Durante a turnê ZOOTV, Bono disse em uma entrevista para a Hit Parader: "Vocês vão nos criticar por ignorar parte do material anterior, que já nos viram tocar uma dúzia de vezes, mas a cada álbum ou turnê subsequente, você meio que precisa abrir mão de algumas coisas. É como antigas namoradas; você tem que superar porque a vida continua".
Em termos de letras, Bono evoluiu a cada disco. Inicialmente, ele era o adolescente raivoso que se desesperava com a vida. Depois, avançou com curiosidade, questionando as inadequações da vida e sua própria existência. Então, literalmente, olhou ao redor e não gostou do que viu.
Com a violência assolando a Irlanda do Norte e bombardeios ocorrendo em cada esquina, ele se deparou com um mundo que estava desvirtuado. Ele até deixou Edge se apresentar em "Seconds", de 'War', enquanto o guitarrista frequentemente brincava com a plateia acenando: "Leva um segundo para dizer adeus, dizer adeus, dizer adeus!".
"Bullet The Blue Sky", de 'The Joshua Tree', trouxe Bono parecendo uma alma penada escapando por pouco de rápidas rodadas de fogo ao seu redor, cantando sobre o céu sendo iluminado como uma celebração de fogos de artifício quando, na verdade, é a difamação mortal que está no cerne de seu vocal rebelde naquela faixa em particular.
O fogo parece surgir em muitos cenários do U2, e há razão para isso. Bono disse: "É uma imagem evocativa e verdadeiramente incrível. Pode ser tão destrutiva e fria em um sentido, mas tão segura e acolhedora em outro".
Essa afirmação é típica de Bono. Assim como ele, há uma contradição evidente.
O U2 sempre afirmou não ser político, mas mesmo assim chama seu álbum de 'War' e, em 'The Unforgettable Fire', canta duas músicas sobre Martin Luther King. E nem "Pride (In The Name Of Love)" e nem "MLK" foram meras homenagens. Foram apelos apaixonados de esperança — por uma nação, pelo mundo.
