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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Ellen Darst: Uma Guia Nativa - Parte02

"Nos dois anos e meio seguintes, da Primavera de 1981 até o Outono de 1983, o U2 tocou tanto no Nordeste que você poderia até pensar que eles viviam em Seekonk. Mesmo quando eles não estavam em turnê entre Boston e Washington eles mantinham uma forte presença com entrevistas nos jornais locais e sendo tocados nas estações de rádios das faculdades. Eu lembro de dar de cara com o Adam nos clubes em Boston, entre turnês, fazendo circuitos pela América e buscando a certeza que o U2 teria um dedo em tudo o que estivesse acontecendo. Ellen Darst estava sempre ao lado deles. Mais tarde, em 1981, a Warner despediu-a junto com uma tonelada de jovens executivos, em reação a queda geral nos negócios das gravadoras pós-disco. O U2 ajudou a Ellen a conseguir um emprego na Island, mantendo-a por perto. Ela me disse que o trabalho na Island seria apenas temporário se as coisas dessem certo para a banda.
Elas deram certo. Paul McGuinness e o U2 vinham usando Ellen como guia turístico pelo mercado musical americano. Assim que o U2 teve grana para fazê-lo, eles abriram um escritório em Nova Iorque e colocaram Ellen no comando. Ellen contratou Keryn Kaplan como sua assistente. Keryn, recém saída da faculdade, era uma secretária na Warner que também foi dispensada na limpeza. Não muito tempo depois, Paul trouxe Anne-Louise Kelly para ajudar a organizar o escritório em Dublin e deu-se conta que ela era muito esperta para ser desperdiçar datilografando e arquivando. Anne-Louise tornou-se Diretora do Principle Management Dublin, o mesmo título que Ellen tinha em Nova Iorque.
Eu sei que a Ellen realmente sentia que as mulheres eram tratadas mal na indústria gravadora dos EUA e estava determinada a aproveitar todas as mulheres espertas que estavam sendo ignoradas ou sub utilizadas por homens que recebiam demais no clube dos velhos garotos. Eu não faço idéia se Anne-Louise sentia a mesma coisa, mas ambos os escritórios do Principle Management, o de Nova Iorque e o de Dublin, eram compostos quase inteiramente por mulheres. Eles ainda são. Eu acho que isto é uma das razões pelas quais a organização U2 tem uma atmosfera completamente diferente - e muito mais camaradagem - do que a maioria dos negócios musicais. A maioria das companhias de administração - e mesmo os altos níveis da maioria das gravadoras - têm o espírito de um clube de futebol ou de uma campanha militar. Há um monte de gritos de Nós versus Eles e um monte de comportamento de macho - o que é sempre irritante quando as pessoas estão engajadas numa empreitada que não requer coragem física e pouco risco pessoal. As pessoas ficam exaustas rapidamente neste tipo de ambiente. Eu tenho certeza que uma das razões para as mulheres do Principle trabalharem muitas horas por dia por vários anos seguidos é porque, na maior parte do tempo, o local de trabalho é amigável e encorajador.
"Ellen me ensinou tanto sobre a América naqueles primeiros tempos," diz McGuinness. "Se você está na estrada com quatro ou cinco caras e toda aquela coisa de macho que acompanha o rock & roll, um contrapeso muito eficiente é associar-se com um monte de mulheres. Parece ser a maneira correcta de fazer as coisas. Há muita masculinidade no rock & roll sem que seja preciso tê-la nos escritórios também. Há muitas mulheres no mercado da música que não são reconhecidas pelo que elas podem fazer e eu acho que isto é simplesmente estúpido. Nós não vamos ser estúpidos com relação a isto."
Assim que o U2 teve a sua organização funcionando eles trabalharam como castores para ganhar novos convertidos para a causa deles. Bono era imparável na sua busca por audiência, pulando no público, dançando com as fãs, se atirando sobre braços esticados, e - quando as salas em que eles tocavam cresceram - escalando os andaimes, se pendurando em cabos nas paredes, balançando de sacadas. A banda organizou uma série de cortes marciais nas quais eles massacravam o Bono por arriscar-se e colocar em perigo os garotos do público que poderiam resolver imitá-lo. Ele finalmente entendeu a mensagem quando Edge, Adam e Larry ameaçaram acabar com o U2 se ele não parasse de se fazer de Tarzan. Bono me disse que na altura ele também foi influenciado por uma crítica ao show feita por Robert Hillburn no Los Angeles Times onde o crítico disse que a música do U2 não precisava deste tipo de distrações. Eu acho que Hillburn tem se mantido como a consciência conservadora do Bono através dos anos. Enquanto a Zoo TV se expandia mais e mais, todo o tipo de possibilidade para futuras expansões do U2 em vídeos interativos, redes de computadores, e TV a cabo era oferecida para a banda. Bono estava interessado em tudo, bem como em escrever roteiros de cinema e nas ofertas para papéis em filmes que eram passados por baixo da soleira da porta do Principle. Mas, ele mencionou mais de uma vez que Hillburn disse para ele, "Se você colocar toda a sua energia no desenvolvimento da sua música, você poderá ser um dos melhores compositores de todos os tempos. Pensa no que Gershwin deixou pra trás, pensa em Hank Williams. Será que você deveria deixar outras coisas distraírem você disto?" Está reprimenda ecoou dentro da cabeça do Bono. Ele continua lutando com ela."

Agradecimento: Forum UV Brasil
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