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segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

The Edge: "Eu não necessariamente concordo com tudo que Bono faz"


Os Estados Unidos adotaram o U2. The Edge se lembra de ter tocado em um bar de Boston para apenas 300 pessoas, abrindo para uma banda chamada Malooga. Quando o show de abertura terminou, o público inteiro foi embora. Eles estavam conquistando a América.
Passados 25 anos, em 2005, aqueles 300 e poucos espectadores sem dúvida estavam de volta à um show naquela mesma Boston, para renovar o contato, mas dessa vez levaram quase 20 mil amigos com eles. O rugido com que o U2 foi recebido era ensurdecedor, especialmente da ala irlandesa.
Na tarde seguinte, The Edge estava em um apartamento no 12º andar no SoHo, Nova York, mexendo um chá gelado e olhando para Nova Jersey pela ampla janela.
"O meu maior orgulho é a minha humildade", ele disse. Suas sentenças perfeitamente construídas demonstram os poderes de concentração necessários para operar um gigantesco sistema de som.
"Nossa música não tem teto. Não foi inspirada pela mentalidade do bar de blues, vem de um lugar diferente. Nós tocamos para ressaltar nossos pontos fortes, e o nosso forte, de certa forma, é manter o som muito enxuto e simples."
Como o U2 compõe suas canções? "Você começa sendo a nova geração, que estabelece sua identidade rejeitando a geração anterior, isso é parte do ciclo. Mas no final você simplesmente insiste em compor até se aproximar daquilo que acredita ser a melhor canção do mundo."
Mas, afinal, que canção seria essa? "Coisas diferentes em momentos diferentes. Nós sempre vemos pessoas diferentes em nossas cabeças. Podia ser Bob Marley. Podia ser John Lennon. Podia ser o Clash. No começo, provavelmente era The Fall, Echo And The Bunnymen, o Magazine. Todas essas influências estão presentes em sua cabeça quando você está trabalhando."
"A primeira versão de "One", que eu gravei com apenas um violão e um piano, me soava parecida demais com o som de John Lennon. Todo mundo dizia que era preciso jogar a canção em outra direção. Então, Brian [Eno] e Danny [Lanois, os co-produtores] deram-lhe nova forma, e eu criei uma parte para guitarra elétrica", lembra The Edge.
"Eu disse que devíamos experimentar com a canção por cerca de meia hora. Voltamos à sala principal do Hansa - um estúdio fantástico, em um salão de baile dos anos 20, em Berlim. Bowie gravou "Low" lá, Nick Cave gravou lá. Nós quatro entramos. Comecei a tocar os acordes, Bono foi ao microfone e teve a ideia do refrão de "One" logo na primeira improvisação. O efeito emocional era intenso. Praticamente completamos o trabalho em três horas."
"Eu não necessariamente concordo com tudo que Bono faz, mas é preciso reconhecer que cada um de nós tem sua opinião particular. Ninguém jamais traiu o compromisso assumido com o grupo. O importante são as canções. Se forem ótimas, são ótimas apesar de nós, não por causa de nós. Honestamente continuo a nos ver como quatro rapazes sortudos da zona norte de Dublin."
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