The Edge deu uma exclusiva e longa entrevista para Olaf Tyaransen, para a nova edição da Hot Press.
Nesta 3° parte ele fala sobre o próximo disco do U2, 'Songs Of Experience', sobre a forma de lançamento que podem utilizar desta vez, a incapacidade de Bono em tocar guitarra nesta turnê, a adaptação do palco para os shows em Dublin.
Olaf Tyaransen: Como anda 'Songs Of Experience'?
The Edge: Estamos trabalhando nele no caminho, aqui e ali, quando estamos ao redor. É difícil dizer quanto tempo levará para terminá-lo, mas estamos realmente determinados a terminá-lo logo no início do ano. Esse seria nosso plano: tentar terminá-lo o mais rápido possível no Ano Novo e lançar ele quando encontrarmos o momento certo.
Olaf Tyaransen: Quando seria?
The Edge: Não há datas. Ainda não descobrimos isso, mas nossa intenção seria lançar ele em algum momento no final do próximo ano.
Olaf Tyaransen: Vocês vão lançá-lo da mesma maneira que 'Songs Of Innocence'?
The Edge: Nós estamos vendo todas as opções. É o mesmo problema. Vejo tantos grandes álbuns que são lançados e então eles desaparecem. É tão difícil agora obter a atenção das pessoas. Obviamente, existem exceções. A nova música da Adele criou uma sensação enorme e eu acho que é uma grande canção. Ela é um fenômeno – então você tem as exceções. Mas para muitos artistas, qualquer coisa com uma guitarra hoje em dia, parece que atravessa o mesmo tipo de julgamento, que é 'como podemos gerar interesse pelo nosso trabalho?' Temos visto o benefício do lançamento pela Apple na nossa turnê. Isso sim é uma coisa de louco.
Olaf Tyaransen: Como assim?
The Edge: Parece que há um monte de jovens fãs indo aos nossos shows, conhecendo o nosso novo álbum, melhor que um monte de nossas canções clássicas antigas. Então, definitivamente há um tipo de benefício em ter o álbum lançado para tantas pessoas. Então eu não descartaria fazer algo semelhante com o próximo disco. Mas honestamente, o que estávamos tentando fazer naquele momento era algo novo e diferente e, claro, coisas atualmente são novas e diferentes como uma fração de segundo, e então elas se tornam antiquadas e previsíveis.
Olaf Tyaransen: Então, quais são as implicações para 'Songs Of Experience'?
The Edge: Quando formos lançar o próximo disco, vamos tentar pensar em algo que é uma coisa nova e uma nova maneira de se obter a música. Eu sei que você sabe isso melhor que ninguém, mas todo o negócio da música está em crise. Estamos em meio a esta mudança de mares, e ninguém sabe onde ela está indo ou o que está acontecendo com os serviços de streaming chegando, iTunes continua vendendo downloads, as vendas de CD's físicos despencaram em muitos países do mundo. Você nem consegue agora encontrar um CD nos Estados Unidos. Então, como estamos fazendo com tudo nosso, só queremos ser inovadores e encontrar maneiras legais para contornar estes problemas.
Olaf Tyaransen: A incapacidade de Bono em tocar guitarra – quero dizer fisicamente, não talentosamente, mudou sua maneira de tocar alguma música na turnê?
The Edge: Bem (risos), eu vou te dizer o que realmente significa isso. Quando eu ia fazer um solo, a guitarra de Bono era realmente crucial para manter o ritmo da música, então eu sinto falta disso. Mas como nós tivemos muito tempo para se preparar antes da turnê, estávamos chegando com novas idéias de arranjos que contornaram esses problemas. Então, nós estamos em boa forma nessa frente.
Olaf Tyaransen: O U2 sempre se manteve ocupado fora do rock'n'roll. Quando Charlie Watts foi perguntado sobre o 25º aniversário dos Rolling Stones, ele comentou: "Sim, cinco anos tocando, 20 anos, por aí." O U2 realmente não tem um monte de tempo de inatividade, não é?
The Edge: HAHA! Há muita coisa acontecendo em todos os momentos. Acho que amo isso, porque eu continuo fazendo isso – e Bono, claro, particularmente. Mas todos nós, em diferentes extensões. Eu acho que tomar o caminho mais fácil, a opção tranquila, não é para nós - qualquer um de nós quer construir. Sou uma pessoa muito curiosa, e sempre que fico fascinado com algo, só quero mergulhar nisso e aprender sobre isso e compreender isso. Há muito disso, não só em termos de música, mas em termos de outras coisas também. Acho que consigo entrar nas coisas de uma maneira fundamental... e vou embora.
Olaf Tyaransen: Vocês tiveram que reconfigurar completamente o palco da iNNOCENCE + eXPERIENCE para os shows na 3Arena de Dublin. Existe algum perigo do show perder seu impacto?
The Edge: Acho que na verdade vai aumentar o impacto, é tão pequeno ele. O que nós ainda não descobrimos é como irá impactar na nossa abordagem para executar as músicas, e onde nós vamos ser capazes de estarmos. Não saberemos até que estivermos no palco. Há um outro elemento de risco, literalmente: você anda em um espaço que você nunca trabalhou antes, mesmo porque tem que ser comprometido... e a localização do público vai ser muito diferente em relação ao palco, então vai haver alguns desafios novos e interessantes. Acho que serão shows muito emocionantes porque – as músicas, a produção, estarão espremidas lá. Estamos colocando lá uma produção projetada para um local muito maior do que a 3Arena. Sabe, tenho certeza que vai levantar o teto com a energia e concentração.