"Walk On" de 'All That You Can't Leave Behind' do U2 que completou seu 20° aniversário recentemente, foi lançada como single em 19 de novembro de 2001.
A música foi escrita na época sobre a acadêmica birmanesa Aung San Suu Kyi, que era a presidente da Liga Nacional para a Democracia e foi colocada em prisão domiciliar de 1989 a 2010 por suas atividades pró-democracia, o que levou a canção a ser banida na Birmânia.
Em março de 2000, o U2 foi premiado com o Freedom Of The City Of Dublin em uma cerimônia em que Aung San Suu Kyi foi homenageada, mas estava ausente. A banda nunca tinha ouvido falar de Suu Kyi antes disso, mas soube que seu ativismo e luta pela liberdade na Birmânia a levaram à prisão domiciliar desde 1989. Sua história inspirou Bono para a letra de "Walk On".
Em dezembro de 2017, a música ganhou um novo significado após o silêncio de Suu Kyi sobre o genocídio dos muçulmanos Rohingya. Bono afirmou que ficou "nauseado" com a postura de Suu Kyi sobre o assunto e o U2 retirou as dedicatórias à ela nas reedições do disco.
A versão do videoclipe de "Walk On" em que Suu Kyi aparecia com uma mensagem foi relançado e editado tempos atrás, substituída por mensagem de apoio aos muçulmanos Rohingya em Mianmar.
Mianmar passou em novembro de 2020 por eleições no Parlamento bastante criticadas por não permitir a participação de minorias étnicas. Praticamente todos os muçulmanos rohingyas não votaram, porque eles se encontram em campos de refugiados em Bangladesh ou porque perderam a nacionalidade birmanesa.
Militares de Mianmar tomaram o poder no país hoje e detiveram integrantes do governo, inclusive a líder política de fato, Aung San Suu Kyi.
De acordo com a agência Associated Press, uma junta militar pretende ficar no governo durante um ano. Eles acusam os governantes depostos de estarem no poder graças a uma fraude eleitoral.
O partido Liga Nacional pela Democracia venceu uma eleição que opositores, impulsionados por militares, acusam de serem fraudadas — o que o presidente e as lideranças governistas de Mianmar negam.
Aung San Suu Kyi pediu nesta segunda-feira à população do país que não aceite o golpe de Estado realizado durante a última noite. As forças armadas instauraram um regime ditatorial, disse a líder, em um comunicado divulgado pela manhã, por seu partido.
Em 2019, Aung San Suu Kyi compareceu à Corte Internacional de Justiça, em Haia, para defender o país e o seu governo das acusações de massacrar a minoria, que é muçulmana, e provocar o êxodo de 730 mil pessoas rumo ao vizinho Bangladesh.
Apesar de reconhecer a possibilidade de "excessos", ela disse que não havia a perseguição específica a um grupo. Até seu apologista Bono, pediu a ela que renunciasse.
Além de negar o que era óbvio a observadores internacionais, Suu Kyi manteve as políticas discriminatórias, vetando a participação de pessoas da etnia na vida pública. Jornalistas que investigaram os massacres amargaram cadeia.