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sábado, 12 de março de 2016

1983: U2mania no Japão


A primeira vez que o U2 se apresentou no Japão, foi em 1983, e Adam Clayton conta: "Nós fizemos nossa primeira turnê no Japão, que foi o lugar mais alienado em que já estive. O Japão é o lugar mais próximo de se descobrir como a Beatlemania deve ter sido. A empolgação que os japoneses exibiam parecia incompreensível; nós estávamos sendo seguidos pelas estações de trem e em lobbies de hotel por adolescentes japoneses. Aquilo se deslocou de toda a proporção mediante a música. Mas o Japão é um país estrangeiro. Às vezes eu acho que eles vêem a cultura e a música ocidental como se fosse um desenho animado."
Bono conta o que se recorda daqueles dias de loucura: "Eu não podia acreditar no que meus olhos estavam vendo. Nós não éramos uma banda de homens, mas uma “boy-band” no Japão. Quando a gente saiu do aeroporto, havia fãs aos berros, e onde quer que a gente fosse havia garotas soltando seus gritos: no hotel, esperando atrás dos elevadores, quando fomos andar de trem bala em Tókio. Nós estávamos neste extraordinário e veloz super-trem cromado e de plástico do futuro, nós fomos a Tókio e todas as luzes se apagaram. Nós não conseguíamos ver nada e o barulho das rodas era inacreditável. E foi aí que eu percebi que não eram as rodas que estavam fazendo barulho, mas sim os milhares e milhares de fãs que esperavam pelo trem e que agora tinham a suas caras pressionadas contra o vidro, e aí não conseguimos olhar lá fora. E eu me lembro de ter escutado um som, alguma coisa como ‘Rarry’. Digo, eu escutei ‘Bono’ e eu escutei ‘Edge’ e eu escutei ‘Adam’ mas eu escutava mais era ‘Rarry’. Quando nós saímos do trem, eu e o Larry levamos um susto e saímos correndo, com todas essas garotas adolescentes correndo atrás de nós. Nós descemos correndo as escadas da estação de trem e elas vieram rolando as escadas abaixo atrás de nós. Algumas delas estavam tropeçando em outras garotas, uma cena terrível. Nós corremos para fora, vimos um táxi e nos jogamos nele. O táxi logo estava cercado de garotas, batendo no capô do táxi, e o taxista olhava chocado para aquilo tudo. Larry se virou e começou a gritar para ele: ‘Vai, vai, vai!’ O táxi arrancou. Cerca de dois quilômetros adiante, o taxista começou a falar com a gente em Japonês, e eu olhei para o Larry e ele olhou para mim. ‘Você sabe onde a gente está indo?’ ‘Eu não sei onde a gente está indo. Você sabe onde a gente está indo?’ Éramos O Gordo e O Magro. Daí o taxista começou a esticar a sua mão, pedindo dinheiro, mas nós não tínhamos nada. Então ele começou a ficar muito irritado e tentou parar o carro e jogar a gente para fora. Mas de alguma forma, depois de prometermos uma grande quantia de dinheiro, e que de alguma forma ele pareceu entender isso (ou talvez foi a ameaça de violência), ele levou a gente de volta para a estação de trem.
Larry Mullen também deu seu depoimento: "Ok, houve um pouco de gritaria. Pode ser que tinha vinte meninas do lado de fora do hotel. Dificilmente do time das “boy-bands”. Mas havia alguma euforia por parte das meninas, que causou uma grande impressão nos outros três. Eu fiquei um pouco envergonhado, embora lisonjeado ao mesmo tempo. Só de estar no Japão já era uma super experiência. Parecia que nós tínhamos pousado no set de filmagem do filme Blade Runner. Era tão caro, nós não podíamos nos dar ao luxo de comer nos hotéis ou nos restaurantes. Nós tínhamos que pegar comida dos camarins para sobreviver. Nossas namoradas e esposas estavam na viagem, e eu me lembro das crianças pararem a Ann e eu nas ruas para tirarem uma foto com a gente. Não tinha nada a ver com o U2, era só porque nós dois éramos loiros. Eu acho que a gente era parte de um estudo antropológico."
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