O engenheiro de som Kevin Killen ajudou a criar o que muitos consideram alguns dos discos mais importantes da nossa época. Os álbuns 'So', de Peter Gabriel, e 'The Unforgettable Fire', do U2, coroam uma discografia impressionante que inclui artistas como Tori Amos, Elvis Costello, Prince, Laurie Anderson, Stevie Nicks, Brian Ferry e Patti Smith.
Ele fala sobre as gravações de 'The Unforgettable Fire':
"O U2 queria que fosse crucial. Houve conversas muito francas com Brian Eno e Danny Lanois sobre como criar um novo som. Tanto Brian quanto Danny queriam ajudar a banda a se distanciar do que era antes e dar-lhes mais elegância e dimensão. Certamente não para diminuir o que Steve havia feito — ele claramente permaneceu envolvido com a banda até hoje e é extremamente importante para o seu sucesso. Mas a realidade é que, quando você é contratado como o novo produtor, você quer levar as coisas para uma direção um pouco diferente. A banda também queria isso, então havia uma disposição para explorar. A banda estava ensaiando no Slane Castle. Durante esse processo, eles pensaram: "Nós realmente gostamos daqui. Nos sentimos muito confortáveis; há menos distrações aqui. Existe alguma maneira de trazermos um estúdio para o castelo?" No ano anterior, eles tiveram a experiência de gravar ao vivo no Red Rocks e utilizaram uma empresa sediada em Nova York chamada Effanel para fazer essa gravação.
Eles entraram em contato com o proprietário, Randy Ezratty, e perguntaram se ele estaria disposto, ou mesmo se seria possível, enviar seu estúdio remoto para Dublin. Como todo o ambiente do estúdio estava montado em flight cases, foi muito fácil para ele. Era uma questão de logística e, uma vez instalado, funcionou. Não era totalmente à prova de falhas, já que o castelo tinha suas peculiaridades — havia um gerador que ocasionalmente nos deixava na mão. Tínhamos um grande salão de baile octogonal com uma acústica muito reverberante. Tentamos gravar a bateria lá e tivemos que abafar o som da sala — era quase reverberação demais. Mas várias dessas faixas básicas acabaram no disco final — "A Sort Of Homecoming", "Wire" e talvez "Bad". Tínhamos uma versão de "Pride (In The Name Of Love)", mas acabamos regravando no Windmill. Passamos quase oito semanas lá gravando as faixas básicas e explorando o espaço. Sempre que criávamos uma nova faixa, Dan e Brian estavam sempre atentos à criação de um novo ambiente para aquela música, então a guitarra do Edge passou por muitas manipulações adicionais além das que ele normalmente faria. Criar atmosferas ao redor da guitarra e todos aqueles efeitos sonoros que existem naquele disco — isso definitivamente fez parte do processo.
Brian e Danny estavam ajustando os botões e tentando criar uma paleta criativa para o Edge explorar — o Edge ouvia isso e interagia com o som, o que quase o inspirava a fazer o resto. Isso lhe dava uma liberdade de edição, já que ele não precisava tocar tanto porque o som era tão luminoso e glorioso que criava um efeito adicional. Em termos do espaço de gravação não tradicional, havia várias salinhas onde os amplificadores podiam ser colocados e experimentamos algumas coisas, como colocá-los no corredor. Havia também várias varandas externas para os AC30. Tínhamos várias estações configuradas e testávamos cada uma delas para ver qual soava melhor para cada situação específica, dependendo do que a guitarra deveria estar fazendo".
