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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

'How To Build An Atomic Bomb’: o título descartado para o álbum do U2 lançado em 2004

'How to Dismantle An Atomic Bomb' foi feito no contexto da invasão do Iraque, bem como o envolvimento do próprio Bono na campanha Drop The Debt. Não havia um equivalente moderno à ‘Bullet The Blue Sky’, mas o álbum não foi destituído de ressonância política.
Havia uma música que pairava de "All That You Can’t Leave Behind", o esqueleto que todos amaram. Foi elaborada à partir de uma parte de baixo distorcido de Brian Eno – um verdadeiro chute no estômago - à qual Larry tinha acrescentado uma batida de Glitter Band dos anos 70. Mas mesmo tão boa como eles sentiam que era, a faixa não progrediu para o ATYCLB e foi arquivada.
Agora, cada vez que ouviam os outtakes das sessões anteriores, ela clamava por atenção. Bono tinha a melodia e o vocal mais ou menos mapeados, mas era necessário alguma coisa para dar liga. Desta vez foi Edge que forneceu o ingrediente mágico procurado para "Love And Peace Or Else", com uma parte matadora de guitarra. “Uma vez que a guitarra aconteceu, a música estava lá”, Adam refletiu.
Liricamente, inspirada no fim-do-mundo de Eno, som subterrâneo de guitarra, Bono tinha em mente um personagem do tipo pregador, quebrado mas fazendo sentido. “É como The Fly indo para o seminário e se tornando padre,” ele revelou para o site U2achtung.com. Em torno da época do lançamento do álbum, Bono se divertia citando versos em que ele estava especialmente satisfeito com qualquer um que estava escrevendo sobre o álbum. Em ‘Love and Peace or Else’ havia esse: “When you enter this life I pray you depart/ With a wrinkled face and a brand new heart.”
Mas essa não é uma música pessoal. Políticos estão no centro da mesma, com o pregador imaginário – um alter ego pra Bono, desnecessário dizer – lançando um desafio. “Lay down, lay down you guns/ All you daughters of Zion/ All ye Abraham’s sons.”
No meio de uma música que é sobre o estado do mundo em que estamos, há um desvio para um tipo de fila de amantes, mas mesmo isso é definido no contexto de um conflito militar. “The TV is still on/ But the sound is turned down/ And the troops on the ground/ Are about to dig in”, Bono canta e, brevemente, pelo menos, estamos perto do coração das trevas. Nós estamos na zona de guerra. Na verdade, Bono tinha a intenção de escrever um álbum político, pelo menos em parte, com o Iraque como pano de fundo, mas você só pode escrever as canções que fluem através de você.
“Eu me sentei muito para resolver isso, daí o título do álbum”, Bono reflete. “Vale a pena lembrar-nos daqueles dias depois de 11/09, e o que senti. Em nenhum outro momento da história teria havido um sentimento de que as pessoas que cometem esse tipo de assassinato em massa como um ato são terroristas. Você tinha o assassinato em massa antes de Hiroshima, como parte de uma guerra totalmente declarada - que eu não acho que é qualquer desculpa, por sinal, mas ninguém sabia se íamos acordar e um quarto de Londres, talvez Kilburn, tivesse explodido. "Isso não é desculpa para perseguir uma guerra no Iraque, mas coloca tudo em perspectiva porque – além do que aconteceu em Madrid – nós não tínhamos tido o mesmo nível de atrocidade na Europa. Nós podíamos ter esquecido o medo e a paranóia que se segue à essa época. É claro que eu estava enfrentando isso – e ainda assim o oposto aconteceu.
“Eu disse à Tom Yorke dois anos atrás. “Eu sei sobre o que o álbum é e como ele vai ser chamado, que é 'How to Build An Atomic Bomb’. Esse era o título original porque o creme dental foi para fora do tubo. Houve um artigo no jornal Guardian com dois colegas estudantes discutindo como é fácil chegar em suas mãos este tipo de armamento.
“Uma empresa privada de armas nos EUA desenvolveu este sistema GPS guiado feito de papel machê e de plástico, que por menos de um milhão de dólares pode voar 2,500 milhas com tudo o que quiser ligado a ele. Alguém perguntou ao seu CEO, ‘Você não se preocupa que isso caia na mão de terroristas?’ e ele replicou. ‘Nós oferecemos ao Pentágono se eles estão interessados em comprar à granel, mas o conhecimento para fazer essas coisas existe em toda parte. Estamos apenas embalando-a comercialmente.”
Isso ia ficando com ele, como o álbum foi sendo moldado, assistindo ao noticiário e lendo as notícias.
“Alguém que está paranóico , na minha opinião, é uma pessoa completamente ciente dos fatos,” ele diz. “São tempos tensos. Depois de Bikini Atoll, depois do México, após o fato de Enola Gay (bombardeiro que lançou a bomba atômica sobre Hiroshima) ser abandonada no Japão, tudo mudou – e a ideia de que a raça humana pode destruir tudo e remover todos os traços de si mesma está no ar agora. O que isso quer dizer? Duas coisas – se divirta muito, e se agarre à seus entes queridos, um pouco mais apertado. Eu meio que desfruto esquecendo que eu estou em uma banda.”

Agradecimento à ROSA pela tradução feita à partir do livro 'Into The Heart':
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