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Na época, Edge estava em processo de separação de sua esposa Aislinn, enquanto o melhor amigo de Bono, Guggi, também estava deixando um longo relacionamento.
Foi colocado para Edge três temas comumente sugeridos de "One" - divórcio, desarmonia dentro da banda e reunificação alemã - e perguntado se eles são todos igualmente válidos.
"Sim, há elementos de todos eles porque compartilham certas coisas fundamentais", disse o guitarrista. "Um dos temas é ver e ser visto: reconhecer uma pessoa com quem você realmente não está se conectando e não entender completamente".
Os assuntos em Berlim deram a Bono algo com que trabalhar quando a banda voltou para a Irlanda para continuar trabalhando em 'Achtung Baby'. "Estávamos pensando em possíveis cenários que poderiam se encaixar em uma música com essa intensidade", disse Edge. "A ideia de pai e filho separados foi discutida na sala enquanto a letra estava começando a surgir da névoa. Bono a desenvolveu em uma letra que continha muito mais do que o conflito e o coração partido com o qual a música se inicia. É por isso que eu acho que a música tem o poder que tem. Há uma evolução. Ela não fica em um lugar. Você quase pode sentir o gelo derretendo entre esses dois personagens conforme a música avança".
O arranjo também evoluiu durante 1991. "One" era essencial para o U2 porque dependia menos do ritmo e da textura do que o resto de 'Achtung Baby', mas Brian Eno não gostou exatamente porque soava muito bonita e retrô.
Edge mudou de acústica para guitarra elétrica para tornar a música tão carregada e turbulenta quanto a letra. "Nós podíamos dizer que havia um certo poder e seriedade nessa peça musical", disse ele. "Nós nos agarramos nela mesmo quando Brian não estava entusiasmado".
"One" não foi finalizada até a última noite das sessões do álbum, 11 meses depois daquela primeira improvisação em Berlim. "O pessoal estava literalmente fazendo a mixagem final e eu disse: 'Pessoal, tive uma ideia incrível para uma parte de guitarra'", lembra Edge. "Houve um gemido coletivo na sala. Eu disse: 'Olha, o negócio é o seguinte. Um take, eu prometo'. E eu fiz. Toquei em um take e eles mixaram imediatamente. É a parte final que dá um lar para a canção".
Quando 'Achtung Baby' foi lançado em 18 de novembro de 1991, os críticos compararam "One" aos Rolling Stones, Roy Orbison e Al Green, mas sua vida estava apenas começando. O U2 pediu ao artista, autor e ativista David Wojnarowicz permissão para usar sua fotografia 'Untitled (Buffalo)' na capa do single lançado em fevereiro de 1992, cujos lucros iriam para pesquisas sobre Aids. Wojnarowicz havia criado a peça, que mostra uma manada de búfalos caindo de um penhasco para morrer, em 1988, mesmo ano em que foi diagnosticado com HIV. Seus pais distantes se reconectaram com ele somente depois de ver uma notícia sobre a capa do single. Essa história de família trouxe a noção de pai e filho da música para o mundo real.
De maneira incomum, o U2 acabou encomendando três vídeos diferentes para "One", procurando a mensagem certa a alto custo. O primeiro, filmado em Berlim em tons sépia por Anton Corbijn, retratou a banda drag, mas Bono sentiu que parecia "um pouco insensível, estereotipando os portadores de Aids como gays". O filme em câmera lenta de Mark Pellington de búfalos e girassóis foi considerado artístico demais e mínimo para a MTV. A versão final de Phil Joanou, com Bono fumando pensativo em uma boate de Nova York, era uma lousa em branco que não insistia em um significado.
A música continuou a evoluir durante a turnê Zoo TV, quando Bono introduziu um verso extra, que veio a ele do nada em uma noite na Carolina do Norte em março de 1992. Conhecida pelos fãs como "Hear Us Coming", ela faz uma série de perguntas a Deus, terminando com, "Do you hear us scratching/ Will you make us crawl?" "Isso permite uma chance para a raiva e o foco dessa ira é melhor mantido para a própria religião", disse Bono. "Na Bíblia Hebraica, esse nível de baço é permitido nos salmos imprecatórios: Rei Davi gritando com Deus". Ele uma vez disse que isso transformou "One" em "uma espécie de canção de protesto contra Deus, de um crente": mais uma visão de um pai e um filho.
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