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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Há 15 anos atrás, o concorrido primeiro show do U2 no Brasil

Especial 15 anos de Popmart no Brasil - Parte 04

27 de janeiro de 1998, primeiro show do U2 no Brasil, turnê Popmart, Autódromo de Jacarepaguá, Rio de Janeiro: foi um espetáculo visual excepcional, uma apresentação memorável, aparentemente perfeita a não ser por instantes de falha na parte superior direita do telão.
As quase 100 mil pessoas no Autódromo (segundo estimativa dos organizadores) ficaram como que hipnotizadas com a grandiosidade e a opulência tecnológica da turnê PopMart.
Mas a estréia nacional da Popmart não foi só impacto e grandiloquência. Bono mostrou porque é um mestre em dominar platéias.

A imagem de Bono com a camisa justa ao corpo que estilizava a musculatura humana era uma das mais manjadas naquela temporada - tanto que já tinha perdido o impacto quando a turnê chegou no Brasil. Mas ao menos era um look.
Com ele, Bono encarnava sua persona de astro pop e se apresentava para seu público, com um roupão (também estilizado) de boxeador. O conceito provém do estilo da marca W (Wild And Lethal Trash), expert em misturas inusitadas e sempre transgressoras. Bono iniciava o show, portanto, como uma espécie de super-homem, ou supra-homem, explodindo e desafiando, protegido por seus óculos vermelhos. O U2 seguiu rigorosamente o roteiro estabelecido para o concerto, que abriu com "Mofo". Sem paradas, com The Edge exercitando com maestria a arte de passar de uma canção para outra sem romper um acorde, Bono atacou em seguida "I Will Follow". Só parou em "Gone" para falar com o público, que trata com extremo respeito. Desculpou-se com os brasileiros pela demora e disse que esperava há um longo tempo vir ao Brasil.
O grupo fez uma versão compacta de "All I Want Is You" e, em seguida, na versão acústica de "Desire", enquanto acomodavam 30 ritmistas da Acadêmicos do Salgueiro no palco, Bono conclamou: "Junte-se a nós, Salgueiro".
A bateria ensaiou com o U2 apenas uma vez - nos fundos do Autódromo de Jacarepaguá, cerca de três horas antes do show.
Bono tinha ido à quadra da escola dois dias antes, onde tentou tocar tamborim e sambar. Então, no show do Rio, foi a vez de os percussionistas do Salgueiro retribuírem a gentileza.
A primeira troca significativa era a t-shirt vermelha de manga curta, também justa ao corpo, sob um casaco militar, depois amarrado à cintura, usado com a mesma calça preta justa - verdadeiro clássico do rock.
O segmento inaugurado pelo hit "Discothéque" mostrava os integrantes da banda surgindo com as previsíveis camisas da seleção brasileira - com seus nomes nas costas.
Mas aqui Bono trouxe uma boa idéia: vestia também um terno de um material de efeito holográfico, semelhante a bolhas de plástico que refletiam toda a luz do palco.
Depois, assumia o preto e tirava os óculos para descer à Terra e cantar "With Or Without You" no colo da fã. E o milagre do marketing, sob a égide da moda, se fez novamente.

Estilo mesmo ficou com The Edge. Seus coletes e chapéus - em branco ou preto- eram o retrato do cool. Planejado, claro, como tudo ali.

O show terminou com "Wake Up Dead Man" e "Unchained Melody". Bono se desculpou pelos problemas com o trânsito e a banda saiu do autódromo em três helicópteros.
O concorrido primeiro show do U2 no Brasil em toda a sua história, fez com que, a partir das 18 horas (horário do rush), o trânsito no centro do Rio e na zona sul da cidade se transformasse num caos, que durou três horas. Até mesmo os integrantes do grupo acabaram ficando presos em um engarrafamento ao deixarem, à tarde, o hotel Copacabana Palace rumo ao heliponto da Lagoa Rodrigo de Freitas.
Antes do show, os integrantes fizeram questão de fazer um passeio aéreo pelo Rio, mas, para chegar ao heliponto, tiveram que enfrentar congestionamentos em Ipanema, por causa de um acidente envolvendo quatro carros, na esquina das Ruas Vinícius de Moraes com Joana Angélica. Os roqueiros deixaram o hotel às 17 horas e chegaram em Jacarepaguá pouco depois das 18 horas.
Quem pagou R$ 175,00 por cadeiras especiais no Maracanã, reclamou muito da organização do show do U2, por causa da troca de local do evento para o Autódromo de Jacarepaguá. Os que pagaram por esses ingressos ficaram em frente ao palco, mas distantes dos ídolos e muito próximos das arquibancadas, onde um ingresso custava R$ 30,00.
Quando os integrantes do U2 chegaram ao autódromo, de helicóptero, o rapper Gabriel, O Pensador já começara o show de abertura. A venda de ingressos, em princípio, parecia ter sido menor do que a esperada. À tarde, a juiza Márcia Capanema, da 34ª Vara Cível, concedeu liminar ao Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), responsável pela salvaguarda dos direitos autoriais de músicos e compositores, garantindo à entidade 7% da renda bruta pelo show do U2. 
A produção divulgou que foram vendidos 95 mil ingressos e distribuídos 5.000 convites para o show no Rio, mas não informou a renda.
Oficiais de Justiça foram ao Autódromo. Apreenderam R$ 3.400, porque só 10 mil ingressos foram vendidos no local. Foram às lojas onde funcionavam os pontos-de-venda, mas o valor bloqueado não foi divulgado. Os advogados do Ecad tentaram, com autorização judicial, bloquear a conta em que foi depositado o dinheiro dos ingressos: "Só havia R$ 500. O dinheiro já foi retirado, queremos saber onde ele está. Esse percentual aqui é irrelevante", afirmou Otávio Guzzo.
Fiscais do Ecad então contaram os canhotos dos ingressos depositados nas urnas do autódromo. O objetivo era tentar comparar o número com a bilheteria oficial.

Os seis postos médicos distribuídos pelo autódromo registraram 450 atendimentos até o final do show. De acordo com o clínico, Carlos Mercês, subsecretário Municipal de Saúde, cerca de 90% dos casos foram decorrência do forte calor que fez no Rio - à tarde naquele dia, a temperatura na pista do autódromo chegou a 60 graus. Os casos mais comuns foram de insolação, desidratação e queda de pressão sangüínea.

Piada rápida: Na época, o mestre de bateria da Salgueiro lamentou não ter recebido cachê para participar do show do U2. "Não recebemos nada. Do jeito que o show estava entupido, podiam pagar um cachezinho. Mas não sei o que rolou. Quem combinou tudo foi o irmão do presidente da escola. Não sei o que ele acertou com eles (com os organizadores do evento)."
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