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terça-feira, 29 de maio de 2018

exPERIENCE + iNNOCENCE Tour 2018: Adam Clayton fala com a Rolling Stone


Meses antes de eles irem para os ensaios para sua exPERIENCE + iNNOCENCE Tour 2018, o U2 tomou uma decisão ousada: seu novo show não apresentaria uma única música de 'The Joshua Tree', o clássico de 1987 que foi a espinha dorsal de seu show ao vivo por três décadas. A banda passou o ano anterior tocando o álbum - que inclui "Where The Streets Have No Name" e "I Still Haven't Found What I'm Looking For" - em todos os estádios. "Nós traçamos uma linha na areia", diz o baixista Adam Clayton. "Se você realmente queria essas músicas, nós fizemos, acabou, estamos indo para outra coisa agora".
Durante um dia de folga antes de tocar duas noites no United Center de Chicago, Adam Clayton ligou para a Rolling Stone para explicar o processo de pensamento da banda por trás do novo setlist, a possibilidade da turnê continuar no ano que vem e o que os fãs podem esperar do show da SiriusXM no Teatro Apollo de Nova York.

Quais foram os desafios que vocês enfrentaram ao montar essa nova turnê?

Eu acho que o que foi desafiador para nós foi que a turnê de Innocence foi um sucesso tão extraordinário em termos de como ela se conectou com as pessoas e como ela mudou o ambiente. O som foi realmente ótimo, essa tela foi uma inovação real e o palco percorrendo o comprimento da arena foi uma inovação. Houve diversas coisas que mostravam às pessoas que havia uma maneira diferente de fazer isso, e que aumentavam e reforçavam a emoção da jornada. Eu acho que o público teve uma resposta muito emocional e personalizada. Foi um pouco difícil imaginar como esta iria aterrissar. Estamos em uma era muito diferente e as pessoas estão olhando para o perigo e o risco de uma maneira diferente.

Vocês sempre planejaram esta turnê como uma continuação da turnê de Innocence, mas então houve no meio disso uma turnê para The Joshua Tree. Como isso mudou a abordagem para esta nova turnê?

Nós sabíamos que íamos deixar as músicas de The Joshua Tree de lado por um tempo. Nós estamos indo muito bem mantendo essa linha. Podemos desistir em algum momento, se acharmos que estamos perdendo o brilho no show, mas no momento estamos mantendo a linha. É parte da dificuldade do que esta turnê está se tornando. Estamos com 10 datas e estamos tentando incluir o maior número possível de músicas do novo disco. Ainda há algumas delas em que realmente não entramos, mas gostaríamos de apresentar. "The Showman" é algo que ensaiamos desde o começo. Acabamos de colocar "Red Flag Day", mas gostaríamos de tocar "Landlady" também. Há algumas outras que gostaríamos de adicionar, mas ainda não chegamos lá.
O show meio que está nos dizendo qual é a resposta e a resposta de muitas formas é que para nós a Experience é uma coisa simples e é sobre a aceitação de quem você é e o que você é e seus pontos fortes e fracos. É uma discussão interna e uma resolução interna, onde a Innocence é uma resolução exterior em alguns aspectos.

Essa "linha na areia" sobre não tocar músicas de The Joshua Tree. Isso foi unânime ou houve um debate sobre isso?

Acho que estávamos todos empolgados com a ideia de não voltarmos a The Joshua Tree. Isso porque The Joshua Tree lançou uma grande sombra sobre tudo o que fizemos. Nós sentimos que, ao fazer aquela turnê, nós, até certo ponto, tínhamos que descansar estas músicas por um tempo. Haverá outra hora para voltar a esse material, mas acho que sempre dissemos que para fazer aqueles shows, "o material parece relevante para o tempo em que estamos vivendo. Nós nos preparamos para reapresentar ele de forma similar, mas com alguma produção e deixar essas músicas falarem e deixar que a intenção por trás de algumas dessas músicas seja desempenhada."
Eu só não sei se você pode tocar "Bullet The Blue Sky" neste novo show. Eu acho que o chão já está meio coberto. Não tenho certeza sobre "With Or Without You". "You're the Best Thing About Me" é a versão atual daquele sentimento.

Eu ouvi Bono dizer muito que ele sabe que se um show não está indo bem, "Where The Streets Have No Name" sempre elevará o show. Como é andar no palco e saber que você não tem esse grande momento para usar?

Você tem que olhar para os seus pontos fortes e fracos. "Streets" é uma música incrível para se ter no cânone, mas se tocássemos isso nesse contexto, acho que a narrativa mudaria. Mais uma vez, acho que seria uma declaração tão grande que reduziria todo o resto. O que estamos fazendo neste show é que estamos tentando terminar em "City Of Blinding Lights" e fazer dela um final porque parece um sentimento saudável neste contexto. É uma canção de inocência, até certo ponto. Bono sempre diz: "Isso começou como uma canção de inocência, mas tem alguma seriedade." Talvez haja em termos de narrativa dentro da canção. Há um tipo de tópico contemporâneo de "My Way" dentro disso.

Fale sobre a decisão de finalmente tocar "Acrobat". Vocês fizeram isso em resposta aos fãs que estão pedindo há tanto tempo?

Tem um jornalista muito chato que trabalha na Rolling Stone ... [risos] Ele tem dito por anos: "você tem que tocar Acrobat"!"
"Acrobat" é uma canção que ao longo dos anos soou um pouco midtempo em um show e nós nunca realmente sentimos que ela se encaixaria em outros contextos de shows que fizemos. Sempre parecia que não combinava. Desta vez, vimos como uma raridade e houve um movimento dos fãs mais hardcore por ela. Nós nunca nos esquivamos de tocar músicas específicas, a menos que seja para contextualizar o que estamos tentando fazer. Eu acho que tem uma ressonância emocional e tem uma linha lírica que funciona também. Estou muito feliz em tocá-la. É realmente muito divertida. Eu nunca teria adivinhado que o jeito certo de fazer isso é em uma espécie de situação no palco E.
Na turnê de Innocence, nós tivemos uma configuração de bateria muito simples no segundo palco. Desta vez, temos uma bateria para Larry completa, para que possamos tocar em um nível diferente de qualidade. "Acrobat" realmente se encaixa nisso. É como estar em um show em um club.

Está em uma assinatura de tempo estranha. É uma música difícil de tocar?

É uma música difícil de tocar. É uma música ainda mais difícil de se mudar. Eu acho que é no compasso 6/8. Há algumas opiniões diferentes de como você faz a contagem. Eu acho que, intuitivamente, nós mudamos um pouco essas assinaturas de tempo, mas como não somos músicos treinados, conseguimos escapar disso. É incomum, mas realmente funciona, e há algumas ótimas guitarras do Edge.

O que atraiu vocês de volta para "Staring At The Sun"?

"Staring At The Sun" sempre foi uma das minhas favoritas. Ela se encaixa nessa nuvem um tanto escura que está sobre o mundo no momento. Mais uma vez, nesse contexto, é uma canção pop menos esperançosa e mais um comentário sobre onde estamos.

Quando vocês mostram a marcha da KKK, isso realmente reflete sobre esse momento no tempo.

Sim. Eu meio que acho que é um pouco "Senhor Dos Anéis" na Terra Média. As forças das trevas estão se reunindo em torno disso. Olhar para o sol e não querer se envolver e não querer tomar uma posição não parece uma boa opção.

Então vocês entram em "Pride" e mostram as imagens de MLK e é um momento mais esperançoso.

Eu acho que ali é o virar da esquina. Há sempre um balanço igual e oposto em qualquer época política. Como isso se manifestará é difícil de ver ou prever neste momento, mas acho que seguirá. O movimento das crianças contra o lobby das armas e contra esses tiroteios escolares extraordinariamente perigosos que parecem insanos, e ainda assim os poderes e a vontade política e os lobistas parecem continuar dizendo que a solução é mais armas. Em qualquer situação, isso não é plausível. Esse movimento no momento parece extremamente radical e frágil. Talvez isso possa acontecer nos próximos cinco ou dez anos em algo que realmente mude as coisas.

Você sentiu alguma ansiedade antes da noite de abertura porque um certo percentual do público poderia ficar chateado por não ter ouvido o seu sucesso favorito?

Acho que se não tivéssemos tocado o The Joshua Tree na íntegra, nós teríamos que ter feito uma observação disso para as pessoas, mas acho que tendo interpretado o The Joshua Tree com tanto sucesso em todo o país, nossa atitude foi bastante linha dura. Gostaríamos de dar atenção para os últimos dois álbuns porque nós sentimos que são muito eloquentes. Nós trabalhamos muito para essas músicas. As letras de Bono estão, penso eu, entre as melhores que ele já fez. As melodias são realmente trabalhadas. Colocamos muito esforço nesses discos e achamos que as pessoas deveriam se concentrar neles.

A turnê continuará em 2019?

É realmente difícil falar sobre isso neste momento. É sempre bom ter uma turnê bem-sucedida e continuar até que você sinta que chegou a todos que queiram vê-la. Eu acho que hoje em dia, com tudo tão compartimentado, parece que temos que chegar ao nosso povo. Mas eu não sei. É uma turnê curta. Tomamos essa decisão porque fizemos muitos shows nos últimos quatro anos pelo mundo. Mas existem partes do mundo em que não estivemos. Nós não fomos à Austrália, Japão, Sudeste Asiático. Nós realmente não passamos tanto tempo na Europa, talvez a gente continuemos com a turnê, mas na realidade talvez precisemos encontrar uma maneira de estar em lugares maiores novamente. Se houvesse uma maneira de tirar a essência desse período e estar em estádios, talvez valha a pena pensar nisso. Mas eu não sei. Eu só estou especulando aqui com você.

Como o aplicativo funciona da sua perspectiva?

Fico feliz em dizer que eles realmente, apesar de estarem fazendo isso, estão perdendo o interesse por isso. Ao invés de ter uma experiência através de um telefone, as pessoas estão dispostas a fazer parte da experiência do mundo real que está acontecendo lá e agora. Isso é um bom sinal. Eu acho que o que é realmente desafiador é que você sabe que no passado você sabia quando estava perdendo o público porque haveria uma mudança. Agora você sabe que está perdendo o público se as pessoas estiverem checando seus e-mails. É muito difícil competir com a cultura digital.

No show que vi, a maioria das pessoas pareceram guardar seus telefones após a primeira música.

Isso é realmente o que queremos. Ir a um concerto tem que ser uma experiência imersiva. Se você está nele por apenas algumas músicas e, em seguida, algo acontece e você sai e checa seus e-mails e você ouve o áudio da babá tendo um problema ou qualquer outra coisa, você não está no modo "vamos desligar, estamos indo ver um show".

Como será o show do Apollo Theater?

Isso vai ser verdadeiramente como nos velhos tempos. Estamos tentando ver as músicas que podemos tocar em uma produção minimalista voltada para a música apenas. Eu acho que será um verdadeiro show em um teatro nos moldes old school e estou ansioso por isso.

Então, o setlist será muito diferente do que vocês estão fazendo agora?

Edge tem algumas ideias radicais. Nós não resolvemos ainda, mas sim, será. Vai ser um set diferente.
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