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segunda-feira, 12 de julho de 2010

Capítulo 23 - Live Aid e a viagem para a Etiópia

Se o U2 era famoso e conhecido pelas apresentações ao vivo, sua fama ficou sedimentada no Live Aid. Após o sucesso do projeto Band Aid, Geldof resolveu fazer um concerto monstro simultaneamente em duas cidades: Londres e Filadélfia. Os convidados seria a nata do rock mundial. De todos os artistas (David Bowie, Sting, Phil Collins, Queen, Elvis Costello, Eric Clapton, The Who) a maior expectativa era uma volta especial, a do Led Zeppelin, banda que havia acabado após a morte de John Bonham. O grupo teria Tony Thompson, ex-Chic em seu lugar. Mas quem roubou a cena e fez o nome foi o U2.
O show daria alguns minutos para cada artista. O U2 teria aproximadamente 15 minutos e tocariam três canções: “Bad”, “Pride” e “Sunday Bloody Sunday”. A expectativa era enorme, pois o evento seria transmitido, via satélite, para várias partes do globo. Às 17h20, direto da Filadélfia, Jack Nicholson anuncia a próxima atração em Londres: “e agora diretamente de Londres, um grupo que tem seu coração na cidade de Dublin, Irlanda e o espírito por todo mundo; um grupo que não tem problema algum em dizer o que sentem: U2!”
Bono se aproxima da platéia e anuncia “Sunday Bloody Sunday” e uma histeria toma conta dos 72 mil espectadores. Ao final da canção, Bono faz mais um discurso: “ Nós somos uma banda irlandesa, viemos de Dublin, Irlanda. Como todas as cidades, Dublin possui coisas boas e ruins. Essa canção se chama ‘Bad’”.
Ao pronunciar essas palavras, Bono simplesmente quebrou todo o protocolo e o andamento que haviam planejado. No meio da canção, Bono começa a andar sem parar pelo palco e desce para o fosso perto da platéia. Um misto de desespero dos organizadores. E com esta demora, Pride acabou não sendo tocada pela banda.
“Após participar do Live Aid eu fui para a Etiópia com minha esposa para trabalhar. Nós passamos um mês, no meio da fome e eu vi coisas lá que reorganizaram a minha maneira de ver o mundo. Eu não sabia o que fazer sobre aquilo. Você pode atirar algumas moedas, mas em um determinado momento senti que Deus não procura por almas, Deus procura por atos. Você não pode resolver todos os problemas, mas aquele que você pode, você precisa ir até o fim.”
A viagem para a África afetou de maneira profunda o cantor. Bono quis ver de que maneira o dinheiro arrecadado com o Live Aid (cerca de US$ 60 milhões) seria utilizado e como viviam as pessoas no continente africano. Os dois moraram em Ajibar, uma cidade no alto de uma montanha e que tinha um vento tão gelado de noite que poderia cortar a pele, nas palavras do próprio Bono. Lá, Bono viu a miséria da maneira mais crua e violenta que jamais presenciara e tirou algumas fotografias que mostravam a dor das pessoas. A idéia era tentar retratar a real tragédia e resgatar o senso de dignidade das pessoas. Bono conclui que ao final da viagem recebeu mais do povo etíope do que deu.
Sua missão em Ajibar era ir ao escritório de nutrição do World Center (“uma casa com pedaços de lata, ferros enferrujados e pedaços de madeira”, relata Bono) e ver qual era sua missão no dia. O cantor e Ali ficaram em condições muito modestas, vivendo em abrigos igualmente de lata e madeiras e comendo a comida local, além de tentarem ganharem a confiança e o respeito dos etíopes. Bono conta que viu casos de cortar o coração entre pessoas que dividiam algum medicamento para poderem sobreviver. “O medicamento às vezes nem era suficiente para uma pessoa, mas me lembro de um homem que quis dividir com sua namorada. Disseram a ele que se fizesse isso, os dois morreriam, enquanto se ele usasse poderia viver. Ele simplesmente fechou os olhos e disse que só gostaria de viver se fosse ao lado dela. E assim decretou sua morte com sua amada. Foi a maior prova de amor que já presenciei.”
O ano de 1985 ainda foi ainda muito rico para o grupo e Bono, especificamente, com outro projeto: Sun City, organizado por Little Steven, contra o apartheid, na África do Sul.
agradecimento: www.beatrix.pro.br/mofo
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