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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

30 anos do U2 no Carnaval de Santa Cruz de Tenerife - Parte I


Humberto Gonar - eldia.es

Carnaval de 1991. Entre o hotel Mencey, Las Teresitas e San Andrés passaram os integrantes do U2, surpreendidos por seus fãs na noite do Carnaval de Chicharrero. 
A inesperada presença do U2 em Santa Cruz de Tenerife foi uma grande surpresa, especialmente para os seus fãs.
A primeira suspeita ou pista de que o U2 chegaria à capital de Tenerife no carnaval de 1991 foi de José Farrujia, fã e precisamente nessa altura editor do Fanzine U2 Lifeline Exit, do qual foram publicados dois números e coincidiram por acaso com a visita e a publicação. Um amigo britânico de José Farrujia, que estava de férias em Lanzarote, avisou-o que a banda irlandesa havia desembarcado na Ilha de César Manrique para gravar imagens para seu próximo videoclipe e que de lá iriam para Tenerife. Era uma questão de perguntar: uma banda como o U2, onde poderiam ficar em Santa Cruz? Hotel Mencey, estabelecimento de luxo e referência da capital; era apenas uma questão de montar guarda. Em 9 de fevereiro, Adam e Larry chegaram de Lanzarote ao Aeroporto Reina Sofia, enquanto Bono fez isso através de Los Rodeos, onde foi recebido pelo cônsul da Irlanda, vestido com roupas de verão que o obrigou a pedir um guarda-chuva emprestado de uma garota que reconheceu.
Até a noite do Carnaval de sábado, 9 de fevereiro, José Farrujia - atualmente professor de Didática das Ciências Sociais da Universidade de La Laguna - era um dos poucos privilegiados que sabia que o U2 viria ao Carnaval de Santa Cruz, junto com o Consulado da Irlanda em Tenerife que se encarregou de facilitar todos os trâmites de estada da banda e licenças de gravação.
Às dez horas da noite do sábado de carnaval de 1991, um grupo de amigos - alunos do Luther King, em La Laguna - se reuniram na porta da Galería Preciados, na rua del Pilar. É uma coincidência – fundamental – que também formaram a banda de rock local Rexdeus: Enrique Domínguez, baixista; Jorge Pérez, cantor; Julio Álvarez, guitarrista, e Antonio Hernández Salinas, bateria, e como outros na época, tinham seus quartos repletos de fotos do U2.
"Juro que não tínhamos nem bebido e era dez da noite ... era nossa primeira parada; também não estávamos fumados", ri Antonio Hernández. Enrique Domínguez garante que foi ele quem, parado na entrada das Galerías Preciados, viu passar na rua um rapaz com um lenço na cabeça e uma jaqueta e comentou com o resto do grupo: "Caramba, que lindo traje para se fantasiar", e era mesmo o guitarrista e tecladista do U2. "Chamava atenção porque era estranho, não era de acordo com o carnaval, ele não se encaixava com toda aquela gente disfarçada". Alguns passos atrás estava a comitiva de uma dúzia de pessoas, entre as quais reconheceram toda a banda. "Senti que o corpo não me pertencia; parece que você está começando a flutuar", narra Antonio Hernández.
Tanto Enrique como Antonio - que também esteve com eles nas Galerias Jorge - admitem que a primeira coisa que chamou a atenção nos integrantes do U2 foi a sua altura, "pequeninos", costumavam vê-los enormes em pôsters e vídeos. "Falamos em inglês com Larry Mullen Jr., o baterista, com o mesmo domínio do idioma que você aprende na escola, e contamos a ele nossa admiração por eles. Nós os acompanhamos enquanto passavam em frente à Plaza del Príncipe, depois em frente ao Hollywood Shopping Center - lá pedíamos nos bares um bloco de notas e canetas para dar autógrafos - e eles foram à churrascaria basca La Chacra, no parte superior da cidade, Calle de La Luna, onde o U2 entrou para jantar.
Lá a banda e sua comitiva pediram à eles que respeitassem o jantar, ao mesmo tempo que também pediam discrição e não avisassem de sua presença na capital. Os amigos que formavam o grupo de rock local Rexdeus decidiram ficar de guarda.
Enrique ficou na porta da churrascaria basca La Chacra, mas faltava o quarto integrante do Rexdeus, Julio Álvarez Pitti, com quem haviam combinado um encontro nos quiosques, e Jorge e Antonio foram ao seu encontro para lhes contar a boa notícia. Julio, a caminho da churrascaria basca na Calle de La Luna, propôs contratar um fotógrafo da área da Plaza San Francisco, onde estavam seus pais. A presença de sua mãe, Carmen Pitti - reitora da Ordem dos Advogados - foi fundamental para garantir o pagamento acordado com o fotógrafo: 5.000 pesetas em troca de acompanhá-los e esperar a saída do U2. A espera durou uma eternidade e o fotógrafo que ria desistir, mas eles o convenceram com conversas amigáveis e algumas cervejas. "Nós o contratamos por volta das 23h30 e o U2 saiu à 1:30 da manhã, o baixista com a roupa toda manchada de vinho. Eles nos perguntaram aonde poderiam ir e dissemos que a cidade inteira era um bar gigante no carnaval. Eles concordaram em tirar as fotos e quando pedimos autógrafos novamente, Bono autografou uma fantasia que guardo até hoje. Lá o U2 já nos pediu para deixá-los continuar sozinhos e eles se perderam na rua San José".

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