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quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

O poema que inspirou "Book Of Your Heart" de 'Songs Of Experience'


Bono escreveu em sua carta em 'Songs Of Experience':

"O amor sempre foi o nosso assunto principal, mas o amor nem sempre é amável. ‘Somos fortes o suficiente para um amor comum?’ É a pergunta correta. São muitas as canções que patinam em torno deste assunto, mas as duas canções bônus do álbum não.
Tão frio quanto um acordo é "Book Of Your Heart".
Eu queria escrever sobre uma paixão fria. Eu reli The Fisherman do Yeats onde ele fala de seu desejo para uma poesia ‘tão fria e apaixonada como o amanhecer’.
Eu tentei pensar através daquilo, e eu vim com a linha ‘Essa é a beleza da cicatriz. Esse é o acordo do coração’.
É um tipo de referência ao casamento, ao juramento dos relacionamentos. Há um preço em juramentos feitos no amor quando jovens, mas no final o preço nunca é alto o suficiente, é?
(Vale muito à pena)."

The Fisherman (O Pescador) é um poema de William Butler Yeats, conhecido por W. B. Yeats. Poeta, dramaturgo, místico, nascido em Dublin. Foi composto em junho de 1914 e publicado pela primeira vez em 1916.

"Mesmo lembrando o sardento

Homem de cinza com vara

Que sobe a um lugar cinzento

Com roupas de Connemara

E na aurora vai pescar,

Já faz tempo que procuro

Ante os olhos invocar

Esse homem simples e puro.

Eu tinha olhado de frente

O que eu esperava que fosse

Escrever p`ra minha gente

E aquilo que o mundo trouxe:

Os vivos que dão desgosto,

O morto que era um amigo,

O covarde no seu posto,

O insolente sem castigo,

Canalha algum intimado

Enquanto um ébrio o aclamar,

O engraçadinho açodado

Com seu chiste mais vulgar,

O esperto que traz nos lábios

Algum bordão de palhaço,

O espaço que falta aos sábios

E a grande Arte sem espaço.

Por desprezo a essa plateia,

Há um ano do calendário,

De repente tive a ideia

De um homem imaginário,

Com o rosto bem sardento

E roupas de Connemara,

Onde a espuma da corrente

Escurece a pedra clara,

A dobrar o punho em riste

Quando o anzol lança risonho;

Um homem que não existe,

Um homem que é apenas sonho;

E, antes que velho, anuncio:

“Vou lhe escrever qualquer hora

Um poema talvez frio

E candente como a aurora”.
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