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terça-feira, 29 de março de 2016
'How To Dismantle An Atomic Bomb': Fase Um
The Edge disse em uma entrevista para a Guitar World, que em um disco do U2, ele se envolve tanto na composição das canções e gravações, que provavelmente ele é a primeira pessoa no processo, à perder toda a objetividade. Seria aquela coisa de "Hey Edge, você pode pensar que está finalizado. Mas não está, está longe de estar terminado."
Segundo Edge, isso é o que aconteceu com o que ele chama de "Fase Um" de 'How To Dismantle An Atomic Bomb', que foram as gravações que o U2 fez com o produtor Chris Thomas.
O U2 havia planejado gravar o álbum tendo apenas Chris Thomas como produtor. Entenda a "Fase Um":
The Edge: "Chris veio para Dublin, nós entregamos um monte de coisas e ele disse: ‘Sim, isto é interessante. Vamos para o estúdio ver como isso funciona’."
Bono: "Chris tem uma coisa que nós não temos muito no estúdio – o dom da clareza."
Adam Clayton: "Chris chegou bem cedo no processo e teve um grande entrosamento com o Edge e tudo relacionado à sabedoria da guitarra estava realmente funcionando muito bem. Nós começamos em março de 2003 e o plano era aprontar o álbum para o final do ano. Mas quando as sessões progrediram e a aproximação particular entre o U2 e as composições começou a se consolidar, ele pareceu menos confortável em nos guiar. Porque nós não temos uma base musical acadêmica, nós realmente precisamos desenvolver os arranjos, as melodias e os ganchos simultaneamente. É um processo de tentativa e erro, onde você adiciona mais informação harmônica em uma faixa e afeta o espírito da música, que afeta o espírito da melodia vocal e da composição. Eu penso que Chris achou muito complicado continuar tocando as coisas para frente. Havia muitas ideias, mas nós parecíamos não conseguir fechar um acordo. Trabalhamos todo o verão e quando chegou o outono de 2003 tínhamos gravado material suficiente para um álbum. O Jimmy Lovine escutou as faixas e disse: “Já têm um disco, estamos prontos para lançá-lo”. Mas havia um mal-estar na banda."
Bono: "Estafamos o Chris. Como aconteceu com o Flood e o Nellie no 'POP'. Somos como um vírus que rodeia as pessoas com muitas alterações e combinações até que elas não saibam mais para onde se virar."
Paul McGuinness: "O U2 trabalha muito. São perfeccionistas, mas o trabalho se expande até preencher o tempo disponível para executá-lo. Continuo me espantando que eles consigam se concentrar durante tanto tempo em um disco e fico pasmo por não escreverem as canções antes de gravar. O Chris Thomas veio me visitar um dia e disse: - Nunca trabalhei com um artista em que nada esteja preparado, eles entram e esperam que aconteça. Estou sentindo que fico os desiludindo. - É sempre assim, e sempre ocorre tudo bem. Mas aquilo foi o canto do cisne. Era esgotante e ninguém se divertia."
The Edge: "Nós estávamos muito perto finalizar o álbum com Chris. Eu diria que nós tínhamos duas ou três músicas que nós sentimos que estavam prontas e só precisavam ser mixadas, e cinco ou seis músicas que estavam quase prontas. Naquele ponto, estávamos há alguns meses para finalizarmos o álbum, mas depois se tornou evidente que não estávamos ali."
Larry Mullen: "Aquilo não era um disco. As músicas tinham uma série de enganos, tinham muitas coisas boas, mas faltava magia, aquilo que distingue o ordinário do extraordinário. É difícil concretizar ou justificar em uma discussão, mas lhe faltava aquilo. Era uma conversa difícil de estabelecer com o Bono e o Edge. Na época o Bono estava nos pressionando para editarmos aquelas músicas como um álbum e não ficou nada contente quando não concordamos com ele. Sei que o Bono e o Edge ficaram muito frustrados, mas não se tem esse tipo de conversa com os companheiros que estão dando o máximo a não ser que se tenha muita fé na música e na banda."
The Edge: "Sentimos que o disco seria finalizado, e de repente, ele não foi finalizado. É como se o balão esvaziasse de repente e batêssemos no chão. Levamos basicamente nove meses suando a camisa com o Chris, mas as músicas não chegavam a lado nenhum, e em alguns casos pioravam. Foi aí que pedimos para Steve Lillywhite vir e nos ajudar a entender tudo. É um processo tão difícil. Eu sempre acho que vai ficar mais fácil."
Adam Clayton: "Não é fácil decidir parar, adiar o lançamento do álbum e começar com um novo produtor, mas não há dúvidas que era o melhor a ser feito."
Paul McGuinness: "Foi difícil telefonar ao Chris e não fiquei contente com isso. Acho que foi difícil para todos gastar tantos meses trabalhando com uma pessoa e depois ter que admitir que afinal não dava resultado. Mas ele fez uma série de trabalhos válidos e há bastante coisas dele no álbum. No entanto, foi de fato, o Steve Lillywhite quem veio, o montou e demonstrou estar decidido a terminá-lo. O Steve é como uma injeção na veia em qualquer projeto, porque é tão contagiosamente prático e bem disposto que levanta o espírito das sessões. Não vale a pena um bom artista lançar um disco a não ser no último trimestre do ano, época em que a venda de discos é tão elevada a nível mundial que se compara a todos o resto do ano. Por isso, quando ultrapassamos o prazo para a edição no outono, o álbum não passou para o começo de 2004, mas sim para o final de 2004. É uma opção dispendiosa acrescentar mais um ano de trabalho devido às despesas que isso acarreta."
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