É final de março, e o guitarrista The Edge está em Los Angeles em um estúdio onde ele está trabalhando no estágio inicial do próximo disco do U2, e experimentando com dois novos instrumentos: a Fender Stratocaster com sua assinatura – seu primeiro instrumento personalizado – e o amplificador série Edge Deluxe, com assinatura da empresa.
"Eu aproveitei a oportunidade para testar protótipos da guitarra e dos amplificadores na estrada no ano passado, e dar-lhes um treino muito intenso", diz ele. "Eu também fui capaz de comparar a guitarra com minha original Strat 70’s, que me iniciou com o instrumento e o amplificador que impulsionou um novo som para mim, com a canção "Vertigo". Dei meu feedback para a Fender, e fomos capazes de dialogar em todas as nuances do som."
"Eu aproveitei a oportunidade para testar protótipos da guitarra e dos amplificadores na estrada no ano passado, e dar-lhes um treino muito intenso", diz ele. "Eu também fui capaz de comparar a guitarra com minha original Strat 70’s, que me iniciou com o instrumento e o amplificador que impulsionou um novo som para mim, com a canção "Vertigo". Dei meu feedback para a Fender, e fomos capazes de dialogar em todas as nuances do som."
Trabalhar com a empresa acabou sendo uma experiência que iria mudar a perspectiva de Edge em instrumentos que é conhecido intimamente por ele em quase 40 anos. Embora ele ainda toque com várias guitarras diferentes – Gibson Explorers e Fender Telecasters, Les Pauls, modelos Gretsch Chet Atkins, entre muitas outras – a Stratocaster tem sido a arma secreta por trás de alguns dos maiores sucessos do U2, incluindo "Pride (In The Name Of Love)", "Where The Streets Have No Name" e "Sunday Bloody Sunday".
Construindo uma guitarra do zero, bem como a tentativa de replicar um amplificador de quase 60 anos, ajudaram The Edge à perceber por que seus instrumentos favoritos soam do jeito que são.
Como a guitarra e o amplificador estão começando a ser vendidos em lojas de guitarra, The Edge conversou com a Rolling Stone para uma entrevista sobre tudo o que ele aprendeu com o processo e por que, depois de quase quatro décadas, ele continua voltado para a Fender Stratocaster.
Sua primeira guitarra elétrica foi uma Strat?
Foi a primeira guitarra que eu tive, que não era uma cópia barata japonesa de outra guitarra. Foi a primeira guitarra adequada, de nível profissional, que comprei.
Quando você comprou ela?
Eu comprei com meu irmão, acho, em 1979. Naqueles dias, dividíamos o dinheiro que tínhamos. E desde que eu estava em uma banda, e obviamente estávamos tocando juntos em casa, parecia como: "Ok, compartilharemos o amplificador, compartilharemos a guitarra e nós vamos descobrir sobre isto". Então quando o U2 foi formado, os primeiros shows que fizemos, abrindo para outras bandas, eu estava tocando uma Sunburst Strat que provavelmente foi construída em meados do anos 70. Quando meu irmão foi para a faculdade – no fim de uma era para a banda – dividimos o equipamento. Eu levei o amplificador, ele ficou com a guitarra. Ele ainda tem a primeira Strat que compramos.
O que atraiu você para as Strats, em primeiro lugar?
Uma das razões é que eu era um grande fã de Rory Gallagher. Ele era um guitarrista irlandês, que foi o mais interessante guitarrista da época. E eu o vi ao vivo algumas vezes e eu estava realmente inspirado por sua maneira de tocar e o som que ele fazia. E então, você sabe, obviamente foi a primeira guitarra.
Você também toca com uma Gibson Explorer desde os primeiros anos.
Quando nossa música começou a ser desenvolvida e minhas composições e maneira de tocar foram se desenvolvendo, eu tentei encontrar algo que era um pouco diferente, como, um passo mais próximo do tom que eu gostava. Então nós fomos para o primeiro álbum com a Explorer. Mas realmente senti falta da Strat, então quando nós juntamos um pouco de dinheiro – quando tivemos nosso contrato – na primeira chance que eu tive eu comprei minha Strat preta, que ainda possuo.
Você disse que certos instrumentos conduzem sua criatividade. Neste caso, foi verdade?
Sim. Eu não sou um músico teórico ou um escritor teórico. Eu sou um cara prático que exerce a música de forma ingênua. Adoro quando eu sou levado pelos sons que estão acontecendo. E minha inspiração vem muito do sônico, eu sou um guitarrista muito melhor quando a merda está soando bem. Se o som não é grandioso, eu estou operando em 50% do meu potencial. É algo que deixa meu jogo mais disputado. Então quando eu estou trabalhando com um grande som, vou encontrar e fazer coisas que eu nunca poderia imaginar outra forma para preencher o som. É, tipo, um caminho para eu me tornar livre e se perder na música. Então, eu confio no som realmente, nesse sentido, para me inspirar.
Quando penso em você tocando uma Stratocaster, a primeira coisa que vem à mente é The Joshua Tree.
Sim, eu absolutamente estava amando a flexibilidade do instrumento naquele momento.`À partir de "Bullet The Blue Sky," que é tão intensa e o som pesado, para os requintes de "Where The Streets Have No Name", tão versátil. Eu acho que de todas as guitarras elétricas provavelmente tem maior versatilidade.
Você tocou o arpejo de abertura de "Where The Streets Have No Name".
Sim. E quando você tentar isso com um instrumento diferente, essas notas simplesmente não tocam da mesma maneira. É assim que a Strat responde.
Você comprou sua primeira Strat há quase 40 anos e agora você fez a sua primeira guitarra personalizada. Por que agora?
Bem, eu comecei essa relação com Fender e pela primeira vez eu acho que senti como uma coisa natural a se fazer. Isso nasceu fora de meu entusiasmo para o instrumento e para a empresa. Eles fizeram disso muita diversão, em colaborar com eles e explorar ideias. Parecia ser uma coisa muito natural pegar todo o conhecimento que eu já acumulei ao longo de anos sobre a Strat e refinar isso num instrumento que eles poderiam produzir. De maneira egoísta, realmente me ajuda porque não tenho que ser tão paranoico sobre minha Strat 70’s ser danificada ou se perder. Agora posso literalmente pegar uma na prateleira e ter a certeza que ela vai funcionar para mim.
Quando você começou a trabalhar com a Fender, o que você pediu especificamente?
Foi realmente muito simples com a guitarra e o amplificador, pois, eu tenho esses instrumentos que uso há 30 anos que eu amo e que desde que comprei eles, estão em cada álbum do U2 e em algumas das nossas canções clássicas, em cada turnê do U2. Então o lance de abertura foi: "podemos conseguir uma guitarra que soe melhor, que combine com essas canções clássicas e seja ainda mais verdadeira, mais pura, mais do que é necessário?" As canções clássicas do U2 que eu toco com a Strat são "Where The Streets Have No Name", "Pride (In The Name Of Love)", "Bad" e "Bullet The Blue Sky". Já tentei essas canções ao longo dos anos com equipamentos um pouco diferentes, conforme necessidades e a disponibilidade de tecnologia ditada, mas há sempre um som que eu vou nele, um som na minha imaginação que eu estou tentando combinar, e eu tenho uma ligação muito subjetiva, ligação visceral com esse som. Então nós tentamos criar isso.
Você disse que gostou porque você poderia pegar esta guitarra em uma loja e somente tocá-la. O quanto é fácil para alguém replicar o seu som com essa guitarra e amplificador?
É interessante. O som clássico da Strat que eu usei para "Streets", "Pride" e "Bad" na verdade é tocado através do Vox. Mas o amplificador que estou usando para muitas das músicas mais difíceis, como "Vertigo" – e eu usei uma Telecaster nessa canção – é como o Fender. É um amplificador que tem esse peso incrível e semi amplitude. Este novo amplificador personalizado baseia-se naquele amplificador.
Como você chegou ao amplificador Fender?
Pedi para Dallas Schoo, meu técnico de guitarra, algo pequeno que eu pudesse tocar em casa, só para poder tocar e fazer algumas demos em casa. Então ele trouxe este Deluxe 57’. E... eu configurei ele para um pequeno pedal de distorção em linha, e eu comecei a tocar e foi como: "Uau, o que é essa coisa?" Inacreditável. Eu coloquei um loop de Larry tocando bateria e comecei a tocar junto. Dentro de mais ou menos 20 minutos, eu tinha basicamente escrito as partes de guitarra e todas as ideias para a música que se tornou "Vertigo" mais tarde. Novamente, era uma resposta ao som.
Quando chegou a turnê, Dallas tentou encontrar algo parecido, porque levar um amplificador 57' na estrada, que é o que tenho feito, é um pouco assustador. Essas coisas quebram, mas você nunca sabe quando vão quebrar. É um nível de risco que nenhum de nós sente-se confortável.