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segunda-feira, 7 de maio de 2018
A entrevista do U2 para Barry Egan do The Independent
Barry Egan para o site The Independent
Uma noite antes do show de estreia, 23:00: O restaurante Tavern na 201 da North Main Street, Tulsa, Oklahoma. Uma mulher elegante entrega um envelope.
Dentro dele - em um papel timbrado branco com as palavras Temple Hill impressas na parte superior - está uma bela nota escrita à mão.
A assinatura é um "B" excentricamente rabiscado com um grande auto-retrato desenhado abaixo dele. A pessoa se desenhou com um grande chapéu e um grande nariz para combinar.
A nota diz:
Barry
Estava esperando sair para beber um pouquinho, mas eu ainda estou aqui trabalhando no show ... ahhh show business ... ahhhh pessoas ... ahhh, escadas ... ahhhh sapatos de plataforma ... 24 horas até chegarmos ao coração da América ou ficarmos de fora ...
Vejo você em breve
Eu disse em breve.
Às 16:00 do dia seguinte, o escritor de cartas subiu ao palco do BOK Center, um estádio de hóquei no gelo, nos ensaios da noite de abertura da turnê mundial eXPERIENCE + iNNOCENCE. Bono (sim, é ele) tem estado em ensaios nesta arena fria gigante há dias. Vestindo uma velha jaqueta jeans preta e calça jeans, Bono e o resto do U2 ensaiam "Until The End Of The World" e "I Will Follow".
O rosto pode estar mais envelhecido, mas os pés de Bono estão mais leves do que nunca. Ele sai do palco para explicar que os ensaios foram "uma merda" e só agora está chegando lá e como esse novo show é parte "psicanálise", parte show de rock. Eu fala rapidamente em um minuto. Ele diz que o show é a história de sua vida e de Adam e Edge e Larry, mas há uma ênfase nele porque é ele quem está cantando as músicas.
Com a explicação terminada, Bono volta ao palco para continuar a dar forma para as canções, quando a cortina subir. Cinco horas depois, o escritor de cartas finalmente subiu ao palco diante de 19 mil pessoas - cantando sobre a morte de sua mãe aos 14 anos de idade. Ele diz à platéia que ele tem lembranças dela - observando ela nadar no oceano, como a principal delas - antes de ir para "Iris (Hold Me Close)".
No telão, sobre a sua cabeça o filme caseiro de Iris em um casamento, e de Bono criança correndo na praia. Bono explicou que ele só tinha lembranças afeiçoadas de Iris. Voltando em 2014, Bono retrabalhou a letra desta música depois de ficar profundamente comovido pela carta do falecido refém do Isil, James Foley, enviada para sua família através de outro prisioneiro do Isil.
Bono disse: "Eu percebi que todos nós seremos lembrados pelos momentos menos profundos. Os momentos mais simples. Na carta ele diz a seu irmão 'eu me lembro de brincar de lobisomem no escuro com você'. Se eu for embora de repente, deixar o palco, minha família e amigos não irão estar pensando sobre o cancelamento da dívida ou na luta pela medicação contra HIV/AIDS, ou o U2 estar na capa da Rolling Stone, ou 50 milhões de pessoas ouvindo 'Sonmgs Of Innocence'. Talvez se lembrem do cara bobo no café da manhã. E são estas lembranças que tenho da minha mãe. Como ser enterrado na areia até a cabeça, ou ela dizendo: 'você será a minha morte'."
De volta ao The Tavern, na North Main Street de Tulsa, na noite anterior à estreia, The Edge está discutindo a vida de sua amada falecida mãe, Gwenda. Eu tinha ouvido falar que ela tinha sido efetivamente a primeira roadie do U2 - levando seu filho e seus jovens amigos por toda Dublin ...
"Meus pais eram do País de Gales" The Edge diz sobre Gwenda e Garvin, "Ela era uma senhora galesa clássica com um grande senso de humor, nós tínhamos 16, 17 anos e obviamente, não podíamos dirigir, e então ela nos levava aos ensaios e às vezes a pequenos shows que tínhamos. Até mesmo quando estávamos colando cartazes ilegais, e ela iria dirigir o carro de fuga! Ela entrava no jogo, ela era ótima e uma grande apoiadora."
E o pai dele?
"Garvin era um homem fantástico", diz The Edge sobre seu pai, que também não está mais conosco. "Ambos foram muito encorajadores. A música sempre estava presente em casa. Quando você tem 16 anos, e diz: 'Eu quero estar em uma banda de rock 'n' roll', a maioria dos pais enlouquece e fala, 'De jeito nenhum! Vá e arranje um emprego no banco!' E eles não disseram isso para mim", conta The Edge sobre seu pai que era engenheiro. "Meu pai ouvia de tudo, desde ópera a Frank Sinatra e Leonard Cohen. Meus pais eram ambos cantores do coral. Então, eu estava mergulhado na música desde criança. Havia sempre alguma coisa acontecendo musicalmente. Voltando ao País de Gales como um garotinho, iria ver performances corais perto de Swansea, era inacreditável. Nós íamos na capela e todos começavam a cantar, era perfeito, harmonias de quatro partes ... todos, a massa, cantando no topo de suas vozes ... Os pêlos da nuca se levantariam".
The Edge diz que o U2 tocou em alguns salões de baile algumas vezes, mas que eles nunca foram realmente "chegados em shows de bandas".
"Nós tocamos no The Garden Of Eden em Tullamore, um famoso salão de baile. O primeiro álbum nem havia saído, mas eu acho que tínhamos um acordo na época em que fizemos nosso show. Imagine como Bono respondeu quando toda a platéia nos ignorou e apenas dançou!" The Edge ri, apesar de Bono não estar rindo. Edge continua rindo: "O salão de baile era o local para ir se paquerar. As cabeças não estavam viradas para Bono. Eles estavam lá, todos dançando, mas eles não estavam olhando para o palco!"
A esposa de The Edge, Morleigh, é uma das diretoras artísticas dessa turnê. Como é trabalhar com a patroa?
"Nós nos conhecemos no trabalho, então está tudo bem", ele ri. Sobre o tema do lar, pergunto a Adam Clayton, que recentemente teve uma menina com sua esposa Mariana Teixeira De Carvalho, se ele troca fraldas. "Eu faço, na verdade", ele responde. "Eu gosto muito dessas coisas, todo mundo me disse, 'isso passa rápido, então certifique-se de se envolver'. Então eu me envolvo, particularmente quando estou em casa, e passo algum tempo com nosso bebê. Eu vou bastante para Londres".
Em novembro passado, Noel Gallagher revelou ao Sunday Independent que ele mora na mesma rua que Adam - cinco portas acima da dele, na verdade. "Adam veio até minha casa recentemente", disse Noel, "e nosso gato Boots entrou. Adam disse: 'então, esse é seu gato?' Perguntei a ele: "Como você conhece esse gato?" Ele disse: "Esse gato está sempre na porra da minha casa!"
"Eu não teria um gato", Adam ri. "O gato de Noel sempre aparece procurando por comida. Eu não acho que eles o alimentem. Ele é um gato muito legal, parece um leopardo severo!"
No palco no BOK Centre na noite seguinte, Bono canaliza a energia messiânica de Moisés no antigo testamento. Velhos fãs ficam ao lado de adolescentes e cantam junto nas mesmas músicas.
Você nunca nasceu muito tarde para o U2. Não é preciso muita imaginação para cair no feitiço ao vivo do U2. Bono possui - e não pode perder - um poder em sua voz que dá significado para as palavras. O U2 - que se formou em 1976 - não estão juntos por apenas mais de 40 anos. Ao longo desse tempo, eles mantiveram muitas coisas (amizade, união, lealdade, até dinheiro) que outras grandes bandas perderam - e assim se separando ao longo do caminho.
A luta de Bono (eu imagino) entre sua fé religiosa que permeia as melhores canções do U2 e seu lado secular que envolve riqueza maciça, abrigos fiscais e coisas do gênero é uma coisa para ele lutar em seus momentos privados. Apenas Bono sozinho pode dizer se é uma contradição. Talvez sejam as chamadas contradições dentro de Bono que fazem dele o artista, o gênio, o homem que ele é.
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