Lisa Robinson, jornalista, autora e apresentadora americana. Editora colaboradora da Vanity Fair:
"26 de outubro de 1984, Paris, França: No dia seguinte ao show do U2 no grande Espace Ballard, chego ao Warwick Hotel com uma hora de atraso para a entrevista com Bono.
Ele mal acordou, vestindo um roupão atoalhado cor de pêssego e, claramente, sem nada por baixo. Esqueci de levar uma fita cassete, então descemos o corredor para pegar uma emprestada com Edge, que está em seu quarto, também vestindo um roupão atoalhado cor de pêssego.
Digo a eles que parecem membros de uma seita. Edge me entrega uma fita da passagem de som da banda na noite anterior, e gravo a entrevista por cima dela. (Anos depois, lendo minhas anotações, percebo, grande erro).
Menciono a Bono que ele não está mais agitando bandeiras e se pendurando em coisas no palco tanto quanto costumava, e ele diz: "Acho que quanto maior a multidão, maior a carga, mas a adrenalina pode me causar problemas. Uma noite, joguei a bateria do Larry na plateia e a banda se desentendeu naquela noite. O Edge chegou a me dar um soco no queixo, e você o conhece, ele é um verdadeiro cavalheiro. Se as coisas derem errado, todos ficarão em silêncio no caminho de volta para o hotel e então haverá um telefonema do Adam, ele é o diplomata, e ele dirá: 'Podemos falar com você?' Vou ter que ir lá e encarar o pelotão de fuzilamento. Eles me dizem que a música deve falar por si mesma".
O U2 está se acostumando a andar de limusine? "A primeira viagem que fizemos de limusine foi em 1980", diz Bono. "Chegamos a Hollywood e a gravadora nos alugou uma longa limusine branca. Ficamos completamente envergonhados, andando por aí, mas, ao mesmo tempo, meio curiosos. Lembro que fomos a uma loja de discos importados em Los Angeles que apoiava a banda e fizemos o motorista da limusine estacionar na esquina enquanto todos nós meio que entramos às pressas na loja. Éramos tão sem graça. Eu nunca curti aquela viagem de astro do rock 'n' roll de se cercar de pessoas que aplaudem cada ação tediosa sua enquanto você invade mais uma boate".
The Edge, 1985:
"Nosso objetivo é compor o álbum perfeito. Toda vez que entramos em estúdio, esperamos chegar mais perto disso. Mas duvido muito que algum dia alcancemos esse objetivo da perfeição. É como o Monte Everest. Deve ser um lugar terrivelmente deprimente; você passou o tempo todo se preparando para subir lá e, quando chega lá, tudo o que consegue fazer é descer novamente".
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