitamente. Se o 'The Joshua Tree' tinha atacado a duplicidade e o coração enganado pelas maquinações políticas americanas, seu sucessor foi um documento muito mais carinhoso, e suas novas canções celebravam a cultura popular e o país que tinha provido o terreno fértil para o blues e o rock and roll. ‘Heartland’ emerge como uma canção de amor para a nação. A Irlanda tinha freqüentemente sido caracterizada como uma mulher por poetas como James Clarence Mangan em ‘My Dark Rosaleen’ e William Butler Yeats, que lançou o país como Caitlin Ni Houliháin e uma variedade de trabalhos. Agora Bono estava aplicando o mesmo tipo de licença poética. Ele passou no teste com honras.
‘Heartland’ foi a faixa favorita de Daniel Lanois no 'Rattle And Hum', e não apenas porque ele participou da produção junto com Brian Eno. Ele sentiu, em geral, que o álbum era muito claro, muito focado, muito contido. De uma perspectiva, falta-lhe a sensação de mistério que Eno e ele sempre tinham se esforçado para dar. “Nós sempre tivemos essa coisa na banda, onde falamos sobre o sexo do acorde", Bono explica. “Então se você não tocar a terceira, a corda torna-se bi-sexual de alguma forma. Poderia ser igualmente maior ou menor. E a faixa se torna sem resolução musicalmente se você usa nonas ou sextas e você não toca a terceira. Na música americana, e particularmente o blues, essas coisas tornam-se claras musicalmente. Danny ama ‘Heartland’ porque ela traz de volta as suspensões.
Ela está de volta ao sonho, a linguagem poética dos melhores momentos de 'The Unforgettable Fire', também. Como todos os assuntos do coração, há um elemento de obsessão aqui, um reconhecimento da dor ao lado do prazer de se descobrir apaixonado.
“A America me fascina e me assusta ao mesmo tempo”, Bono disse na época. “Eu não consigo tirá-la do meu sistema. O diretor de cinema alemão, Wim Wenders, que dirigiu Paris, Texas, tinha dito que a América foi colonizada por inconscientes. Ele está certo. A América é todos os lugares. Você nem mesmo precisa estar lá - ela vem até você. Não importa onde nós vivemos, é bombeado para nossas casas em Dallas, Dynasty e Hill Street Blues. Isso é Hollywood, isso é Coca-Cola, isso é Levi’s, isso é Harley's Davidson. Há bons e maus em tudo isso, mas de qualquer forma você tem que lidar com isso”.
Você não tem que ir lá - mas é melhor se você for. Há um suspiro no coração de ‘Heartland’, um sentimento de amor que, para todas as suas provações e tribulações, está sendo cumprida. E então Bono decola, subindo em um falsete maravilhosamente controlado para transmitir uma sensação de êxtase infinito.
Agradecimento: Rosa - U2 MOFO