O concerto, organizado em 2004 pela fundação que leva seu nome em associação com a campanha "Staying Alive" (Mantendo-se vivo) da MTV, foi transmitido ao vivo de um estádio da Cidade do Cabo e estima-se que mais de 2 bilhões de pessoas no mundo acompanharam o evento pela televisão via satélite ou por Internet.
Bono, Bob Geldof, Queen, Peter Gabriel, Eurythmics, Beyoncé Knowles, Yusuf Islã (ex-Cat Stevens), Youssou N'Dour, Jimmy Cliff, Anastacia, The Corrs e outros artistas internacionais, cantaram durante quase cinco horas para lembrar ao mundo a realidade de uma epidemia que já infectou mais de 40 milhões de pessoas, 75 por cento delas na África subsaariana.
Apesar do brilho de tantas lendárias estrelas e novos talentos da música popular, foi a presença de Mandela que obteve a ovação mais estrondosa por parte da multidão de quase 40.000 pessoas que presenciou o concerto.
"A Aids já não é só uma doença, é um assunto de direitos humanos", disse Mandela que subiu ao palco vestindo uma camiseta preta com o número 46664 pintado em branco no peito.
O concerto fez parte da campanha "46664 - Doe um minuto de sua vida para deter a Aids" lançada em outubro passado em uma cruzada para reunir fundos destinados a combater a Aids.
O número 46664, foi atribuído a Mandela na prisão da ilha Robben, onde passou 18 dos 27 anos em que esteve preso durante o antigo regime segregacionista do "apartheid". Em uma ação global, esse mesmo número é utilizado para arreecadar doações para a campanha. Precedido do código de cada país, a ligação telefônica doa à entidade o valor equivalente a um minuto de ligação. "O 46664 foi meu número de prisioneiro durante meus anos na ilha Robben. Minha existência ficou reduzida a este número", assinalou Mandela, que ressaltou que "milhões de pessoas infectadas pelo vírus da Aids correm perigo de ser reduzidas a meros números (estatísticas) a menos que atuemos agora".
"Eles também estão cumprindo uma sentença em vida e é por isso que permiti que meu número sirva para orientar esta campanha", acrescentou o Prêmio Nobel da Paz de 1992.
Cada um dos 24 artistas participantes fez um breve discurso contra o Aids antes de entoar suas canções, sendo um dos mais aplaudidos Bob Geldof, que na década dos 80 foi condecorado por sua luta contra a fome na África através de seu show "Live Aid".
"A Aids deixou de ser algo que causa vergonha, é só outra condição médica mas com uma solução política", afirmou Geldof, que explicou que "é política porque os ricos do mundo podem desenvolver drogas para combater a doença, mas os pobres não podem adquiri-las".
Peter Gabriel tocou sua canção Biko - líder nacionalista negro que morreu em 1977 por causa das agressões que recebeu na prisão -, enquanto que a estrela britânica Ms Dynamite jogou preservativos para multidão depois de entoar Don't Throw Your Life Away (Não jogue sua vida no lixo).
O Queen tocou uma música nova, Invincible Hope (Esperança invencível), que inclui palavras de Mandela, o que levou os membros da banda a brincar que "Madiba", o apelido tribal com o qual muitos estrangeiros expressam seu carinho pelo estadista, "virou um rapper".
Durante o concerto foram pronunciadas mensagens de apoio de personalidades conhecidas, incluindo o ex-presidente americano Bill Clinton, Robert De Niro, Sir Ian McKellen e Annie Lennox.
A arrecadação de todos os fundos obtidos ficou com a Fundação Nelson Mandela e foram destinados a várias áreas de luta contra a Aids. 46664 (Long Walk to Freedom): Em 2002 , Bono escrevia com Joe Strummer, do The Clash e David A. Stewart, uma canção com o título inicial de 'Nelson Mandela's Prision Number '46664'.
Esta canção iria ser usada para atrair a atenção em relação à devastação que a AIDS causava na Africa. Joe Strummer acabou falecendo em 2003 antes de terminarem o projeto. E ficou à cargo de Bono e David Stewart finalizar a canção e gravar em estúdio.
Em 2004 Bono, The Edge, David A. Stewart, Abdel Wright e Youssou N'Dour tocaram a canção ao vivo no concerto 46664.
Dave Stewart comentou sobre a canção: "Eu e Bono trabalhamos numa canção que sofreu diversas mudanças, chamada American Prayer. Produzimos ela com artistas americanos. Gravamos com Beyonce e The Neptunes. A idéia dessa canção, e a razão pela qual produzimos ela só com músicos americanos. É porque a música fala sobre como a América, como um país e uma filosofia, era uma boa idéia que parece ter perdido seu papel. Seria muito mais sábio para a América acordar e ajudar países em dificuldades do que construir um maciço sistema de defesa que pode ser derrubado. Nada desarma mais do que o amor."
Bono, The Edge, Beyonce e Dave Stewart tocaram a canção ao vivo no Concerto 46664, no ano de 2004, em uma versão bem diferente da apresentada por Bono no ano 2002. A versão apresentada no concerto era acústica e com arranjos diferentes.
Uma versão de estúdio desta música nunca foi lançada e permanece inédita.
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Neste concerto, Bono e The Edge cantaram uma versão de 'One/Unchained Melody'; e Bono participou juntamente com Queen, Anastacia, David A Stewart e Andrews Bonsu da canção 'Amandla'.
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Video 'American Prayer':
Video: 'Long Walk To Freedom'