27 de Janeiro de 1998: Primeiro show do U2 no Brasil, depois de 20 anos de existência da banda. O U2 começou a 4° parte (denominada 'Resto do Mundo') da sua turnê 'PopMart' no autódromo Nelson Piquet no Rio de Janeiro, Jacarepaguá. Era a primeira vez que a banda incluia a America Do Sul em sua turnê. O show foi planejado originalmente para o Estádio do Maracanã, o maior estádio do mundo. No último minuto, a SKOL, companhia de cerveja que estava patrocinando o show, deu ordens para o show ser feito em um lugar menor sem discutir a mudança com o U2. O empresário Paul McGuinness ficou furioso com isso, e também chateado com o uso de uma banda cover do U2 em comerciais promovendo a cerveja.
Na versão do empresário que trouxe o U2 para o Brasil, o lugar foi mudado porque os portões do estádio eram estreitos demais e não seria possível passar o equipamento por eles. Correu na semana outra versão segundo a qual a troca se deu por questões financeiras o empresário não queria adiantar os 400000 reais do aluguel do estádio. No Autódromo de Jacarepaguá, ele pagou uma porcentagem da arrecadação. Para baratear seus já altíssimos custos, Bruni também entrou com um pedido de isenção do ISS junto aos governos municipais, que morderiam 5% da receita. Em São Paulo, seu pedido foi vetado pelo prefeito Celso Pitta.
O show levou cerca de 100 mil pessoas até o Autódromo. O público queria ver tudo que os outros países viram durante a tour: o maior telão de que se tem notícia (entrou para o livro Guinness dos Records), medindo 57 metros de comprimento por 17 de altura. Um limão espelhado gigantesco e uma gigantesca azeitona espetada num palito. E claro, o repertório com canções novas do album Pop e os clássicos antigos e nostálgicos.
As luzes se apagam e o telão começa a mostrar um globo girando escrito 'Pop'. No meio do público em um corredor de seguranças e luzes, os quatro integrantes do U2 surgem para o público que tanto esperou por eles em 20 anos.
E a partir daí, no meio de imagens, luzes, efeitos, solos de guitarra, sons do poderoso baixo de Adam, a voz inconfundível de Bono, efeitos eletrônicos, viradas de bateria de Larry Mullen e fumaças; o U2 provou o quanto valeu a espera e o porque deles serem a melhor banda ao vivo. O carisma de Bono é incrível, e a banda bem entrosada com a gigante Popmart, que paralisa à todos. Musicalmente, a banda ao vivo se mostra impecável. Uma banda atemporal.
Durante o show, Bono arriscou umas frases acariocadas, como "E aí cariocas, beleza?" e "Ah, eu tô maluco".
O setlist foi o esperado, que já vinha sendo tocado nos últimos shows da Popmart. A diferença foi a versão acústica de "Desire", onde Bono e Edge receberam 30 integrantes da escola de samba 'Salgueiro' e a música virou uma batucada só. E no bis, o U2 desceu do limão vestindo camisetas da Seleção Brasileira.
Muitos fãs chegaram após o show ter começado ou nem chegaram, presos em engarrafamentos numa enorme confusão no trânsito para tentar chegar ao autódromo. Desorganização total.
O contrato pra trazer a banda foi uma das maiores negociações de cachês do show biz nacional. Parte do equipamento desembarcou no Brasil de navio, empacotada em 69 contêineres. Outra carga, composta de figurinos, instrumentos musicais e adereços de cena, chegaram em dois Jumbos especialmente fretados, junto com os músicos. Enquanto um palco começava a ser montado no Rio de Janeiro, outro, exatamente igual, seguia para São Paulo, num comboio que exigiu 54 carretas. Ao custo de 12 milhões de reais, 4 milhões reservados à infra-estrutura, mais 8 para a empresa TNA (The Next Adventure), que vendia os shows do U2 pelo mundo; o empresário carioca Franco Bruni, um novato no ramo dos megashows, arrematou esse pacote ousado. Ele declarou: "no início das negociações, o valor girava em torno de 5,9 milhões de dólares. Só que outros empresários, que também queriam trazer o show, foram inflacionando o preço, numa espécie de leilão".
Na época ele quebrou por causa do dinheiro investido; e entrou com uma ação contra Bono e Larry Mullen (por declarações dos dois sobre os problemas do show no Rio de Janeiro). Franco Bruni acabou se afastando das grandes turnês.
Setlist:
Mofo, I Will Follow, Gone, Even Better Than The Real Thing, Last Night On Earth, Until The End Of The World, New Year's Day, Pride (In The Name Of Love), I Still Haven't Found What I'm Looking For, All I Want Is You / Never Tear Us Apart (snippet), Desire / Van Morrison's Gloria (snippet), Staring At The Sun, Sunday Bloody Sunday, Bullet The Blue Sky / America (snippet), Please, Where The Streets Have No Name
encores: Discothèque / Stayin' Alive (snippet), If You Wear That Velvet Dress, With Or Without You, Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me, Mysterious Ways, One, Wake Up Dead Man
Observação: o único áudio existente desse show tem qualidade regular; e não contém o show na íntegra. Faltam algumas músicas. Mas mesmo assim, é um registro obrigatório.
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Trecho do show: