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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Capítulo 3: O hippie dos cabelos encaracolados, lenço na cabeça e óculos escuros

Oficialmente foi um certo Dave Evans quem primeiro procurou Larry para saber do que se tratava o cartaz, mas o primeiro garoto que realmente foi convidado pelo jovem baterista foi Adam Clayton. Adam era um rapaz totalmente diferente dos que circulavam por Mount Temple. Primeiro pelo seu sotaque britânico, já que Adam nasceu em Chinnor, Oxfordshire, Inglaterra, no dia 13 de março de 1960. O outro motivo era que Adam vestia-se e comportava-se como um hippie, usando lenços, cabelos encaracolados e óculos escuros. Era um garoto extremamente rebelde, mas ao contrário de Paul, sabia como levar seus professores à loucura, sem nunca perder o estilo britânico ou alterar a voz. Uma das coisas que mais gostava de fazer em sala de aula e que provocava risadas de seus colegas e desespero aos mestres, era colocar uma garrafa de café em sua carteira e ficar bebendo, sem parar. Nessas horas, quando os professores, irritados, perguntavam o que ele estava fazendo, polidamente respondia, "estou tomando uma xícara de café, senhor". Outra manobra que utilizava quando não fazia as suas lições de casa era responder da seguinte forma: "veja senhor, eu estou terrivelmente envergonhado sobre isso, mas simplesmente não entendi o assunto. Sei que isso é um tanto estranho e realmente lamento, mas não há nada que eu possa fazer."
Tanta petulância e audácia fez de Adam um nome muito famoso no "The Mall", onde um certo Paul Hewson, vivia zanzando. Várias coisas eram ditas sobre o tal Clayton e as mais comuns eram que sua família era rica e que ele possuía um baixo elétrico. Foi através desses boatos que Larry foi atrás de Adam. "Olá, ouvir dizer que você tem um baixo e estou formando um grupo, toco bateria e coloquei um cartaz na escola. Você teria interesse em se juntar a mim?", foi mais ou menos a pergunta que Larry fez. Adam adorou a proposta, mas como achou que fosse alguma atividade oficial da escola e não um convite que nada tinha a ver com os estudos, ignorou no início.
Adam era filho de um piloto das Forças Armadas Britânicas, Brian, e sua mãe, Jo, havia desistido de ser aeromoça.
Quando Adam tinha cinco anos, a família resolveu abandonar a Inglaterra e ir morar em Dublin. Brian recebera um convite para ser piloto comercial da Aer Lingus, e aceitou já que o salário era muito superior. Assim, Adam partiu com seus pais e sua irmã menor, Sarah Jane, que ele chamava de Sindy.
Os Claytons moravam no mesmo bairro dos Mullens, Malahide, uma comunidade basicamente protestante. Quando fez oito anos, Adam foi enviado para a escola Castle Park, no outro extremo de Dublin. Os pais relutaram no início, por acharem que passariam boa parte do tempo sem seu filho, mas no final, acharam que seria o melhor para a educação de Adam. Castle era um internato e os meninos ficavam em dormitórios governados por alunos mais velhos. Adam não gostou nada de ter deixado sua casa para ir morar em Castle, já que voltaria para a casa de seus pais apenas nos finais de semana. O grande pesadelo para Adam eram as tardes de domingo, quando sua mãe preparava um agradável chá para o filho. Adam sabia que após a refeição deveria voltar para a escola. Às cinco horas, após dar adeus para Jo e Sindy, entrava no carro junto com seu pai e viajavam por cinqüenta minutos até o odiado lugar. Adam detestava as regras da escola, como usar sapatos marrons dentro do dormitório e pretos fora dele. Além disso, era proibido ver televisão ou ouvir músicas, pois eram consideradas coisas decadentes. Os meninos eram obrigados a gostar de praticar esportes, a ser entusiastas das práticas físicas ou não poderiam ser considerados uma pessoa da fraternidade. Adam recusava tudo isso e fazia uso de seu charme e inteligência para se esquivar de tais leis. Adam era definido como um bom aluno, embora um pouco descuidado. Seu único amigo era Phillip Thursby, filhos de paquistaneses, com quem adorava conversar, ouvir pássaros cantando e iam sempre à Sociedade Gramophone para ouvir discos de música clássica. Mau comportamento na escola era severamente punido com surra ou sessões de ginástica, aplicadas pelos alunos mais velhos. Adam conseguia de alguma forma ou outra, não ser muito perseguido, até que com 13 anos, deixou claro que não toleraria mais isso. Adam era um garoto educado, paciente, gentil, mas não era servil e isso todos sabiam.
Sua agressividade começou a aflorar perto dos 15 anos. Ele acabou sendo escalado para jogar críquete e se recusou, mas mesmo assim foi obrigado a integrar o time. Adam foi escalado, jogou, mas claramente prejudicou o time. Após o final da partida, foi chamado pelo treinador que começou a chamá-lo de imbecil, incompetente. Adam retrucou dizendo que o jogo era imbecil e não ele.
Ao final do ano, Adam foi mandado para outra escola, St. Columba. A instituição não fazia parte da idéia inicial de seus pais, que queriam enviar o menino a uma instituição mais prestigiosa na Inglaterra, mas Adam se revelou um aluno apenas regular. Um outro ponto também agravaria a vida do garoto. Seu pai havia sido transferido temporariamente para Singapura, e a escola, novamente um regime de internato, era a única solução. As coisas pouco mudaram e quando os pais perceberam que o filho estava decaindo em suas notas, entraram em desespero. Enquanto isso, Adam começou a fazer amigos, em especial com John Lesley, amante de rock e grupos como Grateful Dead, Cream e Crosby, Stills, Nash & Young. John tinha um violão e Adam ficava fascinado com as fitas de seu colega e com o som que tirava de seu instrumento. Quando um aluno mais velho conseguiu autorização da escola para converter uma sala abandonada em um local para os alunos ouvirem e tocarem música, Adam nem pensou muito. Começou a aprender alguns acordes e comprou uma guitarra usada, por 12 libras. John então persuadiu o amigo a comprar um baixo elétrico e montarem um grupo. Adam ficou em dúvida. Apesar de gostar de música, não se considerava muito musical e sabia que John era muito melhor instrumentista do que ele. Depois de pensar na idéia, resolveu aceitar a sugestão. Ligou então para sua mãe e pediu que ela lhe desse o instrumento. Jo aceitou de imediato a oferta do filho, e pagou 52 libras em um baixo para Adam. Mesmo pagando caro pelo instrumento, Jo ficou feliz ao ver o filho realmente empenhado e entusiasmado com alguma coisa, e porque, de certa forma, Adam começou a melhorar suas notas na escola. Entretanto Adam mais gostava de olhar para o instrumento do que propriamente tocá-lo.
E Adam quase não tocava, esperando que algo ou alguma coisa o inspirasse. No verão de 1975, Adam foi visitar os pais, que acolheram o filho com muito carinho. Mas ele continuava a ter sérios problemas dentro da escola e várias vezes foi punido por rebeldia ou insolência. A situação chegou a um ponto tal, que Jo teve que ligar para o diretor da escola, quando soube que seu filho havia sido expulso da instituição por várias faltas. Adam se tornava uma criança problemática e seus pais resolveram, irritados, que o colocariam em uma escola pública, e economizariam o dinheiro com a educação de Adam. E assim, foi mandando para a Mount Temple. Adam reclamou que os dois estavam interrompendo sua carreira musical ao lado do amigo John, mas foi voto vencido. Adam obedeceu, mas resolveu que de agora em diante, não se curvaria mais às leis e normas de qualquer instituição e que aquela seria a última vez. Adam estava muito irritado com sua vida e com seus pais...
agradecimento:
www.beatrix.pro.br/mofo
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