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sexta-feira, 22 de julho de 2011

20 anos de Achtung Baby: Dias difíceis em Berlim

Em novembro deste ano se comemora os 20 anos de existência do álbum Achtung Baby, do U2.
Antes disso, mais precisamente no dia de hoje, a comemoração é pelo aniversário da seguidora do blog e grande fã do U2, Andrea!
Achtung Baby é o álbum preferido da aniversariante, e para celebrarmos em dose dupla, aí está uma matéria sobre o inicio dos trabalhos desta obra prima do U2!
Bono: "Nunca tínhamos deixado que o grupo usasse a palavra bebê em uma letra. Ela não constava no vocabulário do U2. Surge 27 vezes em Achtung Baby, sendo a razão do título. Nunca ninguém fez essa ligação. Embora me pareça obvia: atenção à criança! Os bebês estão logo na primeira canção, ‘Zoo Station’: I’m ready to say, I'm glad to be alive/ I'm ready, I'm ready for the push..."
Bono tinha escrito muita coisa na turnê Lovetown pela Austrália, enquanto tentava sobreviver à diferença do fuso horário. Passou o verão organizando tudo. Era preciso pôr um ponto final em muita coisa. Gravaram algumas demos no STS Studios. “Who’s Gonna Ride Your Wild Horses’ parecia promissora. Havia uns indícios de ‘Until the End of the World’, ‘Even Better Than the Real Thing’ e ‘Mysterious Ways’. Por isso, a banda seguiu para Berlim pensando: ‘Bom, apesar das músicas não estarem completamente escritas, temos umas coisas aqui, outras ali e tudo irá se arranjar. E estavam completamente enganados......
O U2 chegou em Berlim na noite da reunião oficial da Alemanha, no dia 3 de outubro de 1990, num vôo da British Airways, o último vôo noturno que pousou na Alemanha do leste, na noite em que a mesma deixou de existir.
Estava decorrendo muitas celebrações. Nas ruas cheias de gente, os integrantes da banda se misturaram em uma multidão gigantesca que parecia não estar se divertindo muito. Pensaram: “Esses alemães não sabem celebrar. Parecem todos carrancudos. Essa deveria ser a melhor noite de suas vidas”. Depois perceberam que estavam na festa errada. Tinham entrado em uma marcha de protesto organizada pelo Partido Comunista.
Dennis Sheehan, o diretor da turnê, descobriu umas casas de hóspedes em que os dignitários de Berlim Ocidental costumavam ficar. Então o U2 ficou hospedado na Villa Brezhnev. Bono dormiu na cama do antigo presidente da URSS.
Quando acordou, Bono não conseguia lembrar-se de onde estava. Ele pensou ter ouvido alguém no andar de baixo. Ele rastejou para fora da cama em busca de um copo d'água, na maior ressaca, e desceu para o porão. Enquanto estava lá de pé, vestindo apenas uma camiseta suja, ouviu o barulho na maçaneta. Alguém estava invadindo a casa.
Sem calças, ele caminhou silenciosamente escada acima e viu que os intrusos já tinham entrado. Lá estava uma família de alemães. Bono perguntou o que estavam fazendo ali, e um velho alemão muito bravo respondeu:
- Esta é minha casa.
- Esta casa não é sua, é minha – retrucou - Eu a aluguei.
- Onde estão os donos da casa? A casa não é sua.
- Mas afinal, o que você quer? Esta casa é nossa. É melhor irem embora senão chamo a policia.
Mas ele respondeu:
- Essa casa era do meu pai. Essa cara era da minha mãe. Essa casa é MINHA!
Bono então percebeu que o velho tinha atravessado a fronteira para retornar à casa onde nasceu e que lhe fora confiscada pelos comunistas. Bono então tentou dar um jeito na situação, escondendo com as mãos suas partes que estavam à mostra: “Vamos combinar o seguinte. Acho que já entendi tudo e se voltar daqui algumas horas, posso lhe mostrar a casa. Mas nesse momento estou nu e os outros estão dormindo”. Foi um início absolutamente surreal para Achtung Baby.
O U2 mudou-se para o hotel dos deputados do Parlamento da Alemanha do Leste, que ficava em frente a um edifício imundo onde se hospedava o parlamento, denominado Palácio Socialista. Era um hotel muito esquisito. Os soldados tiveram que desligar as câmeras de segurança da KGB e varrer os percevejos dos quartos. Havia prostitutas passeando pelo lobby tentando organizar algum câmbio de moeda. O hotel era muito frio.
A banda se reuniu no estúdio de gravação Hansa, não muito longe do Muro de Berlim. Eles tinham algumas demos gravadas num pequeno estúdio de Dublin no último verão, mas Larry e Adam não achavam aquelas canções particularmente boas. A atitude deles era: Nós tentamos o máximo criar alguma coisa em Dublin, agora tentamos em Berlim; vamos admitir que não está dando certo. Bono continuou tentando criar algo à partir de uma faixa chama "Who's Gonna Ride Your Wild Horses" que os outros prefeririam jogar no vaso sanitário. Eles tinham as bases para músicas chamadas "Acrobat," "Real Thing," "Love is Blindness," e "Tryin' to Throw Your Arms Around the World." Bono e Edge não abriam mão de um refrão: "It's alright, it's alright, it's alright/ She moves in mysterious ways," apesar do Edge continuar mudando a música em torno dele até achar alguma coisa que valia a pena para fazer uma canção.
As sessões no Hansa rastejavam em frente, com Berlim ficando mais escura e fria.
Edge chegou uma tarde e lá estava Daniel Lanois no estúdio, tocando guitarra e cantando, desesperadamente tentando que uma música nova chamada "Down All The Days" soasse como o antigo U2 do Joshua Tree.
Uma noite, eles estavam lutando com uma faixa chamada "UltraViolet" e não estavam indo a lugar algum. Edge achou que a música precisava de outra seção e foi para o piano, na sala grande, para voltar com um 'middle eight'. Após tocar por um tempo, ele obteve dois trechos possíveis e não tinha certeza de qual seria melhor para a música. Ele voltou para a cabine de controle, pegou uma guitarra acústica, e tocou os dois para Lanois e Bono verem qual eles preferiam. Eles disseram que os dois soavam muito bem - como seria se os dois fossem colocados juntos?
Edge foi para o estúdio e começou a tocar as duas partes juntas, uma depois da outra. Larry e Adam o seguiram com a bateria e o baixo. Bono foi para o microfone e começou a improvisar uma letra e uma melodia: "We're one, but we're not the same - we get to carry each other, carry each other."
A banda tocou a nova música por uns dez minutos. "Is it getting better," cantava Bono, "or do you feel the same? Is it any easier on you now that you've got someone to blame?" Edge sentiu como se de repente tudo estivesse se juntando. Eles foram para a cabine e ouviram o playback com um alívio próximo a alegria. Pela manhã seguinte eles tinham gravado "One", uma música tão forte como eles jamais haviam escrito. Ela apareceu para eles toda pronta e apareceu fácil, como um presente.
"One" representou o ponto de virada para o U2.
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