O RadioWise UK escreve que o ciclo solo de Bono, que começou há três anos com a autobiografia 'Surrender' e culminou em uma turnê e um filme, 'Stories Of Surrender', ainda não terminou.
Atualmente, um "novo" livro de Bono está sendo lançado na Itália pela editora Mondadori, com um título semelhante ao da turnê e do filme de Andrew Dominik, lançados em streaming na Apple TV.
O aadjetivo entre aspas é porque 'Stories Of Surrender' é uma versão revisada e abreviada do livro, com 27 capítulos dos 40 originais, reorganizados para coincidir com a estrutura narrativa do filme. Originalmente publicado para o mercado anglo-saxão, a nova versão do livro foi disponibilizada apenas no Japão e agora na Itália.
No entanto, o livro inclui material inédito, como a introdução intitulada 'A Tale Of Two Shows: Intro Music' e um posfácio atualizado. É precisamente a introdução que oferece diversas perspectivas sobre a fase que Bono atravessa. "Minha história continua se revelando para mim, em cada novo meio em que a conto", escreve Bono, que prossegue: "O livro de bolso que vocês têm em mãos contém histórias mais concisas do que o original, justamente para ecoar o arco narrativo do filme. O primeiro ato da minha vida foi família, diversão… e trauma. O segundo ato foi quando encontrei uma família alternativa na banda e com Ali, minha esposa. Este terceiro ato é o confessionário, quando comecei a entender os dois primeiros atos e aprendi a falar sobre isso com vocês".
Bono expressa um conceito interessante: a dimensão confessional é uma forma de transgressão, que ele compara ao punk: "Não me sentia tão próximo do público desde que era quase um adolescente, em 1980, quando toquei no Marquee Club, na Wardour Street, em Londres. Naquela época, 'intimidade' significava que as pessoas ficavam tão perto que a saliva chegava ao rosto. Mas no mundo do teatro, estou aprendendo a ser eu mesmo no palco. Eu mesmo, um lugar que só alcancei fugazmente, em algumas músicas, em todos esses anos de carreira. A intimidade é o novo punk rock, digo a mim mesmo. O que aprendo é posto à prova poucos meses depois em Las Vegas, onde a fama é uma máscara que corrói o rosto, onde o artista está no cardápio 24 horas por dia, 7 dias por semana".
Bono então relaciona seu trabalho solo à apresentação do U2 no Sphere, em Las Vegas, dizendo que Paul McCartney o elogiou pela parte em que a tela se transforma: "Às vezes não é um lugar confortável, mas é aí que a história de dois shows termina e este livro começa".
Bono em entrevista, explicou o significado da palavra 'Surrender' (Rendição), que reaparece em várias músicas do U2 e dá título ao livro e ao show: "Não é muito fácil fazer as pazes com o mundo agora. E quanto a como estou fazendo as pazes comigo mesmo, não está indo muito bem... Enquanto fazer as pazes com Deus é algo que sempre foi fácil para mim. Sempre me senti amado por quem sou, pela minha fé e pela minha religião. Intitulei o livro 'Surrender' não porque eu soubesse o que essa palavra significava ou como colocá-la em prática, mas porque eu sabia que precisava abordar essa questão".
