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sexta-feira, 8 de abril de 2016

1979: A Grande História Da Inocência - Parte 12


Na primavera de 1980, o U2 começou a trabalhar com Steve Lillywhite no seu álbum de estréia, 'Boy', no Windmill Lane. Um brilhante jovem engenheiro e não convencional, Lillywhite pertencia mais a geração da banda do que Martin Hannett. Na opinião de Bill Graham, ele era mais "facilitador" do produtor, deixando a banda mais aquecida, soando mais ao vivo, usando várias técnicas pouco ortodoxas, como a gravação da bateria de Larry em uma escada e vocais de Bono em um pátio.
Durante as sessões no Windmill Lane, o jornalista Paolo Hewitt e o fotógrafo Tom Sheehan fizeram registros para o primeiro artigo do U2 na Melody Maker.
"O que me surpreendeu foi que Paul McGuinness me levou neste carro vistoso", recorda Hewitt. "Porque sempre que você ia para entrevistas, ninguém tinha dinheiro naquele tempo. E McGuinness foi muito educado e cortês, não é o tipo usual de manager, muito sofisticado. Lembro que o baterista não disse uma palavra. Bono falou na maior parte da conversa, como ele faz agora. Eles eram muito humildes. Eles tinham esse tipo de vibração 'Deus, você veio até aqui para ver nossa vibe'."
Hewitt foi um dor primeiros a se converter ao U2 depois de vê-los tocar no Clarendon Hotel em Hammersmith. "Eu fui atingido por eles porque tinha aquela coisa meio punk e em seguida passou para aquele som meio new wave. Eles tinham algo do punk, mas com melodia e uma voz – não tínhamos muitas vozes boas até então. Eles tinham um som único no momento. No momento, havia muita música acontecendo – Joy Division, Cabaret Voltaire, The Pop Group, todos estes grupos estavam em ascensão. E então o U2 veio e eles tinham uma verdadeira energia e paixão que você não estava recebendo destes grupos intelectuais."
Tom Sheehan ficou igualmente impressionado com seu primeiro encontro com o U2. "Paul McGuinness veio nos pegar no aeroporto e nos deixou lá depois também", ele confirma, acrescentando que "os tempos mudaram muito desde então. Contei para eles que os meus pais vieram de Dublin, então eles me levaram à um pub chamado Sheehan e tiraram uma foto de mim no lado de fora."
Em vários locais ao redor do Windmill Lane e no aeroporto de Dublin, Sheehan fotografou o jovem U2 em poses artísticas em meio à metais esculturas e murais de parede estilo Jackson Pollock. Ele ficou impressionado pela ambição da banda.
"Ficou claro que eles iriam tentar o seu melhor para ser a maior banda de rock de sempre", recorda Sheehan, "o que muitas bandas fazem. Mas o U2 me pareceu um pouco mais convincente sobre eles - não era blefe e arrogância. Eles têm aquela coisa irlandesa sobre eles, mas havia um pouco mais do que isso. Muitas bandas não têm esse desejo, não querem ir mais além do que ter um bom álbum, comprar uma casa e um carro. As riquezas que vieram com o U2 agora são obviamente importantes, mas naqueles dias a dominação do mundo foi provavelmente a coisa mais importante."
Acima de tudo, porém, Sheehan recorda da jovem banda, a maturidade e profissionalismo. "Sua abordagem não era adolescente, eles tinham ideias. Tinham em torno de 20 anos de idade, mas eles provavelmente se comportaram como se tivessem 25 anos de idade. Em sua atitude mental, eles subiram alguns degraus. Não havia porra nenhuma sobre perda de tempo. E ainda hoje eles me parecem do mesmo jeito."

Revista Uncut - Dezembro de 1999
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