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quinta-feira, 31 de maio de 2018
Por trás de 'A Clockwork Orange: 2004', com trilha sonora de Bono e The Edge
Após o final da turnê Lovetown em 1990, Bono e Edge se lançaram imediatamente em outra tarefa, compondo música para a adaptação para o teatro de 'A Clockwork Orange' (Laranja Mecânica), representada pela Royal Shakespeare Company RSC, em Londres.
Eles já tinham recebido o convite na primavera de 1989.
A Clockwork Orange é um romance distópico de Anthony Burgess publicado em 1962. Situado na sociedade inglesa de um futuro próximo, que tem uma cultura de extrema violência juvenil, onde um anti-herói adolescente dá uma narração em primeira pessoa sobre suas façanhas violentas e suas experiências com autoridades estaduais que possuem a intenção de reformá-lo. É parcialmente escrito em uma gíria influenciada pelo russo e inglês, chamada "Nadsat". É uma sátira à sociedade inglesa.
O romance foi inspirado em um fato real ocorrido em 1944: o estupro, por quatro soldados americanos, da primeira mulher do autor, Lynne. A leitura é difícil, pois Burgess inventou uma linguagem em gírias para ser falada por adolescentes. A linguagem causa estranhamento nos leitores e os termos eslavos e palavras rimadas exigem dedução para o entendimento. A maioria das edições do romance é acompanhada de um glossário.
Em fevereiro de 1990, uma versão musical foi produzida no Barbican Theatre em Londres pela Royal Shakespeare Company.
Intitulada 'A Clockwork Orange: 2004', recebeu na maior parte revisões negativas, com John Peter de The Sunday Times de Londres chamando de "apenas um intelectual Rocky Horror Show", e John Gross do The Sunday Telegraph chamando de "azedo" (A Clockwork Lemon).
Até o próprio Burgess, que escreveu o roteiro baseado em seu romance, ficou desapontado. De acordo com o The Evening Standard, ele chamou a partitura, escrita por Bono e The Edge, de "neo-wallpaper". Burgess tinha originalmente trabalhado ao lado do diretor da produção, Ron Daniels, e imaginou uma partitura musical inteiramente clássica: "minha intenção original era usar a música de Beethoven". Infeliz com a decisão de terem abandonado o seu score, ele criticou a mixagem experimental da dupla do U2, feita com hip hop, música litúrgica e gótica.
Lise Hand, do The Irish Independent, relatou que The Edge disse que a concepção original de Burgess era "uma partitura escrita por um romancista e não por um compositor". Chamada de "glamour sem sentido", Jane Edwardes, da 20/20 Magazine, disse que assistir a essa produção era "como ser convidado para um caro restaurante francês - e ser servido com um Big Mac".
Burgess faleceu em 1993. No ano de 2011, a Fundação Anthony Burgess deu sinal verde para a produção de uma nova versão do musical.
A fundação aprovou os antigos planos da produção do musical, para ser interpretado em sua versão original pela primeira vez desde 1990. E desta vez a produção, que estreou em 2012, usou a trilha musical original composta pelo próprio Burgess que permanecia inédita há mais de 20 anos, escrita com a Nona Sinfonia de Beethoven no livro. Segundo os diretores da Fundação Burgess, o autor também era um compositor muito competente, que escreveu de próprio punho a versão para os palcos de sua mais importante obra.
"O musical foi uma forma que Burgess encontrou para revisar a história", revelou o Dr. Andrew Biswell, diretor do braço internacional da Fundação Burgess, em entrevista à BBC. "A música é muito importante porque estabelece o tom e o humor da peça. O clima é bem próximo de Amor, Sublime Amor (West Side Story), só para citar uma influência mais óbvia."
O descontentamento de Burgess com a primeira adaptação musical do livro que foi montada pela respeitadíssima Royal Shakespeare Company, foi com trilha musical de Bono e The Edge.
Essa nova adaptação era um desejo de Burgess, que adoraria ver no teatro a versão cantada de sua obra-prima.
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